Brasileira é xingada em ataque xenófobo em aeroporto de Portugal
Vídeo das agressões viralizou nas redes sociais
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Uma brasileira de 35 anos foi alvo de ataques xenófobos em um aeroporto da cidade do Porto, em Portugal. Um vídeo feito pela vítima mostra uma mulher, que se identifica como "portuguesa de raça", chamando-a de "porca" e dizendo para ela ir "para sua terra".
A brasileira, que não quis ser identificada, disse ao site Gazeta Bragantina que o ataque ocorreu enquanto ela esperava um voo para Barcelona, na Espanha, onde trabalha e mora atualmente. As ofensas teriam começado após uma mala de uma amiga da portuguesa cair sobre o seu pé na escada rolante.
A vítima teria dito "ai, doeu", o que irritou a portuguesa. "É problema seu", respondeu a agressora, segundo relato da brasileira. Então, a mulher começou com os ataques xenófobos.
"Você pode filmar o que você quiser. Você pode pôr na internet. Olha aqui a minha carinha", grita a agressora no vídeo divulgado nas redes sociais. "Sua porca! Vai para a sua terra. Eu sou portuguesa de raça. Você que é brasileira, que vá para a sua terra. Estão invadindo Portugal, essa raça de filha da puta." Veja vídeo abaixo.
E ainda dizem que o discurso da extrema-direita em Portugal fica só na retórica xenófoba de palanques:
— Marcela Magalhães (@MagaMarcela1) November 6, 2023
Realidade:
“Sou Portuguesa de raça! Você que é brasileira: volta pra sua terra! Estão invadindo Portugal essa raça de filhas da puta!” pic.twitter.com/EkifCSw1G4
Durante o ataque, a vítima diz que irá processar a portuguesa e divulgar o caso à imprensa. A brasileira conta que chegou a acionar um segurança do aeroporto, mas que a agressora não se intimidou.
A brasileira mora há 7 anos na Europa e conta que nunca passou por nada parecido. "Pretendo tomar providências para que isso não volte a acontecer, não apenas comigo, mas com todos os brasileiros que vivem e que trabalham aqui", disse ela ao Gazeta Bragantina.
O relato engrossa um número crescente de queixas do tipo. No ano passado, a questão chegou a ser reconhecida pela ministra de Assuntos Parlamentares de Portugal, Ana Catarina Mendes, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Os relatos de xenofobia contra brasileiros em Portugal acompanham o crescente interesse pelo país europeu. Em 2022, atingiu-se o recorde de 239.744 brasileiros residindo legalmente no país —mas a cifra não inclui quem tem dupla cidadania nem os que estão em situação irregular.
Diante da escassez de mão de obra no país, sobretudo nos setores de turismo e serviços, o Parlamento português aprovou no ano passado um programa que amplia e facilita a concessão de vistos de trabalho a cidadãos dos países da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), incluindo brasileiros.
Graças ao mecanismo, desde março deste ano, já houve mais de 140 mil documentos emitidos. Os brasileiros fizeram 74,5% do total de pedidos, tendo já mais de 104 mil cidadãos com a situação migratória regularizada ao abrigo do novo documento.
A regularização em massa —que beneficiou principalmente quem estava em Portugal havia mais de um ano— fez o número de brasileiros legalmente residentes no país ibérico atingir o valor mais elevado da série histórica: 393 mil pessoas, o que representa um aumento de 63,9% em relação ao ano anterior.
Ao mesmo tempo, aumentam os relatos de xenofobia e preconceito. Em um dos casos com mais repercussão, a atriz brasileira Giovanna Ewbank foi gravada discutindo com uma mulher no restaurante Clássico Beach Club, na Costa da Caparica, após seus filhos serem vítimas de racismo.
Os ataques ocorrem também nos ambientes acadêmicos. Em maio, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na qual em 2019 um grupo colocou uma caixa com pedras com a indicação "grátis para atirar em um zuca [brazuca]", voltou a ser palco de xenofobia.
Numa reunião, o aluno Hélder Semedo chamou seus colegas brasileiros de burros por insistirem em ir a Portugal e disse que os autores de uma carta entregue à comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "de fato mereciam levar com uma pedra". Na ocasião, a direção da faculdade afirmou ter aberto um processo disciplinar para avaliar a conduta do aluno.
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