Médicos explicam como reduzir gordura no fígado
Especialistas indicam mudança no estilo de vida, com alimentação equilibrada e atividade física regular
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Mais da metade (60%) dos adultos brasileiros apresentam excesso de peso, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).
Recentemente, dado do Núcleo Especial de Atenção Especializada (Neae), da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), apontou que sete em cada 10 pessoas atendidas nas unidades de saúde do Estado, ou seja, 70%, estão com sobrepeso.
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Tanto a obesidade como o excesso de peso são fatores de risco para a esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado.
Silenciosa e que, se não tratada, pode evoluir para um câncer no fígado, estima-se uma prevalência de 44,4% da doença hepática gordurosa na população da América Latina.
Médicos ouvidos pela reportagem explicam o que fazer para reduzir a gordura no fígado.
Entre as medidas apontadas pela hepatologista Ana Carolina Pimentel estão controle da obesidade, da diabetes, da hipertensão arterial e da dislipidemia (elevação de colesterol e triglicerídeos), por meio de medicamentos específicos para cada uma destas condições.
“O tratamento mais indicado depende em que fase o paciente se encontra da doença hepática e outras associadas que possui”.
Também é preciso, segundo a médica, mudança do estilo de vida, com alimentação equilibrada e atividade física regular. “Não são recomendados suplementos alimentares e medicações sem registro dos órgãos de vigilância e sem orientação médica”, ressalta.
O tratamento da doença hepática gordurosa, de acordo com Ana Carolina, é muldisciplinar , envolvendo profissionais de diferentes especialidades como hepatologista (médico especialista em fígado), endocrinologista, cardiologista, nutricionista, entre outros.
Gustavo Peixoto, cirurgião do aparelho digestivo e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), ressalta que a maioria dos casos de gordura no fígado é reversível com mudança de hábitos, dieta e perda de peso.
“Medicações que promovem a redução de gordura visceral também são muito úteis. A cirurgia bariátrica é muito eficiente no controle da doença hepática gordurosa de origem metabólica. Já casos avançados e extremos podem necessitar até mesmo de transplante do fígado”, alerta.
O médico destaca que, independente do tratamento escolhido, a mudança do estilo de vida é essencial para o sucesso a longo prazo.
“Não tinha sintomas”
Foi após perder 33 quilos que a dona de casa e salgadeira Tânia Débora Vieira da Cunha, de 64 anos, descobriu a esteatose hepática, a gordura no fígado.
Há 10 anos, Tânia precisou retirar um tumor do cérebro, surgindo algumas comorbidades, como sobrepeso. Ela, então, perdeu peso, reduzindo até a quantidade de medicação que ingeria.
Em um check-up, por meio da elastografia hepática, procedimento que utiliza o ultrassom para medir a elasticidade do fígado, a doença foi descoberta.
“Não tinha sintomas e nem dores. Fui fazer um exame de ultrassom a pedido da médica para verificar meu organismo e descobri a doença. Nunca bebi e nem tenho hepatite. Hoje, faço acompanhamento médico, me alimento bem e durmo bem”.
30% dos casos podem evoluir para inflamação
Diabetes, aumento do colesterol ou triglicerídeos e consumo excessivo de álcool também estão entre as causas para o aparecimento da esteatose hepática, destaca a hepatologista Ana Carolina Pimentel, que traz ainda um dado preocupante.
“Entre 20% a 30% dos casos de esteatose podem evoluir para esteatohepatite (inflamação do fígado pela gordura). Sem tratamento, podem progredir ao longo dos anos para cirrose e câncer de fígado”, alerta.
Segundo a médica, a doença hepática gordurosa é a principal causa de doença hepática crônica no mundo. Para que seja diagnosticada, é preciso fazer exames de imagem.
“Hoje, dispõe-se do exame de elastografia hepática, que contribui no diagnóstico precoce sem que o paciente tenha alterações ao ultrassom”, ressalta.
SAIBA MAIS
Esteatose hepática
popularmente conhecida como “gordura no fígado”, é um problema de saúde que acontece quando as células do fígado são infiltradas por células de gordura.
É normal haver presença de gordura no fígado, no entanto, quando este índice chega a 5% ou mais, o quadro deve ser tratado o mais brevemente possível.
Classificações da doença
Alcoólicas: Provocadas pelo consumo excessivo de álcool (regular ou esporádico).
Não alcoólicas: Provocadas por hábitos e estilos de vida inadequados.
O excesso de peso é atualmente uma das principais causas da esteatose hepática não alcoólica, sendo responsável por 60% dos casos de gordura no fígado.
Fonte: Ministério da Saúde.
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