X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Cidades

Tabu: mulher que não quer ser mãe sofre preconceito

Invalidação das mulheres que não querem ter filhos tem raiz histórica


Imagem ilustrativa da imagem Tabu: mulher que não quer ser mãe sofre preconceito
Luiza Bazoni: “A opção de dizer não à maternidade ainda é um tabu” |  Foto: Kadidja Fernandes/AT - 25/08/2023

A ideia de que uma família é completa apenas quando há um filho é tão naturalizada que muitos casais nem questionam, criticamente, o desejo por uma criança.

Para as mulheres, o cenário é ainda pior: a pressão familiar e sociocultural ainda faz com que muitas delas se tornem mães para atender a expectativas.

A análise é feita por especialistas ouvidos pelo jornal A Tribuna. Ao negar a possibilidade de ter filhos, a mulher sofre cobranças familiares e sociais. Algumas, até mesmo, vão aos consultórios de psicologia para uma decisão mais clara sobre a maternidade, conta a psicóloga clínica Luiza Bazoni.

“A opção de dizer não à maternidade ainda é um tabu para a sociedade. A mulher que escolhe não ter filhos precisa lidar com a opinião pública e até mesmo acusações como: ‘você está negando sua própria natureza’, ‘você é egoísta’, ‘só pensa no trabalho’, ‘não se importa com a família’”.

A psicóloga da Rede Meridional Rachel Borges defende que é preciso garantir que as mulheres tenham a decisão sobre a maternidade respeitada e validada.

A especialista explica que a invalidação social da decisão da mulher em não ter filhos tem raiz histórica.

“Por muito tempo, a mulher foi criada para ser submissa e seu papel social era cuidar da casa, dos filhos e do esposo. Desconstruir esse padrão de papel atribuído historicamente à mulher não é tão simples. A questão não é se devemos ou não ter filhos, mas se queremos ou não”.

Rachel Borges analisa, ainda, que as mulheres sentem medo do impacto físico e mental da dedicação exigida aos cuidados com um filho. “A sobrecarga na rotina vivenciada pelas mulheres tem forte peso nessa decisão”, acredita a especialista.

Nas últimas décadas, as mulheres estão mais focadas na vida acadêmica e profissional, assumindo cargos mais altos no mercado de trabalho, o que influencia a decisão de não ter filhos, analisa a sexóloga Claudia Marriel.

“Ainda vivemos em uma sociedade patriarcal, mas a nova geração de mulheres está se libertando cada vez mais desses tabus e está assumindo o papel de mulher que pode decidir se quer ou não ser mãe, independente da cobrança da sociedade e viver bem com sua decisão”.

“Estamos bem sem filhos”

Imagem ilustrativa da imagem Tabu: mulher que não quer ser mãe sofre preconceito
|  Foto: Acervo pessoal

A cantora e policial civil Graciella D’ Ferraz, 50 anos, e o empresário Júnior Luiz Costa, 37, decidiram por não ter filhos desde que se conheceram.

“Estamos perto da aposentadoria, quando iremos aproveitar mais e viajar. Estamos bem sem filhos. Eu tenho uma vida muito corrida com minhas duas profissões que, geralmente, são à noite. Acredito que precisamos ter muita abdicação e responsabilidade, ainda mais vivendo num mundo tão perigoso”.

Embora não tenham filhos, Graciella e Júnior contam que convivem e amam crianças.

“Temos nossos sobrinhos e filhos de amigos, que sempre estão na nossa casa. Temos carinho por todos! Criança é uma dádiva, mas as pessoas precisam planejar. Temos de ter seriedade com esse assunto!”, opina.


Confira os mitos

“Casais sem filhos envelhecerão sozinhos”

Pessoas sem filhos devem planejar a sua autonomia na terceira idade e pensar numa rede de apoio. No entanto, pesquisas afirmam que ter filhos não é uma garantia de cuidado.

É preciso desmistificar que só os casais que tiveram filhos terão suporte na velhice, pois é possível passar pela terceira idade com autonomia e qualidade, independente de ter filhos ou não.

Por isso, a ideia de que casais sem filhos envelhecerão sozinhos é um mito.

“Pessoas sem filhos não são felizes”

Pesquisas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, revelam que não existe esta relação. A pesquisa não encontrou diferenças significativas nos níveis de satisfação com a vida, bem como nos traços de personalidade, entre pais e pessoas sem filhos.

Portanto, cada pessoa deve decidir o que trará satisfação, pois a felicidade está no que faz bem a cada um. O que não dá para fazer é tomar uma decisão tão importante com base na opinião alheia.

“Toda mulher nasceu para ter filhos”

Historicamente, o papel social atribuído às mulheres era de cuidar da casa, do lar e da família. Por isso, acreditava-se que toda mulher deveria ter filhos.

Essa ideia, contudo, reflete o preconceito da sociedade patriarcal, que trata a identidade de gênero feminina e a maternidade como indissociáveis, como se mulheres só existissem para ter filhos. Mais do que nunca, essa ideia deve ser combatida. A liberdade de decisão sobre a maternidade é um direito básico das mulheres.

“Casais sem filhos não gostam de crianças”

A escolha por não ter filhos não necessariamente tem uma relação com a afinidade por crianças. Um casal pode optar por viver sem um filho e, ainda assim, gostar de crianças.

A escolha por negar a maternidade e a paternidade, na verdade, tem base social, cultural, econômica e subjetiva. Com o crescimento urbano, o aumento do custo de vida, o maior acesso à educação e ao planejamento social, as famílias grandes tendem a se tornar mais raras.

“Pessoas sem filhos são egoístas”

Nem sempre pessoas sem filhos colocam os próprios interesses, desejos, opiniões e necessidades em primeiro lugar. Alguém que escolhe uma vida sem filhos pode ser generoso, que se dedica aos sobrinhos, aos afilhados, aos pais e aos avós, por exemplo.

Além disso, não há problema em alguém priorizar os próprios desejos a ter um filho. A ideia do egoísmo de alguém sem filhos, como um julgamento, não reflete todas as experiências relacionadas a essa escolha.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: