Governo estuda aumentar a quantidade de etanol na gasolina
Ideia é saber se mudança afeta veículos que não são flex. Pelo fato de o álcool ser mais corrosivo, especialistas veem chance de riscos
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O governo federal avalia a viabilidade técnica de aumentar a quantidade de etanol na gasolina. A questão principal é saber se a mudança pode ou não prejudicar os veículos que não são bicombustível, ou seja, flex.
Um projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados neste ano já prevê que o percentual de álcool no derivado de petróleo, que atualmente é de 18% a 27,5%, passe para de 22% a 35%. A proposta chama-se Combustível do Futuro, que ainda precisa passar pelo Senado.
Há mudança prevista também para o diesel, com aumento do biodiesel, misturado ao de origem fóssil, cujo percentual atual é de 14% e, pelo texto aprovado na Câmara, chegaria a 20% em março de 2030. A adoção do percentual superior a 15% também depende de avaliação técnica.
O estudo foi prorrogado por mais 90 dias pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, conforme publicado nesta quinta-feira (20) no Diário Oficial da União (DOU).
Mesmo com o grupo de trabalho ganhando prazo maior para apresentar o documento com a conclusão ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Espírito Santo (Sindirepa), Diego Receputi, acredita que pode haver prejuízos para os carros que não são flex.
“Pode ser que, com esse aumento da porcentagem de etanol, aumente também a depreciação de algumas peças, como catalisador, jogo de velas, módulo”, afirmou.
Segundo ele, é preciso avaliar bem o que acontece com o carro, já que ele foi projetado para ser usado de uma forma e vai ser alterada a característica do combustível.
Ele observa que a mudança também pode aumentar o consumo, embora o preço para abastecer deva ficar menor. “A preocupação é a questão ambiental mesmo. Estão querendo fazer um combustível mais limpo”, acredita.
O engenheiro mecânico Leonardo Tannure Nemer calcula que, aumentando as manutenções e trocas de peças, também será necessário aumentar a produção de peças, o que também vai consumir mais energia, devido ao aumento da atividade na indústria.
Outra consequência é a perda de autonomia, já que o álcool queima mais rápido, dizem especialistas.
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Projeto
A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto Combustível do Futuro, que prevê, entre outras medidas, aumento do etanol na mistura com a gasolina. Ele foi apresentado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em setembro do ano passado, e trata da mobilidade sustentável de baixo carbono. Ainda falta passar pelo crivo do Senado.
Etanol
Segundo o projeto, o percentual de etanol, de 18% a 27,5% válido atualmente passaria a ser de 22% a 35%.
Biodiesel
Em relação ao biodiesel, misturado ao diesel de origem fóssil, o percentual atual é de 14% e, pelo texto aprovado na Câmara, chegará a 20% em março de 2030. A adoção do percentual superior a 15% também depende de avaliação técnica.
Estudo
Um grupo de trabalho está elaborando o relatório final sobre a viabilidade técnica das mudanças. O prazo para apresentação do documento ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) foi prorrogado em três meses (90 dias).
A adoção da mudança, segundo o governo, depende da viabilidade técnica, ou seja, que não prejudique os automóveis que não são flex. Para o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado do Espírito Santo (Sindirepa), Diego Receputi, é preciso avaliar, já que o etanol é mais corrosivo e pode criar problemas.
Fonte: Governo Federal, Câmara, Senado
Maioria é a favor do fim dos combustíveis fósseis
A maior pesquisa de opinião pública independente sobre mudança climática, feita pelas Nações Unidas, revela que 80% das pessoas no mundo querem que seus governos tomem medidas mais fortes para enfrentar a emergência global.
Mais que isso: 86% dos entrevistados pela People’s Climate Vote feita pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (Pnud) querem que seus países deixem de lado as diferenças geopolíticas e se juntem na proteção do clima e adaptação aos impactos.
“É um nível de consenso surpreendente dado o contexto mundial atual de conflitos e de nacionalismo em alta”, diz o comunicado distribuído à imprensa.
As pessoas que vivem nos países que mais produzem combustíveis fósseis no mundo são favoráveis a uma transição rápida para o abandono dessas fontes. Isso acontece em oito dos dez maiores produtores de petróleo do mundo. Os brasileiros apoiam (81%) a transição rápida sendo que dois terços das pessoas ouvidas no Brasil (61%) disseram que querem que esse distanciamento aconteça muito rapidamente.
A pesquisa ouviu 73 mil pessoas em 77 países e de 87 idiomas diferentes. Todos os 77 países em que a pesquisa foi realizada representam total de 87% da população global.
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