Nasa lança missão para explorar lua de Júpiter com potencial de vida fora da Terra
Missão deveria ter sido lançada na semana passada, mas foi adiada por causa do furacão Milton
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A Nasa lançou na tarde desta segunda-feira, 14, uma missão que busca descobrir sinais de vida alienígena em uma das luas geladas de Júpiter. A missão deveria ter sido lançada na semana passada, mas foi adiada por causa do furacão Milton.
A nave Clipper deve levar aproximadamente cinco anos e meio para chegar à Europa, um dos misteriosos satélites de Júpiter. Sob uma espessa camada de gelo, a lua esconde um vasto oceano subterrâneo. A presença de água é um dos principais requisitos para a existência de vida e, por isso, eventuais descobertas dessa missão podem alterar fundamentalmente o que sabemos sobre a vida no Sistema Solar.
"Se nós descobrirmos vida tão longe do Sol, isso significa que houve um segundo momento de surgimento da vida, além daquele que ocorreu na Terra", explicou o microbiologista planetário Mark Fox-Powell, da Open University. "Isso é muito importante porque se a vida surgiu em pelo menos dois momentos distintos em nosso Sistema Solar, pode significar que a vida é algo realmente comum no Universo."
Localizada a 628 milhões de quilômetros da Terra, Europa é um pouco maior que a nossa Lua, mas o tamanho é uma das únicas similaridades entre os dois satélites. Se Europa estivesse em nosso campo de visão, em nosso céu, ela pareceria cinco vezes mais brilhante que a Lua porque o gelo reflete muito mais a luz do Sol.
A camada de gelo que envolve o satélite de Júpiter tem 25 quilômetros de espessura, sob a qual estima-se que exista um vasto oceano de água salgada. É possível que essa água abrigue elementos químicos que são os principais ingredientes para o surgimento de vida.
A primeira suspeita de que Europa poderia abrigar alguma espécie de vida alienígena foi nos anos de 1970, quando observações feitas por telescópio revelaram a presença de gelo no satélite.
As naves Voyager 1 e 2 fizeram as primeiras imagens em close-up da lua de Júpiter. Em 1995, a nave Galileo conseguiu novas fotos muito intrigantes. As imagens mostravam uma superfície crivada de rachaduras, que poderiam conter compostos de sal e enxofre necessários para a ocorrência de vida.
O Telescópio Espacial Hubble vem fotografando Europa desde então e capturou imagens do que parecem ser jatos de água que alcançam 160 quilômetros acima da sua superfície. Mas, nenhuma dessas missões chegou perto o suficiente da lua, nem ficou por lá tempo suficiente para entender o significado dessas descobertas.
Agora, com os modernos instrumentos carregados na nave da Nasa, cientistas esperam mapear a lua inteiramente, bem como coletar partículas de poeira e fazer alguns voos através dos jatos de água.
Professora de ciências da terra e da atmosfera na Universidade de Cornell, nos EUA, Britney Schmidt contribuiu no desenvolvimento do instrumento a laser a bordo, que ajudará a enxergar através da camada de gelo.
"Estou muito animada para entender esse sistema subterrâneo de Europa. Onde está essa água?", questionou a especialista. "Será que Europa tem uma versão gelada das camadas subterrâneas da Terra? Nós vamos tentar enxergar essas regiões e mapeá-las."
O instrumento a laser, chamado de Reason, foi testado no gelo da Antártida. Mas, diferentemente do que ocorre na Terra, em Europa todos os instrumentos a bordo da Clipper serão submetidos a altas doses de radiação. A nave deve fazer cerca de 50 sobrevoos e, a cada vez, será atingida por um volume de radiação equivalente ao de um milhão de raios X.
Empurrão gravitacional
A Clipper é a maior espaçonave já construída com o objetivo de visitar um astro distantes. Inicialmente a nave vai orbitar a Terra e, depois, Marte, para ganhar impulso em direção a Júpiter. A nave não tem capacidade para levar todo o combustível de que precisa e, por isso, precisa contar com esse "empurrão" gravitacional da Terra e de Marte. A Clipper deve ultrapassar a Juice - uma nave da Agência Espacial Europeia que também passará por Europa a caminho de uma outra lua de Júpiter, Ganimedes.
Embora os cientistas estejam muito entusiasmados com a missão, eles garantem que não há nenhuma chance de encontrar vida inteligente.
"Nós estamos buscando por condições de habitabilidade. Para isso, precisamos encontrar basicamente três coisas: água em estado líquido, uma fonte de energia e material orgânico", explicou Michelle Dougherty, do Imperial College de Londres, em entrevista à BBC. "Esses três ingredientes principais precisam estar em condições estáveis por um período de tempo longo o suficiente para que alguma coisa possa acontecer."
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