Sinais da doença autoimune revelada por jovem atriz
Hepatite autoimune é uma enfermidade rara. O sistema de defesa do organismo ataca as células do fígado, causando inflamação
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Você sabe o que é a hepatite autoimune? A doença ganhou destaque nas redes sociais recentemente após a atriz Pérola Faria, de 33 anos, compartilhar com os internautas que foi diagnosticada pela enfermidade.
Nesse contexto, médicas explicaram para A Tribuna sobre os sinais, riscos, assim como os tratamentos para a doença.
“A hepatite autoimune é uma inflamação do fígado causada pela produção de anticorpos pelo próprio organismo contra as células do fígado. É mais comum em mulheres jovens, mas pode afetar todas as idades e também os homens”, comentou a hepatologista Mariana Pacheco.
A profissional explicou que essa doença não é contagiosa, pois não é causada por vírus, bactéria ou qualquer outro microorganismo que possa ser transmitido de pessoa para pessoa.
A respeito dos sinais e sintomas, a hepatologista Ana Carolina Pimentel disse que eles variam. “Podem ser desde assintomáticos (sem sintomas), sintomas leves a severos, e geralmente são inespecíficos tais como fadiga, anorexia, náusea, dor abdominal e coceira. Pode causar dores em pequenas articulações e lesões cutâneas”.
A médica comentou que um terço dos pacientes com hepatite autoimune já têm cirrose no diagnóstico e que 30% a 50% de pessoas com hepatite autoimune podem desenvolver cirrose no curso da doença.
“Esses pacientes com cirrose por hepatite autoimune podem se apresentar com sinais e sintomas da doença hepática crônica descompensada também, com inchaço nas pernas, ascite (barriga d'água) e icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos)”.
A hepatologista Caroline Alcure, que faz parte da equipe de transplante hepático do Hospital Meridional, afirmou também que, em alguns casos, a hepatite autoimune pode evoluir muito rapidamente, provocando insuficiência hepática aguda. E com a disfunção do fígado, se torna necessário o transplante do órgão.
A enfermidade não tem cura, mas há tratamento efetivo. “Ele é combinado, utilizando dois imunossupressores, prednisona e azatioprina, com objetivo de reduzir inflamação hepática e evitar progressão para fibrose e cirrose hepática”, afirmou Caroline.
“Sei que jovens já vieram a óbito”, diz atriz
Em um vídeo publicado no Instagram, a atriz Pérola Faria contou, emocionada, sobre seu diagnóstico de hepatite autoimune.
De acordo com a atriz, ela percebeu alterações no fígado há dois anos. Em julho, ela recebeu um diagnóstico. “Quanto mais eu me informava, mais eu me assustava, por saber que era uma doença silenciosa, que já levou vários jovens a óbito por não ter tratamento adequado”, comentou.
Ela disse que muitos exames foram necessários para que os médicos entendessem seu caso.
“Aproveitei para fortalecer mais ainda a minha fé e iniciei o meu tratamento com doses altas de corticoide, para diminuir a agressão que o meu fígado estava sofrendo há dois anos”.
Pérola Faria também comentou sobre reações no corpo por conta desse período complicado: disse ter ficado com acne, inchaço e olhos vermelhos.
“Mas tratei de ficar mais bonita, me fazer bem e agradecer todos os dias por ter tido uma chance de tratamento que ainda vai durar quatro anos. Então, eu preciso ser feliz nesse processo”, disse.
No final, a atriz deixou uma mensagem inspiradora aos seguidores. “Não importa o problema que você carrega, não seja refém dele. Viva sua jornada com amor e compartilhe sua história”.
Fique por dentro
Hepatite autoimune
O que é
É uma doença crônica, rara, autoimune. O sistema de defesa do organismo ataca as células do fígado, causando inflamação. Ela pode levar à morte.
Mulheres, jovens e pessoas com outras doenças autoimunes são mais predispostas a terem a enfermidade.
Segundo a hepatologista Mariana Pacheco, a causa para essa doença é a autoimunidade. A pessoa já nasce com um gene que predispõe a produção de anticorpos contra algum órgão, e nesse caso, é o fígado.
Sinais
A hepatologista Ana Carolina Pimentel afirmou que os sintomas variam. Podem ser assintomáticos, mas também leves a severos. Geralmente, são inespecíficos tais como fadiga, anorexia, náusea, dor abdominal e coceira.
Pode ainda causar dores em pequenas articulações e lesões cutâneas.
Ana Carolina comentou que existem pacientes que têm apresentação mais grave. Procuram atendimento com quadro de insuficiência hepática aguda caracterizado por icterícia , ascite, distúrbio de coagulação e dependendo até alterações neurológicas. Mas é incomum.
Riscos
Pode causar insuficiência hepática aguda e evoluir para cirrose hepática e câncer de fígado, por exemplo.
Tratamento
Não tratada, a doença apresenta mau prognóstico, com taxas de sobrevida em 5 e 10 anos de 50% e 10%, respectivamente. Até 40% dos pacientes com doença grave não tratada evoluem para óbito dentro de seis meses do diagnóstico e há evolução para cirrose hepática em ao menos 40% dos sobreviventes.
Fonte: Especialistas consultadas na reportagem e pesquisa AT.
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