Consumo de insetos já é realidade em 140 países
Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que 2 bilhões de pessoas no mundo são consumidoras de insetos
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O Brasil ainda caminha com cautela quando o assunto é ingestão de insetos na alimentação. Porém, em outros países, o consumo já é uma realidade mais presente. Pelo menos mais de 140 países consomem insetos.
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Segundo o pesquisador Maurício Antônio Lopes, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estima-se haver mais de 200 milhões de insetos para cada ser humano, o que significa 140 quilos de insetos para cada quilo que cada uma pessoa acumula. “A importância dos insetos para a humanidade é incalculável”.
Maurício explica que ao contrário dos mamíferos e aves, que usam muita energia para se manter aquecidos, os insetos são eficientes conversores de alimento em massa corporal.
Uma das resistências no consumo pode estar no aspecto e textura dos insetos. “O inseto inteiro não são muitas pessoas que irão comê-lo. Agora, se ele estiver, por exemplo, banhado no chocolate ou transformado em farinha, todo mundo come. O aspecto visual é que causa uma estranheza”, afirma o biogastrólogo Casé Oliveira.
SAIBA MAIS
> Entomofagia é a forma como é chamado o consumo de insetos por seres humanos. É predominantemente em partes da Ásia, África e América Latina.
> 2 mil espécies de insetos são consumidas por humanos em 140 países.
> 2 bilhões de pessoas no mundo são estimadas pela Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como consumidoras de insetos.
Consumo de insetos no planeta
Sudeste asiático
Mais de 80 espécies de insetos são apreciadas na Tailândia. Muitos deles podem ser encontrados enlatados, como grilos cozidos, pupas de bicho-da-seda e larvas de bambu. Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas e Vietnã também consomem de 150 a 200 espécies diferentes.
Japão
O inseto comestível mais popular é um gafanhoto da espécie Oxya yezoensis. Chamado de inago, ele é cozido com molho de soja e açúcar e vendido como alimento enlatado.
Europa
Em 2021, foi aprovada pela União Europeia (UE) a venda de alimentos à base de insetos para consumo humano, especialmente com as chamadas larvas-de-farinha. Ano passado, a UE deu luz verde para a venda das larvas do cascudinho em pó, congeladas, em pasta e em formas secas. Já os grilos podem ser vendidos como pó parcialmente desengordurado.
México
O chapulín (gafanhoto) é tão popular que inspirou até um personagem da TV, o “Chapulín Colorado” (ou Chapolin, na tradução para o português). Os mexicanos comem chapulines com sal, limão e pimenta, acompanhando a tortilha ou no chocolate.
Brasil
Um total de 135 espécies de insetos comestíveis é encontrado no País. Os mais consumidos são os himenópteros (ordem das formigas), com 63% do total, seguidos pelos coleópteros (besouros), com 16%, e os gafanhotos e grilos, com 7%. No Parque Nacional do Xingu, insetos são fonte de alimento para diversas etnias indígenas.
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