Empresas não preenchem vagas e dão mais benefícios para atrair funcionários
Exemplo da dificuldade de contratar é o setor supermercadista, no qual todas as redes têm um grande número de postos abertos
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Empresas de vários setores vêm tendo dificuldades em preencher vagas de emprego abertas e, como alternativa para atrair profissionais, estão ofertando novos benefícios, como presença premiada, convênios, bolsas de estudo e cartão de premiação, e ampliando os já ofertados.
Fatores como a pandemia, a mudança na forma de pensar o trabalho trazida pela nova geração e a recente estabilidade no mercado formal, com queda no desemprego, tem levado empresas a pensar em diferentes possibilidades para contratar e reter funcionários.
Um exemplo de dificuldade é a do setor supermercadista. Assessor jurídico da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Júnior Fiorotti destacou que todas as grandes redes no Estado tem muitas vagas abertas atualmente.
“Hoje, os supermercados no Estado, sem exceções, não estão com suas vagas completamente preenchidas, porque não tem gente para trabalhar. Isso é público e sabido, a gente tá doido para contratar.”
Uma rede de supermercados do Espírito Santo, para tentar mudar o cenário, em anúncio de vagas para operador de caixa, oferece benefícios como presença premiada, plano de saúde e odontológico, convênio com farmácia, seguro de vida e convênio com faculdade.
Vários segmentos e vários portes de empresas estão adotando diferentes benefícios como incentivo para contratar, segundo Fernando Otávio Campos, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado (Abih-ES) e diretor do Sindicato da Construção Civil de Guarapari (Sindicig).
“Benefícios como academia, por exemplo, já são comuns. E cartão de premiação é outro atrativo, a ponto de empresas de tíquetes terem este produto para empresas.”
Glenda Amaral, presidente da Associação dos Comerciantes da Glória (Uniglória), afirmou que os comerciantes estão vivendo um momento bem delicado em relação à contratação de mão de obra.
“Várias empresas estão oferecendo benefícios e também alimentação e refeição, que não são exigidos na convenção coletiva. Então, várias empresas do ramo oferecem algumas diferenciações para atrair colaboradores”.
Presidente da Associação Comercial da Praia do Canto, Cesar Saade Junior disse que “alguns jovens não têm muito comprometimento com o trabalho e a carreira”.
SAIBA MAIS
Dificuldades
No setor de supermercados, lojas de todas as redes têm muitas vagas em aberto. Segundo Júnior Fiorotti, da Acaps, o Extrabom tem 360 vagas abertas, o Carone tem quase 400, Casagrande tem 250, Perim quase 200, e BH tem quase 300 vagas.
No comércio em geral, o cenário de dificuldade se repete, e o mercado de trabalho está com muitas vagas disponíveis e poucos candidatos.
Novos benefícios
Para atrair e reter trabalhadores, empresas de diferentes portes e setores têm buscado oferecer novos benefícios e ampliar os já oferecidos.
Entre os benefícios estão presença premiada, convênios, bolsas de estudo e cartão de premiação.
Uma rede de supermercados do Estado, em um anúncio de vagas para operador de caixa, oferece benefícios a exemplo de presença premiada (para quem não falta ao trabalho), plano de saúde e odontológico, convênio com farmácia, seguro de vida e convênio com faculdade.
Empresas da construção civil tem oferecido, por exemplo, planos de saúde completos, sendo que o previsto obrigatoriamente são planos de saúde ambulatoriais.
Empresas maiores tratam o trabalho em home office ou mesmo misto como benefício para o trabalhador.
Fontes: Fernando Otávio Campos, Glenda Amaral, Júnior Fiorotti e Cesar Saade Junior.
Redução da jornada tiraria R$ 115,9 bi ao ano da indústria
A redução da jornada de trabalho semanal para 36 horas, em quatro dias por semana - conforme Proposta de Emenda à Constituição apresentada em maio deste ano - pode custar R$ 115,9 bilhões ao ano para a indústria nacional.
O impacto, calculado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), leva em conta os trabalhadores que precisarão ser contratados para manter a produtividade atual das empresas.
Segundo a Firjan, para o cálculo, foi considerada a carga horária média e os custos com salários e encargos trabalhistas, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, que analisa os diferentes setores industriais, o custo total com gastos com pessoal pode aumentar em 15,1%.
A Firjan também pontua que, além do custo, existe o desafio da mão de obra qualificada, citando pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), segundo a qual, a falta ou o alto custo do trabalhador qualificado está entre os três principais entraves que impedem o crescimento sustentado da indústria.
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