Ultraprocessado piora depressão, diz estudo
Entre os alimentos que oferecem risco estão biscoitos, refrigerantes, embutidos, macarrão instantâneo, lasanhas prontas e congeladas
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Não é de hoje que profissionais da saúde falam dos malefícios que os alimentos ultraprocessados podem causar à saúde. Obesidade e doenças cardiovasculares estão entre eles, mas os impactos podem ir além.
Estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) aponta que o elevado consumo de alimentos ultraprocessados está relacionado a um risco 42% maior de sintomas depressivos, no grupo pesquisado que mais consumiu esse tipo de alimento.
Foram analisados os dados de cerca de 16 mil adultos, acompanhados desde 2020, que não tinham diagnóstico da doença no início do estudo.
A médica psiquiatra Janine Moscon reforça que há estudos mostrando que pessoas que consomem mais que 30% de suas calorias com alimentos ultraprocessados possuem risco maior de até 80% no desenvolvimento da depressão ao longo do tempo.
“Esses alimentos têm muitas calorias vazias, ou seja, extremamente calóricos, mas pobres em nutrientes. A pessoa pode até estar obesa, mas com carência de várias vitaminas e outros nutrientes. Além disso, quem consome muito ultraprocessado tende a ter um estilo de vida menos saudável, mais sedentário, o que prejudica a produção de substâncias envolvidas na sensação de bem-estar”.
Segundo a psiquiatra, a produção de vários neurotransmissores, como dopamina, serotonina e noradrenalina, depende da ingestão de nutrientes adequados.
“Uma dieta pobre em nutrientes como vitamina B12, ácido fólico, vitamina D, zinco, magnésio, entre outros, prejudicará a síntese dessas substâncias, levando a sintomas como falta de motivação, queda de energia, de produtividade, falta de prazer, apatia, dificuldades cognitivas e, com o tempo, surgem os quadros de depressão”.
Entre os alimentos com maior potencial de causar de depressão, a nutricionista Thamires Favato cita biscoitos, macarrão instantâneo, refrigerantes, embutidos (salsicha, linguiça, mortadela, presunto e peito de peru), hambúrguer industrializado, lasanhas prontas e congeladas, sucos industrializados e sorvetes.
“Os alimentos ultraprocessados são ricos em aditivos químicos como conservantes, adoçantes, corantes e saborizantes, além de açúcares, excesso de sal e gorduras. Estes aditivos podem alterar a flora bacteriana, reduzindo a absorção dos nutrientes importantes e pode reduzir a produção de neurotransmissores e hormônios do prazer”.
Saiba mais
Embutidos não são recomendados
- Ultraprocessados e depressão
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) acompanham desde 2020 os padrões de alimentação da população brasileira, mostrando que o elevado consumo de alimentos ultraprocessados está relacionado à manifestação de sintomas depressivos.
As análises revelam um risco aumentado em 42% para quadros depressivos dentro do grupo no qual esses produtos perfazem quase dois quintos da dieta.
- Pesquisados
Foram analisados os dados de cerca de 16 mil adultos que não tinham diagnóstico de depressão no início do estudo. Os voluntários informaram, por meio de questionários on-line aplicados semestralmente, os principais alimentos consumidos no dia anterior e seu estado de saúde. Assim, foi possível avaliar o papel dos ultraprocessados na dieta de cada participante.
Os pesquisadores dividiram a população entre os que consumiam mais ultraprocessados (38,9% do total de calorias ingeridas no dia) e menos (7,3% das calorias consumidas). Em média, os alimentos do tipo representavam 21,6% da dieta diária dos brasileiros. Ao cruzar essas informações com o questionário sobre saúde, foi constatado que os que faziam parte do primeiro grupo tinham 42% mais sintomas depressivos do que o grupo que menos ingere os alimentos.
- Motivo
A psiquiatra Janine Moscon explica que a produção de vários neurotransmissores, como dopamina, serotonina e noradrenalina, depende da ingestão de nutrientes adequados.
Uma dieta pobre em nutrientes como vitamina B12, ácido fólico, vitamina D, zinco, magnésio, entre outros, prejudicará a síntese dessas substâncias levando a sintomas como falta de motivação, queda de energia, de produtividade, falta de prazer, apatia, dificuldades cognitivas e, com o tempo, surgem os quadros de depressão.
- Alimentos que aumentam risco de depressão:
Biscoitos;
Macarrão instantâneo;
Refrigerantes;
Embutidos (salsicha, linguiça, mortadela, presunto, peito de peru);
Hambúrguer industrializado;
Lasanhas prontas e congeladas;
Sucos industrializados;
Sorvetes.
- Alimentos com ação antidepressiva:
Banana;
Semente de abóbora;
Soja, semente de girassol;
Probióticos como iogurte e kefir, por exemplo;
Chocolate (de preferência com concentração de cacau acima de 70%);
Castanha de caju;
Abacate;
Ovo, carne vermelha e peixes.
Fonte: Folha de São Paulo, especialistas consultados e pesquisa AT.
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