Oitenta mil no ES têm mais de R$ 5 mil em moedas digitais
Esse é o número de contribuintes do Espírito Santo que investem e declaram valores em ativo cripto no Imposto de Renda
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O mercado de moedas digitais chama a atenção não só de quem está começando e aprendendo a aplicar seu dinheiro, mas também de investidores mais experientes. E no Estado cerca de 80 mil já compraram R$ 5 mil ou mais das chamadas criptomoedas.
A estimativa é do especialista em finanças e chefe da mesa de renda variável da Valor Investimentos, Pedro Lang, levando em consideração que, em todo o País, há 4,1 milhões de investidores em ativos digitais que declararam seu patrimônio no Imposto de Renda.
O cálculo leva em conta que declarar ativos cripto só é necessário quando o valor é de R$ 5 mil ou mais e, ainda, a proporção do tamanho da população e da economia do Espírito Santo em relação a todo o País, que é em torno de 2%.
Considerando também valores menores, mais de 10 milhões de pessoas têm algum tipo de participação no mercado de moedas digitais, sendo cerca de 200 mil no Estado, segundo o especialista.
As moedas digitais são representações digitais de valor. O conceito surgiu com a intenção de descentralizar a produção de moedas.
“A ideia foi criar uma espécie de dinheiro eletrônico criptografado que pudesse fluir pela internet sem a dependência de bancos ou de agentes centralizadores”, disse Fabrício Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin. Ou seja, um dinheiro independente dos bancos centrais de todo o mundo.
“Essas moedas podem ser utilizadas na compra de bens e serviços, ou transacionadas entre os participantes da rede, sem possibilidade de censura ou intervenção.”
Cada criptomoeda tem o próprio protocolo, que é responsável por definir seu algoritmo e também estabelecer suas regras de funcionamento, explicou.
A Receita Federal anunciou algumas mudanças para este ano relacionadas à declaração de ativos cripto. Além do valor a partir de R$ 5 mil, outra obrigatoriedade envolve os ganhos obtidos com o investimento nessa classe, que devem ser declarados quando são superiores a R$ 35 mil.
Caso os ganhos sejam maiores que R$ 200 mil, o investidor precisa fazer a Declaração de Imposto de Renda mesmo que tenha um salário na faixa de isenção.
Outras regras para a declaração são que a partir deste ano, um novo código (8040) foi criado para declarar criptomoedas na Declaração de Ajuste Anual (DAA), também a partir de 2024 é preciso informar o CNPJ da corretora onde comprou ou vendeu criptomoedas na DAA, e se recebeu criptomoedas como pagamento por bens ou serviços, é preciso declarar esse valor na DAA, segundo a Receita.
As moedas digitais
As criptomoedas são um tipo de moeda digital criada para funcionar de forma independente, sem o controle operacional de instituições financeiras e governos.
Elas utilizam a tecnologia do blockchain, que substitui o operacional dos bancos por um protocolo computacional de registro das transações.
O sistema pode funcionar de forma centralizada ou descentralizada. No primeiro caso, os servidores e as regras são controlados por uma empresa criadora de moedas digitais, atuando como autoridade central.
Já as decentralizadas atuam em redes na internet. Na prática, usuários emprestam o poder computacional para realizar essas operações de registro em troca de uma fração da criptomoeda, estabelecida pelo próprio protocolo.
Mais de 80 mil já compraram R$ 5 mil ou mais das chamadas criptomoedas. Ao todo são cerca de 200 mil investidores no Estado.
Regras para declaração dos ativos no Imposto de Renda
É necessário declarar criptomoedas a partir do momento em que o investidor gastou R$ 5 mil ou mais para adquirir o ativo. Outra obrigatoriedade envolve os ganhos obtidos com o investimento nessa classe, que devem ser declarados quando são superiores a R$ 35 mil.
Caso os ganhos sejam maiores que R$ 200 mil, o investidor precisa fazer a Declaração de Imposto de Renda mesmo que tenha um salário na faixa de isenção de declaração. Até 2023, a identificação de ativos envolvia códigos para o bitcoin (01), altcoins (02), stablecoins (03), NFTs (04) e outros criptoativos (99).
A novidade agora é que, ao selecionar os códigos de altcoins - criptomoedas alternativas ao bitcoin – e stablecoins, o investidor precisará informar qual é a criptomoeda específica, como ether, XRP, USDT, USDC, BTG Dol, matic ou sol.
Lucro com a venda de criptomoedas continuará a ser tributado neste ano. A alíquota de imposto dependerá do prazo da operação e do tipo de criptomoeda. Mesmo que você não tenha ocorrido nenhuma venda ainda é necessário declarar todas as criptomoedas que você possui.
A partir de 2024, um novo código (8040) foi criado para declarar criptomoedas na Declaração de Ajuste Anual (DAA). É preciso informar o CNPJ da corretora onde comprou ou vendeu criptomoedas na DAA. Se recebeu criptomoedas como pagamento por bens ou serviços, é preciso declarar esse valor na DAA.
Fonte: Receita Federal e pesquisa AT.
Processo promete fazer valor do bitcoin disparar
Um processo promete valorizar o bitcoin. É o halving, forma de a mineração diminuir aos poucos, limitando a oferta do ativo e favorecendo sua valorização. E vai ocorrer num momento em que a demanda por bitcoin está em forte alta.
Próximo ao halving, o bitcoin encerrou março em alta de mais de 16% e acumulava valorização de 72,20% no ano. Na noite do ontem, o ativo era cotado a R$ 354,6 mil.
O processo ocorre a cada 4 anos e reduz à metade a “emissão” de novos bitcoin. Dos 21 milhões de bitcoins que serão “emitidos” - de acordo com a concepção de seu criador, conhecido como Satoshi Nakamoto —, pouco mais de 19,6 milhões, ou 93,6%, já estão em circulação.
O processo deve ocorrer por volta de 24 de abril. A data não é cravada porque o mecanismo é ativado pela identificação do “bloco” que será minerado. Estão programados outros 30 halvings até 2140, quando deverá ser minerado o último bitcoin.
Ativos são revolucionários ou bolha que vai estourar?
O mercado de moedas digitais passa por fortes oscilações que fazem do bitcoin e outras moedas digitais ativos altamente voláteis e que podem gerar desconfiança de quem quer investir em criptomoedas, segundo especialistas. Mas qual o futuro das moedas digitais?
Pesquisa divulgada pela OKX revela que 78% dos brasileiros já consideram as criptomoedas como o futuro das finanças.
Como o setor está em construção, tokens (fichas) ligados à infraestrutura blockchain (cadeia de blocos) tendem a se valorizar, pois atendem a uma demanda crescente no universo cripto, segundo Ayoron Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset.
“Transações rápidas, seguras e econômicas são fundamentais para suportar o aumento de novos usuários no mercado”, afirmou.
Para Beto Fernandes, analista de criptomoedas da Foxbit, a subida do bitcoin costuma alavancar praticamente todas as outras moedas.
Já Harry Dent, historiador americano e analista do mercado financeiro, fez alerta em dezembro de 2023 sobre uma “iminente crise econômica global”, comparando o futuro cenário com a Grande Depressão de 1929–1932.
Ele disse que 2024 será marcado por uma crise devastadora, impulsionada por uma “bolha de tudo” nos mercados de ações, imóveis e criptomoedas.
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