Entenda a arritmia que causou morte de jogador Juan Izquierdo
Condição pode ser genética ou adquirida após infecção
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O zagueiro Juan Izquierdo, de 27 anos, do time Nacional Uruguai, morreu na última terça-feira (27), após ficar cinco dias internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Ele teve uma parada cardiorrespiratória por conta de uma arritmia durante um jogo contra o São Paulo, pela Libertadores, no Morumbi.
A partida precoce do atleta – que ocorreu 20 anos após a morte do zagueiro do São Caetano, o capixaba Serginho, de 30 anos, também no Morumbi – levantou questionamentos sobre o que é a arritmia cardíaca. A reportagem conversou com especialistas para esclarecer a condição.
Segundo a cardiologista Tatiane Emerich, a arritmia é o batimento anormal do coração, seja irregular, acelerado ou lentificado. “Toda alteração do ritmo do coração é chamada arritmia”, explica.
A arritmia, de acordo com a médica, pode se desenvolver em qualquer idade. “Algumas causas são alterações genéticas, ou seja, a pessoa já nasce com a alteração. Outras são mais frequentes com o avançar da idade, como a fibrilação atrial”.
Os sintomas podem envolver mal-estar, sensação de cansaço e falta de ar, conforme destaca o cardiologista Diogo Barreto.
“São situações em que o coração, devido à frequência muito alterada para cima ou para baixo, leva a sintomas do coração doente. Nem todas são graves. Existem as benignas e as malignas, de grosso modo”.
As benignas, segundo a cardiologista Fernanda Bento, coordenadora da cardiologia do Meridional Serra, não degeneram para os ritmos que levam à parada cardíaca, e as malignas podem levar a uma parada cardíaca.
“Geralmente, as que levam a uma parada cardíaca são em pacientes cardiopatas, com infarto prévio, ou em jovens que têm alteração na parte elétrica do coração. Essas alterações podem ser genéticas ou adquiridas”.
Inflamação no coração (miocardite), treino intenso que altera o coração, distúrbios da tireoide e até apneia do sono estão entre as causas que podem levar à arritmia, segundo Fernanda.
Quando há uma arritmia grave o suficiente para impactar na capacidade de o coração bater corretamente, o cérebro sofre com a falta de um fluxo sanguíneo adequado e pode ter lesões irreversíveis, segundo explica o cardiologista André Cogo Dalmaschio.
O que dizem os especialistas
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Arritmia
Arritmia é um termo genérico para um descompasso do coração. Pode ser tanto para taquiarritmias, com a frequência maior, ou bradiarritmias, com a frequência menor, explica o cardiologista Diogo Barreto.
Causas
A arritmia pode ter várias causas, desde uma alteração na parte elétrica e estrutural do coração, como também por alterações adquiridas, como uma miocardite após uma infecção viral, uma cicatriz causada por um infarto. Segundo a cardiologista Tatiane Emerich, situações como desidratação, exposição a temperaturas extremas, distúrbios eletrolíticos (alterações de potássio e cálcio) também podem causar arritmias.
Distúrbios da tireoide, apneia do sono e, em atletas jovens, atividades intensas - que mudem a estrutura elétrica do coração (coração de atleta), podem causar arritmias, destaca a cardiologista Fernanda Bento.
Diagnóstico
Por meio de avaliação médica, com eletrocardiograma e outros exames.
Tratamento
É feito com medicamentos e, em alguns casos, com o implante de um cardioversor desfibrilador implantável (CDI), aparelho implantado no coração e debaixo da pele que dá choques quando detecta uma arritmia maligna.
Fonte: Especialistas consultados.
Mortes em campo
Miocardiopatia
Em 2004, o zagueiro capixaba Serginho, 30 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória durante uma partida no Morumbi. Ele morreu no hospital.
A causa foi a miocardiopatia hipertrófica, doença hereditária que afeta as paredes do coração, dificultando a circulação sanguínea. O São Caetano perdeu pontos no Campeonato Brasileiro por permitir que Serginho jogasse, apesar do problema.
Morte aos 24 anos
Também em 2004, O húngaro Miklos Fehér, de 24 anos, passou mal durante uma partida entre Benfica e Vitória de Guimarães, no Estádio D. Afonso Henriques, após receber cartão amarelo.
Ele caiu no gramado, foi atendido pelos médicos e levado ao hospital, mas não sobreviveu. A causa da morte, confirmada posteriormente, foi miocardiopatia hipertrófica, a mesma que levou Serginho.
Parada cardíaca
Em 2003, o futebol mundial parou com a morte de Marc-Vivien Foé. Durante a Copa das Confederações, o camaronês de 28 anos sofreu uma parada cardíaca em campo e não resistiu.
Os médicos tentaram reanimar o atleta, ficando mais de 45 minutos no processo. A autópsia revelou miocardiopatia hipertrófica como causa da morte, mesma doença de Serginho.
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