É o fim
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A fórmula de disputa do Brasileiro por pontos corridos, iniciada em 2003 com 24 participantes, se mostrou, com o tempo, um passo à frente na busca da meritocracia no futebol. Com ela, vieram a preocupação com planejamento, a necessidade de um centro de treinamento e o investimento na ciência, só para citar alguns dos avanços. Na fórmula resumida pelo óbvio “todos contra todos”, a competição passou a premiar organização, método, capacidade de investimento e competência.
Mas, apesar dos ganhos técnicos e dos melhorias estruturais, ainda há o que acertar. O rebaixamento de 20% dos participantes (quatro de vinte), sem a possibilidade de um playoff entre o 16° e o 17° colocados ou entre o 17° da Série A e o quarto da Série B, deveria ser pensado.
Seria uma forma de atenuar o peso de um descenso catastrófico, por vezes, até injusto. Vejam o caso do Atletico/MG, por exemplo, com um projeto milionário, correndo risco após ter ido às finais das Copas.
O amadorismo dos árbitros, que dividem o apito com atividades laborais que nada têm a ver com o futebol, é outra questão.
Surreal pensar que a engrenagem que movimenta milhões de reais ainda entrega o controle das partidas a trabalhadores que se dividem entre o apito e o cotidiano de outras atividades trabalhistas. Nas Ligas da Inglaterra, Espanha, Alemanha e França eles recebem salários e participações por jogo para se dedicar exclusivamente à arbitragem dos jogos de futebol.
E há também algo a ser feito para garantir o padrão ético da disputa até a 38ª rodada do campeonato. Não dá mais para ignorar o fato de alguns clubes afrouxarem a preparação dos times visando ao último confronto, apenas para prejudicar um rival.
O último jogo deveria valer bonificação à edição do ano seguinte - um ponto, talvez. Assim, São Paulo e Criciúma mediriam consequência por não escalar os titulares para enfrentar Botafogo e Bragantino, respectivamente.
Em 2025, no ano da 20ª edição dos pontos corridos com 20 clubes, iniciada em 2006, a CBF poderia ao menos discutir o tema.
Título
O Botafogo entra em campo hoje, no Nílton Santos, precisando do simples empate para encerrar o jejum de 29 anos sem conquista do título brasileiro, com atenções voltadas para o comportamento do São Paulo, mero coadjuvante. Simplesmente, porque sua torcida não quer ver o time colaborando indiretamente para a conquista do rival Palmeiras - que precisa vencer o Fluminense. É o fim.