Minas Gerais vai produzir o “ouro do futuro” a partir de abril de 2024
Imãs de terras raras são usados em carros elétricos, turbinas eólicas e outros equipamentos de alta tecnologia
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O Brasil deve começar a produzir imãs de terras raras, chamado por alguns de “ouro do futuro”, a partir de abril de 2024. Esses imãs são usados em turbinas eólicas, motores de carros elétricos e equipamentos eletrônicos e, atualmente, mais de 90% são fabricados na China.
Os imãs serão produzidos no Laboratório de Produção de Ímãs de Terras Raras (Labfab ITR), da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge).
A unidade foi adquirida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) num investimento em torno de R$ 35 milhões.
O laboratório tem capacidade de fabricar 100 toneladas de imãs por ano, com previsão de expansão.
No primeiro ano de operação, a estimativa é que sejam produzidas cinco toneladas de imãs e, a partir do segundo ano, esse número deve subir para 15 toneladas.
Esse total vai aumentar gradualmente a cada ano para atender a demanda de Minas Gerais, mas também para a necessidade nacional e, no futuro, a internacional.
“A estrutura vai permitir que as indústrias tenham acesso a ímãs de altíssima tecnologia que serão fonte alternativa de abastecimento. Uma equipe de profissionais está sendo preparada e a expectativa é que o laboratório entre em operação em abril do ano que vem, deixando Minas Gerais na vanguarda de terras raras”, afirmou o presidente da FIEMG, Flavio Roscoe.
Na transição para energias limpas, capazes de estancar as mudanças climáticas, o Brasil está atraindo investimento bilionários em terra raras.
O País concentra a terceira maior reserva do mundo, atrás da China e quase empatado com o Vietnã em meio à valorização dessas matérias-primas. Mas o País corre o risco de tornar-se apenas mais uma vez exportador dessa matéria-prima.
Conceito
As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos presentes no subsolo. Mas é difícil extrair frações de toneladas de terra ou rocha.
Exploradas no Brasil desde 1886, as terras raras eram tiradas de areia monazítica na faixa litorânea do Sul da Bahia ao Rio de Janeiro. Agora, virão de argila iônica, em regiões onde, há milhões de anos, havia vulcões.
País tem uma das maiores reservas
Dono de uma das maiores reservas minerais do mundo, o Brasil é visto como um País com grande potencial para a exploração de terras raras, matéria-prima estratégica para o impulsionar a transição energética. Apontados como o “ouro do futuro”, os minerais raros levam esse nome por serem de difícil extração, mas podem ser encontrados com abundância no País, que fica atrás apenas da China no ranking de capacidade de extração.
Com características únicas, como alta capacidade de condução de calor e eletricidade, magnetismo ou absorção e emissão de luz, os minerais raros são essenciais para a produção de celulares e motores de carros elétricos. As terras raras também são muito utilizadas em imãs permanentes e aplicadas em grande parte das tecnologias de geração de energia verde, passando por geradores eólicos, painéis solares, além de equipamentos médicos catalisadores e aplicações na indústria aeroespacial.
Segundo dados do Serviço Geológico Americano, a China controla 61,97% da produção de terras raras e até 95% de seu refino, embora possuísse 37% das reservas internacionais desses minerais. Além disso, em razão do mercado desses elementos ser mais restrito, o Estado chinês detém o controle de praticamente toda a comercialização global.
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