Precisamos proteger nossas crianças
Coluna foi publicada nesta quinta-feira (24)
Mais de 1 bilhão de crianças em todo o mundo sofrem algum tipo de violência anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A agressão pode ser física, psicológica ou sexual, e causa sequelas que podem se estender por toda a vida. Há tempos essas ocorrências deixaram de ser casos isolados que ganhavam visibilidade midiática e chocavam toda a população como crimes incomuns.
Dói só de ver as notícias e a quantidade de crianças vítimas de abusos de todos os tipos. Violência sexual em que nem os bebês escapam, agressões físicas que levam à morte, sacrifícios em rituais e outras maldades constam entre as atrocidades.
Casos que acontecem, na maior parte, dentro dos próprios lares, onde essas crianças deveriam encontrar segurança. Mas, ao invés de as protegerem, membros da própria família se tornam algozes.
Muitos casos só chegam ao conhecimento das autoridades quando a violência já alcançou as piores consequências, e não há mais o que fazer para salvar a criança. No tocante à Justiça, ainda há muito o que avançar para que os criminosos sejam responsabilizados com rigor e não tenham chance de voltarem a cometer crueldades.
Como boa parte desses crimes são praticados por pais e padrastos, a Justiça dificulta o afastamento do genitor. Mesmo diante das justificativas e provas, não é fácil conseguir uma medida protetiva de urgência para afastar filhos de pais agressores.
Nesse cenário ameaçador, é difícil imaginar como pessoas da família, como mães, avós, tios e outros entes próximos, se omitem ou não se atentam aos sinais, tantas vezes tão claros, que as vítimas esboçam, ainda que em silêncio. Por que essas crianças não confiam nessas pessoas a ponto de não pedirem ajuda? Por que as redes que deveriam ser de apoio são tão coniventes ou indiferentes com tamanha barbárie contra suas crianças?
Choros incontidos e sem aparente motivo, falta de apetite, apatia e disfunções biológicas se manifestam como pedidos de socorro e, muitas vezes, a vida das vítimas depende de alguém que consiga ouvir o clamor dessas crianças que imploram pela vida.
É fundamental que familiares estejam atentos a mudanças de comportamento e nas relações dessas crianças com quem quer que seja. Por mais que alguém pareça confiável, não se pode baixar a guarda quando o assunto é preservar a vida e a integridade de inocentes que não sabem se defender.
A escola é outro agente que precisa atentar para sinais que levantem suspeita. Muitas vezes, o educador pode ser a única pessoa capaz de identificar traços de agressão, seja por meio de um desenho, conversa ou mudança de comportamento.
É preciso entender que existe uma responsabilidade coletiva. Uma simples omissão pode desencadear tragédias em larga escala, como as que temos visto. Por outro lado, uma observação mais atenta e uma escuta mais ativa podem ajudar a combater esse massacre dos inocentes dos dias atuais.