Energético aumenta risco de ansiedade e depressão, aponta estudo
Especialistas explicam que os estimulantes provocam liberação de neurotransmissores excitatórios, causando efeitos comportamentais
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O que é uma solução para se manter “acordado” tem a possibilidade de ser negativo para o organismo. Atenção, pais: o consumo de bebidas energéticas por crianças e adolescentes pode fazer mal à saúde mental.
Isso é o que apontou uma revisão científica publicada pela revista Public Health. O estudo encontrou ligações entre o consumo de energéticos e o risco aumentado de depressão, pânico, pensamentos suicidas e ansiedade.
Na ação, foram avaliados 57 trabalhos publicados entre 2016 e 2022, e que abrangeram mais de 1,2 milhão de crianças e adolescentes com origem em 16 países. Ao jornal A Tribuna, especialistas explicaram sobre os malefícios da bebida para jovens e adultos.
A médica psiquiatra Karen Calixto afirmou que energéticos são substâncias com propriedades excitatórias do sistema nervoso que quando usadas em grandes quantidades podem ter efeitos adversos.
No caso da questão mental, ela explicou que os estimulantes presentes na bebida provocam a liberação de neurotransmissores excitatórios no cérebro, causando efeitos comportamentais.
“Se a dose utilizada for excessiva pode trazer diversos efeitos adversos, incluindo sintomas psiquiátricos. Pessoas com ansiedade pré-existente podem ser mais suscetíveis a esses efeitos”.
A profissional ressaltou que crianças e adolescentes estão sujeitos a um risco maior de intoxicação com energéticos por terem o peso corporal menor que o de adultos. Porém, não se sabe ao certo os efeitos a longo prazo para o cérebro em desenvolvimento.
Já o psiquiatra Valber Dias Pinto afirmou que na fase em que o cérebro está em desenvolvimento (até 25 anos), qualquer substância psicoativa pode modificar o amadurecimento de forma negativa.
A psiquiatra Letícia Maria Akel deu um alerta aos adultos: além de não consumir energético em excesso, é fundamental não misturá-lo ao álcool. A interação entre eles pode aumentar a atividade do sistema nervoso e provocar mal-estar, arritmia e palpitações, piorando síndrome do pânico e insônia.
Uma das pessoas que gosta de tomar energético é a designer de cílios e sobrancelhas Daya Reis, 37. Ela disse que consome por conta da atividade física e do trabalho.
FIQUE POR DENTRO
O estudo
> Pesquisadores analisaram dados de 57 estudos, que acompanharam informações de mais de 1,2 milhão de crianças e jovens ao redor do mundo.
> Publicada na revista Public Health, a revisão científica identificou que a ingestão excessiva de energéticos poderia desencadear alterações psicológicas como ansiedade, sintomas depressivos, estresse grave e aumento do risco de pensamentos suicidas.
> Os estudiosos também constataram uma relação entre o consumo de energéticos e a pressão alta, problemas dentários, índice de massa corporal (IMC) acima da média e palpitações cardíacas.
Consumo de energético
> Karen Calixto, médica psiquiatra, afirmou que o consumo esporádico de energéticos e em doses baixas pode trazer consigo benefícios para pessoas saudáveis.
> Há pessoas, no entanto, que devem evitar a ingestão desse tipo de bebida mesmo em doses baixas, principalmente aquelas com arritmias cardíacas e transtornos ansiosos.
Energético e álcool
> De acordo com a nutricionista Gabriela Rebello, energéticos podem mascarar os efeitos do álcool, fazendo com que as pessoas se sintam mais alertas e menos embriagadas do que realmente estão.
> Isso pode levar a um aumento do consumo de álcool, resultando em intoxicação grave e riscos para a saúde, como desidratação, comportamento de risco e até overdose de álcool.
> Gabriela afirmou que a combinação de substâncias estimulantes (como a cafeína nos energéticos) com depressores do sistema nervoso central (como o álcool) pode colocar uma tensão adicional no coração e no sistema nervoso, aumentando o risco de complicações cardiovasculares.
> Letícia Maria Akel, psquiatra, afirmou que a junção pode piorar quadros como a síndrome do pânico e a insônia.
Fonte: Pesquisa AT e especialistas consultados.
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