Grupo João Santos prepara retomada
Após credores aprovarem plano de recuperação judicial, conglomerado planeja reativar quatro fábricas até 2026, sendo duas já no próximo ano
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A retomada das atividades de unidades fabris de cimento está na pauta do Grupo João Santos, após seu plano de recuperação judicial ser aprovado por todas as classes de credores na última semana.
A empresa, que é um importante grupo cimenteiro do Brasil, com a marca Cimento Nassau, opera hoje com quatro fábricas, mas já iniciou o processo de retomada das atividades de outras quatro até 2026, sendo duas delas já no próximo ano. O objetivo é recuperar a participação de mercado já ocupada com destaque anos atrás.
A empresa, que é um importante grupo cimenteiro do Brasil, com a marca Cimento Nassau, opera hoje com quatro fábricas, mas já iniciou o processo de retomada das atividades de outras quatro até 2026, sendo duas delas já no próximo ano. O objetivo é recuperar a participação de mercado já ocupada com destaque anos atrás.
A aprovação do plano foi possível após o Grupo ter firmado um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), totalizando passivos tributários na ordem dos R$ 11 bilhões, no maior acordo de transação tributária da história do Brasil.
Após análises e negociações, a dívida foi reduzida para R$ 4 bilhões, dos quais R$ 2,5 bilhões já foram quitados com créditos fiscais. Outros R$ 230 milhões também foram pagos em dinheiro, destinados para a quitação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), contemplando cerca de 22 mil trabalhadores.
Na última terça-feira (05), credores do Grupo participaram de uma assembleia geral, em que 59,91% deles aprovaram o plano de recuperação judicial da companhia.
“A votação alcançada reflete o resultado de intensas negociações com os diversos agentes interessados no conjunto de negócios que integram o Grupo”, afirmou o advogado Gustavo Matos, sócio do Matos Advogados, escritório que conduz o processo.
Segundo João Rogério Filho, da PPK Consultoria, responsável pela estruturação econômica do plano, para cumprir os compromissos será necessário o Grupo João Santos desmobilizar ativos ligados a setores em que atuou no passado, como papel e celulose, sucroenergético e prestação de serviços.
Os copresidentes do Grupo, João Santos, Guilherme Rocha e Nivaldo Brayner, convergem no entendimento de que a decisão “é um importante momento que fortalece o nosso ânimo e confiança na correção das medidas para o enfrentamento aos desafios que ainda se apresentam”.
“Podemos afirmar que um novo tempo chegou para o Grupo. A mudança no Grupo João Santos começou em agosto de 2022, momento em que a gestão foi assumida por executivos de mercado”.
O processo de recuperação judicial teve início em dezembro do mesmo ano. A partir de então, foi realizado um levantamento do patrimônio, dos credores, do passivo e dos ativos.
Com pouco mais de um ano de trabalho, o grupo retomou a operação de duas fábricas, somando quatro em atividade em 2023, o que resultou naquele ano em um faturamento na ordem de R$ 1 bilhão.
Mais de 26 mil credores beneficiados
A expectativa é de que, após a homologação do plano de recuperação judicial, o Grupo João Santos desembolse cerca de R$ 500 milhões em 12 meses para pagar a cerca de 26 mil credores.
Conforme detalha o economista João Rogério Alves Filho, da PPK Consultoria e responsável pela estruturação econômico-financeira do plano apresentado, o acordo foi aprovado por 59,91% dos credores presentes na assembleia realizada.
“A proposta levada pelo Grupo João Santos foi de elevação de 100% no valor a ser pago aos trabalhadores. Foi fruto de uma negociação muito intensa entre a nova gestão do grupo, que assumiu em agosto de 2022, e os sindicatos, advogados e credores. Debateu-se as alternativas e, num processo dialético, chegamos a essa proposta, que foi aprovada”, afirmou.
Alves Filho explica que, a partir do processo recuperacional, mais de 22 mil credores estão em processo de recebimento de todos os seus créditos referentes ao FGTS.
“No total, são cerca de 26 mil, porque tem credor que não é só relacionado a FGTS, mas a outras coisas também, e credor que não está relacionado à questão trabalhista. A expectativa é de que, entre fevereiro deste ano e dezembro do ano que vem, cerca de R$ 500 milhões sejam pagos e pelo menos 24 mil credores já tenham recebido integralmente seus valores”.
Faturamento chegou a R$ 1 bilhão
Mudança de gestão
O Grupo João Santos enfrentou uma mudança de gestão a partir de agosto de 2022 e teve seu processo de recuperação judicial iniciado no final de dezembro daquele ano, quando começou um trabalho minucioso de levantamento do patrimônio, dos credores, do passivo e dos ativos. Com pouco mais de um ano de trabalho, o grupo retomou a operação de duas fábricas, somando quatro em atividade em 2023, o que resultou num faturamento de R$ 1 bilhão.
A perspectiva é de que, no próximo ano, seja realizada a reativação de mais duas unidades fabris, e de outras duas em 2026.
Acordo com a Procuradoria
Em agosto de 2023, o Grupo João Santos fechou acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para a regularização de dívidas de aproximadamente R$ 11 bilhões. Com descontos sobre juros, multas e encargos, a dívida ativa com a União foi reduzida para cerca de R$ 4 bilhões, sendo que R$ 2,5 bilhões já foram pagos com prejuízos fiscais. Outros R$ 230 milhões também foram pagos em dinheiro, valor que foi utilizado para o pagamento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Plano aceito
O plano de recuperação judicial do Grupo João Santos foi aprovado nesta semana, com aval de 59,91% dos credores que estavam presentes na assembleia geral.
Durante a reunião, os representantes do Grupo apresentaram uma nova proposta, que dobrou o valor a ser pago aos credores trabalhistas.
O grupo
As atividades do grupo no segmento sucroalcooleiro foram iniciadas em 1934, na cidade de Goiana, em Pernambuco, ampliando os segmentos de atuação a partir de 1951, com a fundação da fábrica de Cimento Nassau, marca reconhecida nacionalmente. Anos depois, mais cinco fábricas foram incorporadas nos estados do Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Espírito Santo. Depois ampliou a atuação para segmentos de celulose, agronegócios, comunicação, com a Rede Tribuna, e serviços como táxi aéreo e logística.
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