O livro fala e a alma responde
Artigo de Manoel Goes Neto, publicado no jornal A Tribuna
Comemorado o Dia do Professor em 15 de outubro, agora é a vez de celebrarmos o Dia Nacional do Livro, em 29 de outubro. E, fechando o mês, em 31 de outubro, comemoraremos o dia Nacional do Poeta. Vivemos bons tempos na produção literária e vendas de livros no Espírito Santo e em todo o País, após anos de grandes dificuldades, graças aos editais federais, estaduais e municipais de incentivo à cultura.
A data para a celebração do Dia Nacional do Livro foi escolhida em homenagem ao dia em que foi fundada a Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1810. Dois anos antes, em 1808, a família real, por pressão da invasão napoleônica, transferiu-se para o Brasil, trazendo cerca de 60 mil volumes da Biblioteca Real.
Instalados na nova capital, no Rio de Janeiro, Dom João VI e seus ministros criaram, entre os demais empreendimentos, a Biblioteca Real, atual Biblioteca Nacional no Rio.
A evolução dos livros é longa, cheia de mistérios e surpresas. A trajetória desse artefato, que foi inventado pelo homem para que letras, códigos, palavras pudessem viajar no tempo e no espaço, é fascinante.
Várias formas de fabricação, modelos, edições e formatos que ao longo de toda a jornada humana foram testados e reinventados.
Os livros nos levam, desde os tempos da Alexandria, nos campos de batalha de Alexandre, e também à Vila dos Papiros, onde o vulcão Vesúvio, com suas lavas, fez sepultura. A viagem prossegue e o livro que temos hoje toma novas formas, passando pelos palácios de Cleópatra.
Avançando muito na linha do tempo, podemos registrar as primeiras bibliotecas com suas oficinas de cópias manuscritas. Temos um grande evento a ser comemorado: o importante reconhecimento mundial de que o Rio de Janeiro será, a partir de 2025, a Capital Mundial do Livro, título concedido pela Unesco.
Pela primeira vez, uma cidade de língua portuguesa (lusófona) irá receber esse título mundial. E o Rio de Janeiro vai assumir essa missão no dia 23 de abril de 2025.
O objetivo de escolher anualmente a Capital Mundial do Livro é fortalecer e democratizar o acesso à leitura, com foco especial em jovens e em comunidades mais vulneráveis, com desenvolvimento de programas e atividades que promovam o livro e a leitura.
Por isso, estamos vivenciando, aqui no nosso Estado, uma grande produção literária com muitos salões e feiras literárias, muito bem organizadas e obtendo grande sucesso a cada edição. Exemplo disso foi a 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada em setembro, consagrada a maior edição dos últimos 10 anos, que recebeu 800 mil visitantes, superando em 10% o público do evento em 2022.
A leitura de um bom livro é um diálogo incessante, na qual o livro fala e a alma responde. Incentivem o hábito da leitura, principalmente junto às crianças e aos jovens. Prestigiem a literatura contemporânea brasileira produzida no Estado, lendo nossos autores, que são excelentes. Deem livros de presente!
MANOEL GOES NETO é escritor, produtor cultural e diretor no Instituto Histórico e Geográfico do Espirito Santo (IHGES)