Conta de R$ 5 mil no cartão de crédito vira dívida de R$ 1 milhão
Valor se multiplicou em 3 anos e meio em que MEI deixou de pagar a fatura. Nova lei impede que débito seja maior que o dobro do original
Escute essa reportagem
Imagine uma dívida de R$ 5 mil no cartão de crédito saltar para R$ 1 milhão em três anos e meio. Foi o que aconteceu com uma influenciadora digital de 28 anos. Em meio a pandemia, Thaynná Bastos tomou uma decisão: sair do emprego.
“Eu sou MEI (Microempreendedora Individual). Em 2020, tive um burnout (esgotamento profissional) e tive que optar por parar de trabalhar”, contou.
Com a grana curta, ela – que vive no Rio de Janeiro – optou por não pagar mais a conta de seu cartão de crédito. A primeira parcela que deixou de pagar foi em novembro de 2020, em torno de R$ 1.500. Em dezembro, gastou mais, só que perdeu o cartão e deixou a conta de lado. Seu limite era de cerca de R$ 7 mil.
Todo mês ela monitorava a fatura e foi vendo sua dívida passar para R$ 53 mil em junho de 2022, R$ 70 mil em agosto e R$ 80 mil em setembro e decidiu renegociar.
Ao entrar no setor de renegociação do aplicativo da instituição financeira, viu que não tinha condições e a dívida continuou crescendo, com juros sobre juros. Esse imbróglio foi compartilhado em seu perfil no TikTok. O vídeo que mostra as faturas viralizou.
No Estado, centenas de pessoas estão diante de uma bola de neve e recorrem aos órgãos de defesa do consumidor, geralmente quando os valores são inferiores a R$ 100 mil, ou à Justiça, quando é superior. Elberson de Lima Cabral, coordenador do Procon de Cariacica, conta que 95% das queixas que chegam ao setor de tratamento de dívidas é de cartão de crédito.
George Alves, vice-presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil seccional capixaba (OAB-ES) e superintendente do Procon de Vila Velha, também disse que há vários casos no Estado.
Mas ele explicou que dívidas a partir de janeiro deste ano contam com um “teto”, considerando as novas regras que limitam os juros rotativos a 100% do valor original da dívida. “Antes, não havia esse limite. Por exemplo, em novembro do ano passado a taxa de juros do cartão no País chegou a 420% porque não tinha regulamentação”.
Sendo assim, por exemplo, uma dívida de R$ 500, com juros sobre juros, não pode custar mais de R$ 1.000. “A intenção dessa norma é coibir essa taxa de juros abusiva”.
Dívida por alimentação
Débito multiplicado por cinco
Sem emprego por seis meses na pandemia, um servidor público, que tem 55 anos, teve que recorrer ao cartão de crédito para garantir a alimentação da família. O seu limite no cartão era de R$ 8 mil, mas quando ele percebeu estava com uma dívida no valor de R$ 10 mil.
Como sempre fez questão de honrar com os seus compromissos financeiros, ele procurou o banco para renegociar. Foi aí que em maio de 2021 começou a pagar R$ 850 por mês, parcelamento que vai até outubro de 2026, totalizando R$ 55.250.
Já empregado, recentemente ele procurou o banco para tentar quitar as pendências, mas levou um susto. “Achava que eles iriam cobrar de R$ 4 mil a R$ 4,5 mil, mas disseram que poderia pagar no dinheiro R$ 19.850. Foi uma facada. Não tenho como pagar. Estou sem saber o que fazer”.
Fique atento
Como posso renegociar a dívida do meu cartão?
Você pode parcelar a sua fatura, com taxa de juros menor, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS).
Então, faça as contas e veja qual valor de parcela cabe no seu orçamento. Não se esqueça de incluir nos próximos meses o valor das parcelas e os outros gastos que você já tem.
O parcelamento pode ser solicitado ao emissor do cartão até a data de vencimento da fatura.
Ao parcelar a fatura, o seu cartão continua ativo e o limite de crédito é restabelecido a medida que as parcelas são pagas. Funciona como uma compra parcelada!
Agora, se a sua fatura já está vencida e você quer liquidar a dívida, entre em contato com o emissor do cartão.
Comentários