Quando a cidade vira a sala de aula
Na Escola Monteiro, os estudantes aprendem os conteúdos dos livros também em visitas a espaços públicos de Vitória e até de fora do Estado
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A cidade pode ser uma grande sala de aula, sabia? O aprendizado para além do espaço escolar é uma realidade em instituições de ensino da Grande Vitória, e a Escola Monteiro, localizada na capital, é um exemplo.
“Rompemos os muros da escola para um ambiente que gere prazer e que contextualize os conteúdos ensinados. São muitas fontes que favorecem o conhecimento. Saímos do livro para uma vivência real”, comentou Penha Tótola, diretora pedagógica da instituição.
Na disciplina de Educação Física, por exemplo, é desenvolvido um trabalho de movimento corporal e os alunos treinam na praia. Já as aulas de ioga podem acontecer no auditório e quadra escolares, e também ao ar livre, em deques da Praça do Papa.
O ambiente dos deques ainda é positivo para outros usos: conta com a vista do Convento da Penha, o que permite o desenvolvimento de matérias relacionadas à colonização do Espírito Santo, iniciada exatamente do outro lado, na Prainha, em Vila Velha.
Kelly Carraretto, professora do 5º ano, aproveita o espaço para ensinar conteúdos aos estudantes Antônia Schimidt, Daniel Adalto, Marina Adnet, Luciano Vasconcellos e Bernardo Fabris.
E não para por aí. Para deixar momentos de contação de histórias mais interessantes, a escola leva os alunos para uma praça que fica localizada na proximidade.
A vizinhança também esconde outra “sala de aula” encantadora: uma das sedes do Projeto Tamar. Acompanhados de professores, alunos fazem visitas ao local, que é uma organização que atua na preservação das tartarugas marinhas.
Além das saídas práticas de aula que acontecem no dia a dia letivo, Penha contou que existe o projeto “estudo do meio”, que acontece do primeiro ano do ensino fundamental ao ensino médio.
“O estudo do meio é uma saída em que trabalhamos, a cada ano/série, diferentes temáticas e que agregam valor. Para o quinto ano, por exemplo, é feita uma visita no centro histórico de Vitória. Eles aprendem sobre o que faz parte da história da capital. Passam pelo Teatro Carlos Gomes, viaduto Caramuru, escadaria Maria Ortiz”.
A diretora disse que foram promovidas diversas vivências com foco em desbravar e tornar o estudo mais interessante. No projeto, alunos já viajaram para fora do Estado, inclusive. O Nordeste e as cidades de Mariana e Ouro Preto, em Minas Gerais, foram alguns destinos. “São muitas possibilidades ao longo dos 55 anos da escola”.
Maior interesse pelo assunto e facilidade para entender
O ensino em ambientes além da sala de aula é bastante positivo para os estudantes, afirmaram especialistas entrevistados.
“Os alunos encontram mais facilidade no entendimento do conteúdo, desenvolvem habilidades de observação, alcançam uma visão mais ampla do mundo e de toda sua diversidade, além de trabalharem diferentes formas de expressão”, comenta a neuropsicopedagoga Thais Cruz.
Edebrande Cavalieri, especialista em Avaliação de Sistemas Educacionais, diz que qualquer proposta que melhore o ambiente da aprendizagem produzirá bons frutos.
“A contextualização da aprendizagem tem papel determinante no processo de aprender. Ao mesmo tempo, é preciso que todo o ambiente seja atraente, aconchegante, estimulante, prazeroso. Aprender é um ato de desvendar o mundo com todo nosso corpo e não apenas com o cérebro”, ressalta.
Para a psicopedagoga e neuropsicopedagoga Vanessa Cavalcante, a excursão pedagógica é uma das mais positivas ferramentas metodológicas.
"Quando o aluno compreende o conteúdo por meio de metodologias mais leves e divertidas, como é o caso das excursões e passeios pedagógicos, a assimilação acontece de maneira mais assertiva e fica apreendida na memória", diz.
"São maneiras de proporcionar um ensino mais prático e também mais prazeroso. Nas excursões o estudante tem a oportunidade de ter uma experiência única de vivenciar um aprendizado progressista, que consiste em entender na prática alguns conteúdos", finaliza a profissional.
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