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Saúde

Estimulação cerebral para tratar depressão em casa tem resultados positivos

Equipamento promove a estimulação transcraniana de corrente contínua, que consiste em estímulos elétricos no paciente


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Um equipamento doméstico que promove a estimulação transcraniana para tratamento de depressão apresentou resultados positivos e seguros em novo estudo publicado em 21 de outubro. Os pesquisadores acreditam que a versão doméstica da estimulação transcraniana pode ajudar na adesão e continuidade desse tipo de tratamento.

O brasileiro Rodrigo Machado-Vieira é um dos cientistas que desenvolveu o estudo. Associado ao Centro de Ciências da Saúde na Universidade do Texas, EUA, Machado-Vieira construiu sua carreira no campo da saúde mental, em especial no caso de novos tratamentos para depressão e transtorno bipolar.

O pesquisador explica que, em geral, um terço dos pacientes apresenta resultados positivos em tratamentos convencionais de depressão, outro um terço responde parcialmente e o resto não conta com melhorias. "Em termos de saúde pública, é importante achar tratamentos para esse um terço que não responde a nada", resume.

O pesquisador explica que, em geral, um terço dos pacientes apresenta resultados positivos em tratamentos convencionais de depressão, outro um terço responde parcialmente e o resto não conta com melhorias. "Em termos de saúde pública, é importante achar tratamentos para esse um terço que não responde a nada", resume.

Esse é o objetivo do novo equipamento investigado em um artigo publicado na revista Nature Medicine. Machado-Vieira afirma que o aparelho se assemelha a um capacete com dois polos em diferentes áreas da cabeça do paciente. É por meio desses polos que ocorre a estimulação transcraniana. "A grande novidade é que esse o paciente pode fazer da sua própria casa, ele fica mais autônomo", diz.

Essa vantagem foi um ponto central do novo modelo. Segundo o pesquisador, as versões atuais desse tipo de estimulação transcraniana demanda que o paciente vá a uma clínica especializada por cerca de duas horas de 3 a 5 vezes por semana. "Isso não é muito realístico porque as pessoas trabalham, contam com uma rotina corrida, então não querem se sujeitar ou não tem tempo."

O equipamento promove a estimulação transcraniana de corrente contínua, que consiste em estímulos elétricos no paciente. "A estimulação ativa a produção de neurotransmissores chaves em termos de melhora da depressão, como glutamato e a dopamina", explica o pesquisador. Essa ativação ocorre porque a estimulação despolariza neurônios, o que, por sua vez, resulta na produção dos neurotransmissores.

Outro tipo de estimulação existente é a magnética, mas Machado-Vieira afirma que existem mais estudos sobre essa tecnologia comparado ao modelo elétrico. Além disso, a estimulação elétrica é mais barata.

Um terceiro tipo de estimulação é a profunda. Ela também utiliza correntes elétricas, mas demanda uma neurocirurgia para implantar um equipamento dentro do cérebro da pessoa. Como o estudo buscava desenvolver um dispositivo de fácil acesso e manutenção, a estimulação profunda não fazia sentido por conta do alto custo que envolve a tecnologia.

O estudo contou com 174 participantes divididos igualmente em dois grupos: um experimental, que utilizou o equipamento que proporcionava a estimulação elétrica, e outro placebo, que, sem saber, foi submetido a um aparelho sem efeito real. Os integrantes apresentavam depressão pelo menos moderada.

Por três semanas, os pacientes precisavam realizar cinco sessões semanais. Depois disso, as sessões foram reduzidas para três vezes a cada semana durante sete semanas. Então, os pesquisadores compararam os dois grupos e observaram melhorias no quadro depressivo daqueles que utilizaram o aparelho de fato em comparação ao segmento placebo.

"O nosso estudo pegou desde aqueles pacientes que nunca tinham tomado nada até aqueles ultra resistentes, e a resposta foi parecida nesses grupos", resume Machado-Vieira. O pesquisador adiciona que, para o futuro, a ideia é investigar os efeitos da tecnologia especificamente no caso de pacientes resistentes aos tratamentos convencionais.

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