Ministros e aliados de Lula pedem rapidez para julgar Bolsonaro por trama golpista
Advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que o indiciamento dá ao país a possibilidade de reagir aos ataques à democracia
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Ministros e aliados do governo Lula (PT) destacaram a gravidade dos crimes apontados pela Polícia Federal em indiciamento nesta quinta-feira (21), pediram agilidade da Justiça e defenderam que não haja anistia.
Os investigadores encerraram a investigação sobre tentativa de golpe de Estado em 2022 e concluíram que Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas, incluindo Walter Braga Netto (PL), ex-ministro da Defesa e vice em 2022 na chapa derrotada, participaram da trama golpista para impedir a posse de Lula.
O ministro Paulo Pimenta, chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) chegou a dar um prazo ao falar que espera julgamento ainda no próximo ano.
"São crimes muito graves, acusações muito sérias. Devemos agora aguardar manifestação do Ministério Público Federal para ver o entendimento destas pessoas, quais devem ser denunciadas. E, aí sim, virarem réus e, num segundo momento, com certeza ainda no ano de 2025, elas serão levadas a julgamento", disse.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) ainda deve avaliar os indícios levantados pela PF para decidir se denuncia o ex-presidente. Se a denúncia for apresentada, o passo seguinte será a Justiça decidir se torna Bolsonaro réu. Não há prazo para análise dos procuradores, nem para o STF (Supremo Tribunal Federal) levar a julgamento.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que o indiciamento dá ao país a possibilidade de reagir aos ataques à democracia.
"A notícia de indiciamentos pela PF do ex-mandatário e de integrantes do núcleo de seu governo pela prática dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, oferece ao país a possibilidade de concretizar uma reação eficaz aos ataques à nossa democracia, conquista valiosa e indelével do povo brasileiro", afirmou.
Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), defende que o indiciamento de Bolsonaro e do que chamou de "sua quadrilha", instalada no Palácio do Planalto, abre o caminho para que todos venham a pagar na Justiça pelos crimes que cometeram contra o Brasil e a democracia, na tentativa de fraudar eleições, assassinar autoridades e instalar uma ditadura. "Prisão é o que merecem! Sem anistia", afirmou.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES), um dos integrantes da CPI do 8 de janeiro, diz haver "evidente cadeia de comando, liderada por Bolsonaro" nos ataques à democracia, "Considero que a Justiça deve ser implacável e exemplar, para que não haja impunidade", afirma.
Líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE) afirmou que o resultado das investigações aponta para uma real intenção de promover um golpe no Brasil. "A casa caiu. As revelações são muito graves. Claro que tem todo um processo legal a ser seguido. Mas essa gente passou de todos os limites", disse.
O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, diz que "a investigação da PF só confirma a gravidade dos fatos já divulgados". Ele diz ainda que o que aconteceu e está acontecendo no Brasil não pode ser banalizado e nem normalizado, devido à gravidade.
"Mais do que nunca a conjuntura exige muita maturidade do PT que precisa entender a sua tarefa histórica. É urgente a união das forças democráticas para derrotarmos o fascismo e o autoritarismo no país", sugere.
O presidente Lula não se manifestou sobre o indiciamento até o momento. Desde a operação da PF na última terça-feira (19) que revelou a intenção dos golpistas em assassiná-lo, ele falou apenas na manhã desta quinta, rapidamente.
Ele disse que tem de agradecer por estar vivo, após a revelação da Polícia Federal de um plano golpista em 2022 que planejava assassiná-lo.
"Sou um cara que tem que agradecer agora muito mais porque eu estou vivo. A tentativa de envenenar eu e o [Geraldo] Alckmin não deu certo, estamos aqui", disse.
O presidente disse ainda que é preciso construir país "sem perseguição, sem estímulo do ódio, sem estimulo da desavença".
Lula prosseguiu com recados a Bolsonaro, investigado na condição de mentor nas iniciativas golpistas: "Não quero envenenar ninguém, não quero nem perseguir ninguém. Quero é que, quando terminar meu mandato, a gente desmoralize com números aqueles que governaram antes de nós".
"Quero medir com números quem fez mais escolas nesse país, quem cuidou mais dos pobres, quem fez mais estrada, mais ponte, mais salário mínimo. Isso que quero medir, isso que conta no resultado da governança", afirmou.
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