Hidrolipo: entenda os riscos da cirurgia para tirar gordura
Paciente de 31 anos morreu após fazer uma hidrolipo. Especialistas falam sobre normas de segurança necessárias para o procedimento
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Dois dias após a morte da design de sobrancelhas Paloma Lopes Alves, de 31 anos, após realizar a hidrolipo – um procedimento para retirar gordura do corpo – em uma clínica em São Paulo, A Tribuna ouviu especialistas para entender o que é essa cirurgia e os seus principais riscos.
Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica da Regional Espírito Santo (SBCP-ES), José Armando Faria Junior explica não haver diferença entre esse tratamento e a lipoaspiração tradicional.
“A hidrolipo nada mais é do que a lipoaspiração em que se infiltra um volume maior de soro. Até há uma diferença, mas não é técnica. A hidrolipo deve ser feita em etapas, uma área do corpo por vez, muitas vezes sob anestesia local, e, às vezes, em consultório, o que por vezes aumenta o risco do procedimento”, conta.
José Armando Faria Junior destaca que a restrição ao procedimento acontece quando não se segue todos os parâmetros de segurança na cirurgia. Algumas dessas normas incluem um anestesista presente e uma estrutura adequada para casos de emergências.
“O que esse episódio reforça é que não se pode brincar com segurança em cirurgia. É preciso respeitar todos os conceitos do pré-operatório, parâmetros de segurança, limite do corpo e tem também que respeitar o paciente”.
O cirurgião plástico Rodrigo Rizzo explica que a hidrolipo possui os mesmos riscos de uma lipoaspiração convencional. Eles podem variar de uma infecção até a morte. Porém, o médico diz que, se feita em ambiente adequado, com profissional que tenha qualificação em cirurgia, os riscos diminuem.
“É fácil entender que as pessoas querem algo menor, ou pagar menos ou até fugir de um ambiente hospitalar. Mas é preciso entender que elas estão se colocando em uma posição de risco de vida”.
Rodrigo Rizzo também alerta que uma avaliação prévia do paciente é indispensável. A cirurgia é contraindicada para pacientes com doenças cardiovasculares, doenças crônicas descompensadas ou distúrbios de coagulação.
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Hidrolipo e lipoaspiração
A hidrolipo, também conhecida como minilipo, ficou popular pela possibilidade de ser realizada em consultório, com menor valor financeiro, retorno mais rápido para casa e anestesia local.
Cirurgiões plásticos explicam que, resumidamente, não há diferença técnica entre ela e a lipoaspiração.
Riscos
Uma hidrolipo é uma cirurgia e como qualquer outra cirurgia há riscos envolvidos.
Muitas coisas podem dar errado durante o procedimento. Por exemplo, a pessoa pode ter uma reação anafilática ao medicamento, ou seja, uma reação de alergia grave que pode levar à morte.
Existe a possibilidade de ocorrer uma infiltração nos vasos sanguíneos da adrenalina utilizada no procedimento. Isso pode acarretar em repercussão cardíaca, levando, até mesmo, a morte. Principalmente, se a pessoa tiver problema de saúde prévio em seu histórico e ele não tiver sido investigado.
Infecções e hematomas também são riscos da cirurgia.
O que precisa ter
Para diminuir os riscos, há alguns requisitos que são indispensáveis. Um deles é que a cirurgia de hidrolipo só deve ser realizada em um ambiente de centro cirúrgico, seja ele um hospital ou uma clínica.
O profissional que realiza a cirurgia deve ter uma formação cirúrgica, ou seja, precisa ter o registro de cirurgião.
Suporte de emergência para atender qualquer tipo de risco é fundamental. Alguns exemplos são: monitor cardíaco e aparelho desfibrilador. Isso é uma regulamentação do Conselho Federal de Medicina.
Caso o local onde você pretende fazer sua cirurgia não tenha esse suporte, a recomendação é abandoná-lo imediatamente.
É recomendado
Não é obrigatória a presença de um profissional anestesista durante a cirurgia, mas é recomendado.
Cuidado
Conhecer o profissional e fazer exames prévios podem salvar sua vida. Não confie em um médico que não busque o histórico do paciente previamente.
Fonte: Profissionais da área consultados na reportagem.
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