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Economia

Bolsa registra queda puxada por Vale e Petrobras; dólar fecha estável

Mineradora foi afetada também por um forte declínio dos contratos futuros do minério de ferro no exterior


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A Bolsa brasileira registrou mais uma queda nesta segunda-feira (11) pressionada pelas ações da Vale e da Petrobras, as duas empresas de maior peso do Ibovespa, que enfrentaram temores sobre interferências políticas em suas gestões na última semana.

A mineradora foi afetada, ainda, por um forte declínio dos contratos futuros do minério de ferro no exterior. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia com recuo de 5,41%.

Com isso, a Vale terminou o dia em baixa de 2,72%, enquanto a Petrobras teve queda de 1,30% nas ações preferenciais (sem direito a voto) e de 1,95% nas ordinárias (com direito a voto). Os três papéis ficaram entre os mais negociados da sessão.

Já o Ibovespa recuou 0,75%, aos 126.123 pontos.

"A Bolsa brasileira cai com um cenário de incertezas que parece tomar conta de parte do mercado, principalmente com possíveis intervenções do governo em empresas como a Petrobras e a Vale, as duas empresas mais pesadas do Ibovespa", diz Anderson Silva, chefe de renda variável e sócio da GT Capital.

A Vale anunciou na sexta (8), após o fechamento do mercado, que seu conselho de administração decidiu que o atual presidente Eduardo Bartolomeo não vai ser reconduzido ao cargo. O mandato do executivo, no entanto, que seria encerrado em maio, foi prorrogado por seis meses, segundo a Folha de S.Paulo apurou.

A decisão encerra um período marcado por um racha no conselho, que divergiu por meses sobre a permanência ou troca de Bartolomeo. Ocorre também depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fazer fortes críticas públicas contra a Vale, que foram recebidas como ameaças contra a companhia.

Já a Petrobras chegou a apresentar leve recuperação no pregão desta segunda. As ações operaram em alta durante boa parte do dia, mas passaram a cair perto do fim do pregão, após uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a companhia.

Em entrevista ao SBT, Lula afirmou que a Petrobras precisa pensar nos brasileiros, não somente nos acionistas da empresa, e disse que o governo precisa trabalhar para baixar os preços da energia. O trecho foi divulgado no site da emissora, e a íntegra da entrevista deve ser exibida nesta noite.

A queda das ações da Petrobras nesta segunda aprofunda ainda mais a crise dos papéis da companhia, que perdeu R$ 55 bilhões em valor de mercado na última sexta (8), após decisão do conselho de administração de não pagar dividendos extraordinários relativos ao quarto trimestre de 2023.

Após o anúncio, o papel foi rebaixado por bancos como Santander e Bank of America. Com o resultado desta segunda, a Petrobras acumula queda de quase R$ 64 bilhões em valor de mercado desde o anúncio sobre dividendos.

A decisão de não pagar os dividendos extraordinários teria sido uma demanda sobretudo dos indicados pela gestão petista, segundo a agência de notícias Bloomberg.

Cinco membros do conselho nomeados pelo governo votaram contra os dividendos extras, com um sexto diretor que representa os trabalhadores, disseram pessoas que acompanham a empresa.

Segundo a agência de notícias Reuters, essa decisão partiu do próprio Lula, pois o governo quer que a empresa use para investimentos o dinheiro que seria destinado à remuneração extra aos acionistas. A notícia causou temor entre investidores sobre interferência política na gestão da petroleira.

Em meio ao forte declínio da Petrobras, empresas menores do setor de petróleo lideraram as altas nesta segunda. A 3R Petroleum e a PetroReconcavo avançaram mais de 1% no pregão.

Para Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, o mercado deve seguir monitorando papéis que possam ser alvo de interferências governamentais.

"Nesse momento talvez a gente veja uma fuga um pouco mais intensa de papéis que de alguma forma possam sofrer influência do governo, até que se tenha um pouco mais de clareza de como o Executivo deve se comportar no que se diz respeito à gestão das estatais. Onde o governo tiver influência, o mercado vai ficar um pouco mais atento para realmente decidir o que fazer", diz o operador.

No câmbio, o dólar terminou o dia com variação negativa de 0,05%, praticamente estável cotado a R$ 4,978, em meio a expectativa pelos dados de inflação desta semana.

O índice de preços ao consumidor dos EUA, que será divulgado na terça-feira, deve mostrar alta de 0,4% em fevereiro sobre o mês anterior e permanecer em alta de 3,1% na base anual. Já o núcleo do índice deve avançar 0,3%, reduzindo o ritmo anual para 3,7%.

Os dados, que virão após um relatório de empregos misto do governo dos EUA na sexta-feira passada, pode ajudar a direcionar apostas sobre o início do afrouxamento monetário do Federal Reserve, que se reúne na semana que vem para definir a política monetária.

"O mercado parece estar em um tom de aguardo de mais dados, principalmente americanos, que é quem vai determinar a dinâmica de juros aqui no Brasil", diz Lourenço.

Já Silva, da GT Capital, destaca que o recente recuo no mercado brasileiro pode ser uma oportunidade para investidores de longo prazo aumentarem suas posições em Bolsa.

"O mercado americano parece ter cansado do movimento forte de alta e pode fazer uma correção. É importante ficar atento a reação do nosso mercado a essa possível correção", afirma Silva.

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