Veja como reduzir dívida no cartão com nova regra a partir de 1º de julho
Novidade é troca do débito com a portabilidade, de forma gratuita, o que permite negociar com outro banco novas taxas
Escute essa reportagem
A partir de 1º de julho, quem tem dívidas no rotativo do cartão de crédito poderá fazer a portabilidade gratuita do saldo devedor de uma instituição financeira para outra que ofereça melhores condições para o pagamento.
As novas regras foram regulamentadas pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no final do ano passado, com a resolução sobre o limite de juros para o crédito rotativo e a fatura parcelada em 100% do valor da dívida, que entrou em vigor no começo deste ano.
O número de usuários com dívidas de cartão não foi informado pelo Banco Central, mas dados do ano passado mostravam que cerca de 500 mil usuários de cartão de crédito no Espírito Santo atrasam por pelo menos 90 dias o pagamento do cartão, segundo o diretor de economia da Associação Nacional de Executivos (Anefac), Roberto Vertamatti.
Segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito varia de banco para banco, e pode ir de 0,38% ao mês até 22,95% ao mês.
A resolução prevê que, na migração da dívida do cartão, a instituição que oferecer uma proposta ao cliente deve fazer isso por meio de uma operação de crédito consolidada, forma pela qual será apresentada como será feita a reestruturação da dívida.
As regras indicam que a instituição onde originalmente o cliente contraiu a dívida pode apresentar uma contraproposta, desde que as condições sejam iguais ou melhores do que as de seu concorrente.
“A portabilidade é um mecanismo onde posso transferir uma dívida que tenho com instituição financeira A, e posso transferir para instituição B, C ou D, aquela que vai me dar uma melhor condição”, explicou o economista Ricardo Paixão.
O economista e diretor-geral da Faculdade Capixaba de Negócios (Facan), Marcelo Loyola Fraga, disse que a portabilidade é extremamente vantajosa para o cliente, uma vez que a redução da dívida pode cair pela metade. “Os cuidados que o cliente deve ter neste tipo de portabilidade é pedir ao banco para onde a dívida será transferida, uma simulação de como ficará o saldo devedor, o prazo para pagamento e o valor das parcelas para avaliar se compensa”.
Entenda
Como sair da cilada do rotativo com a nova regra?
Os clientes com dívidas no cartão de crédito rotativo, a linha de crédito mais cara do mercado, poderão fazer a portabilidade gratuita do saldo devedor de uma instituição financeira para outra a partir de 1º de julho.
No caso da portabilidade das dívidas do cartão de crédito, ficou definido que a proposta da instituição proponente deve ser realizada por meio de uma operação de crédito consolidada.
A instituição credora original que realizar uma contraproposta deve apresentar ao cliente, no mínimo, uma proposta de operação de crédito consolidada de mesmo prazo da operação proposta pela instituição proponente, para fins de comparabilidade dos custos.
Cuidados ao fazer portabilidade
Os cuidados que o cliente deve ter neste tipo de portabilidade é pedir ao banco para onde a dívida será transferida, uma simulação de como ficará o saldo devedor, o prazo para pagamento e o valor das parcelas para avaliar se compensa.
Caso compense, o saldo devedor do cartão será quitado pelo banco para onde vai a dívida, e o cliente passa a pagar a este banco.
Ajuda para tirar dúvidas
O economista Ricardo Paixão disse que em muitos dos casos, o consumidor não tem condições técnicas para poder avaliar o que é melhor, mas que pode procurar, por exemplo, o Conselho Regional de Economia do Estado (Corecon-ES), presencialmente, por telefone ou e-mail, para tirar dúvidas de forma gratuita.
Rotativo
O cartão de crédito rotativo é a linha de crédito mais cara do mercado e deve ser evitada. O crédito é acionado por quem não realiza o pagamento o valor total da fatura na data do vencimento.
Em abril, de acordo com informações do Banco Central, os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo somaram de 423,5% ao ano.
Os números também mostram relativa estabilidade nas concessões (novos empréstimos) no rotativo do cartão de crédito. Em abril, foram contratados R$ 30,5 bilhões nessa modalidade de crédito. Patamar pouco acima à média de 2022 (R$ 28,38 bilhões por mês) e de 2023 (R$ 30 bilhões por mês).
Nova regras
Entre as novas regras, estão que as faturas de cartão de crédito deverão passar a ter informações a exemplo de uma área de destaque, onde deve estar apenas as informações essenciais para a tomada de decisão pelo titular da conta: valor total, data de vencimento da fatura do período vigente e limite total de crédito.
Uma área para alternativas de pagamento, onde deve estar apenas as informações que possibilitem ao titular da conta pós-paga comparar as opções disponibilizadas para liquidar sua dívida; nessa área, devem estar, exclusivamente, as seguintes informações: valor do pagamento mínimo obrigatório.
Também foi determinado que as emissoras de cartão de crédito ainda deverão enviar gratuitamente ao titular da conta, por meio de canais eletrônicos, informações sobre: o vencimento da fatura, com pelo menos dois dias de antecedência.
As consequências do eventual não pagamento do valor obrigatório indicado na fatura, do atraso no pagamento, bem como orientações para acesso às informações sobre as formas e opções disponíveis para a liquidação; entre outros.
Fonte: Banco Central, Ricardo Paixão, Marcelo Loyola e G1.
Empréstimo é outra forma de diminuir valor devido ao banco
Pegar um empréstimo para quitar uma dívida, como as do cheque especial ou do cartão de crédito, que possuem as mais altas taxas de juros do mercado, é uma possibilidade bem vantajosa.
Segundo o economista Ricardo Paixão, o consumidor tendo uma margem razoável em outra instituição financeira, é válido fazer essa troca de dívida.
“Por exemplo, alguém que tem uma dívida de R$ 1 mil, se pegar um empréstimo numa determinada instituição financeira com custo menor, paga toda a sua dívida e fica com a dívida nessa outra instituição, mas com um custo bem menor”, explicou.
Solicitar um empréstimo junto a uma instituição segura e tomando os devidos cuidados pode ser a melhor alternativa.
“Pegar um crédito no consignado em folha, que é um empréstimo que tem um custo operacional bem menor do que os outros empréstimos tradicionais, é muito válido, mas isso tem que ser avaliado com muito critério”, disse.
Padronização dos extratos é outra mudança dos bancos
Os bancos associados à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) irão padronizar as nomenclaturas dos extratos bancários a partir de 8 de julho. Segundo a entidade, a medida abrange inicialmente as várias denominações existentes para as operações de saque e depósito e posteriormente outros tipos de transação serão incluídos.
Em nota, o diretor-adjunto de serviços da Febraban, Walter Faria, disse que atualmente, os bancos usam mais de 4 mil tipos de nomenclaturas diferentes em suas operações, o que cria diferenças significativas entre os bancos para um mesmo tipo de operação financeira. “A iniciativa vai universalizar as informações, trazendo mais compreensão ao cliente sobre a operação que ele realizou”.
Comentários