Vazamentos de dados: desafios e a falha na proteção efetiva
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Na última semana, o Brasil foi novamente sacudido por mais um megavazamento de dados, afetando 120 milhões de cidadãos.
Esse episódio coloca em pauta um problema recorrente no País, que persiste apesar da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) desde 2020. A cada novo vazamento, surge a mesma pergunta: por que, mesmo com a legislação em vigor, os dados pessoais dos brasileiros continuam sendo expostos ao crime?
A LGPD foi criada com o intuito de estabelecer um controle rigoroso sobre a coleta, o tratamento e o compartilhamento de dados pessoais. Com ela, espera-se garantir que as informações dos cidadãos sejam protegidas, preservando a privacidade e diminuindo os riscos de golpes.
No entanto, o cenário ainda é de vulnerabilidade. A recente violação de dados expôs novamente a fragilidade do sistema de proteção no País.
Embora a LGPD tenha sido uma grande conquista para a proteção dos dados, a realidade é que muitas empresas ainda não estão preparadas para lidar com as exigências da lei de forma consistente.
Muitas adotam apenas ações superficiais, como o preenchimento de documentos genéricos ou a criação de políticas de privacidade que, na prática, não protegem de fato os dados.
Isso acontece, em parte, devido à falta de conhecimento especializado. As empresas, em vez de buscar profissionais capacitados, muitas vezes deixam a responsabilidade nas mãos de seus departamentos jurídicos, resultando em adequações apenas formais e ineficazes.
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), responsável pela fiscalização da lei, também enfrenta obstáculos significativos. A amplitude do Brasil e a escassez de recursos dificultam a atuação da ANPD, fazendo com que o órgão não consiga acompanhar de forma eficaz a conformidade das empresas com a LGPD.
Isso cria um ambiente em que as organizações não têm a preocupação real de investir em segurança de dados, pois não enfrentam consequências concretas pela não conformidade.
Além disso, muitos ainda veem a proteção de dados como uma questão burocrática e não como uma responsabilidade fundamental. A cultura de proteção de dados precisa ser incorporada em todas as esferas da sociedade e das empresas.
Não basta apenas cumprir com o mínimo exigido pela legislação; é preciso adotar uma postura proativa que envolva desde a criação de medidas de segurança até o treinamento contínuo de colaboradores.
Em resumo, os vazamentos de dados são uma realidade alarmante e contínua no Brasil. A LGPD, embora uma grande conquista, ainda não está sendo efetivamente aplicada.
Para que haja uma mudança real, é necessário um compromisso mais profundo das empresas com a proteção de dados e uma fiscalização mais rígida por parte das autoridades.
Só assim poderemos garantir que a privacidade dos brasileiros seja respeitada e protegida de forma eficaz.