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Saúde

Mais adultos descobrem autismo após os 50 anos

Acesso reduzido a serviços de saúde e menor conhecimento dos profissionais em anos anteriores são alguns dos motivos


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Imagem ilustrativa da imagem Mais adultos descobrem autismo após os 50 anos
A atriz Letícia Sabatella chegava a passar mal com muito barulho |  Foto: Reprodução/Instagram

Apesar de ser uma condição identificada na maioria das vezes ainda na infância, mais adultos, até mesmo após os 50 anos, estão recebendo o diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA), segundo médicos.

Recentemente quem revelou ter recebido o diagnóstico de TEA foi a atriz Letícia Sabatella, aos 52 anos. Durante a entrevista dada a um programa nacional, a atriz disse que chegava a passar mal com tanto barulho e receber o diagnóstico “foi libertador”.

Mas por que muitos adultos têm descoberto o autismo tão tardiamente? Segundo a neurologista Soo Yang Lee, muitas vezes o diagnóstico é feito por meio do acompanhamento dos filhos com TEA.

“Como existe um padrão genético, os pais começam a observar as próprias características. Muitas vezes, o TEA passa, no adulto, como excesso de timidez ou traço de personalidade, ou de uma pessoa cheia de manias, eventualmente, até sincera demais”, afirma a médica.

O neurologista Thiago Gusmão, especialista em Autismo e mestre em Análise do Comportamento Humano, explica que no Brasil está tendo diagnósticos mais tardios, acima dos 30 anos, porque há uma nova classificação que ampliou, de forma mais clara, os critérios de diagnóstico do TEA.

“Muitos dos diagnósticos no adulto, principalmente na mulher, não ocorrem ainda na infância por causa do mascaramento dos traços autistas, chamados de camuflagem social. A camuflagem é quando a pessoa não deixa os sintomas do autismo muito evidentes. A camuflagem faz com que os diagnósticos na adolescência e na vida adulta sejam de ansiedade, depressão, alterações de humor e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), comorbidades associadas ao TEA”.

Thiago ressalta que a maior parte das mulheres adultas com autismo é tratada pelas comorbidades, como depressão, ansiedade e distúrbios do sono, e não é visto o autismo de base.

A neurologista Ana Cláudia de Souza Andrade, especialista em transtornos do neurodesenvolvimento, frisa que a recomendação é que a triagem para o TEA aconteça na primeira infância, por volta dos 2 anos de idade, a fim de garantir uma intervenção precoce para melhorar o desenvolvimento e a vida das crianças e de sua família.

“No passado, havia uma série de situações que desfavoreciam o diagnóstico, como menor acesso da população a serviços de saúde mental e neurologia, menor conhecimento dos profissionais que assistiam as crianças (pediatras, professores e pais) sobre as características do TEA, além de uma classificação nos manuais de diagnósticos mais restrita e subdividida em outras síndromes”.

Saiba mais

Desconforto social e sinceridade excessiva

Sinais do TEA em adultos

- No adulto, pode ficar mais evidente, segundo a neurologista Soo Yang Lee, o desconforto da vida em sociedade e a sinceridade excessiva, dificultando a convivência. Às vezes, pode haver uma excessiva falta de tato, comportamento obsessivo e manias.

Níveis de TEA

- Nível 1: Conhecido como “autismo leve”, este é o mais brando e é caracterizado por dificuldades na interação social, bem como comportamentos e interesses restritos. Há timidez, introspecção, dificuldade de afeto e vínculo. Não tem prejuízos importantes pedagógicos. A atriz Letícia Sabatella está nesse nível.

- Nível 2: é considerado moderado e se caracteriza por dificuldades na comunicação e interação social.

- Nível3: é o mais grave, conhecido como severo. Normalmente, possuem uma deficiência mais severa nas habilidades de comunicação, tanto verbal quanto não verbal.

Diagnóstico

- Os adultos podem apresentar comprometimentos menos óbvios e os sinais e sintomas do TEA podem ficar obscuros por outras condições como transtorno de ansiedade social, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno esquizoafetivo, segundo a neurologista Ana Cláudia.

Tratamento em adulto

- A terapia é relacionada ao comportamento social, segundo o neurologista Thiago Gusmão, sempre avaliando a parte emocional, o sono e a ansiedade.

Fonte: Especialistas citados e pesquisa AT.

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