“ChatGPT” próprio a menos de R$ 1.000. Veja as soluções de empresa do ES
A Intelliway criou uma Inteligência Artificial capixaba que permite inclusive o uso pessoal. Frederico Comério fala a respeito da tecnologia
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Ter o próprio robô com informações específicas sobre você ou sua empresa já não é algo da ficção científica, e por menos de R$ 1.000 por mês é possível assinar um serviço de assinatura que permite criar inteligências artificiais personalizadas.
A tecnologia, aliás, tem potencial para agilizar o trabalho de profissionais de várias áreas, tornando-os até 100 vezes mais produtivos.
Esses foram alguns dos pontos destacados por Frederico Comério, diretor de tecnologia da Intelliway, empresa que desenvolveu a plataforma para criação de Inteligências Artificiais Generativas.
A empresa criou o EvaGPT, uma espécie de “ChatGPT capixaba”, mas de uso privado — os dados não são compartilhados, como acontece com a tecnologia mais famosa. Ele ainda detalhou como esse sistema funciona e sobre o impacto das IAs no mercado de trabalho.
A Tribuna - Vamos começar falando sobre essa criação, a EvaGPT. Como ela funciona? Diferentemente do ChatGPT, que é aberto, o Eva é fechado, permitindo que a empresa use da forma que queira, correto?
Frederico Comério - Esse produto está muito ligado ao hype de inteligência artificial que estamos vivendo desde o final de 2022, muito por conta da popularização do ChatGPT, que tornou uma tecnologia bastante nichada em algo que faz parte do dia a dia das pessoas e motivou pressão às empresas a aplicar essa tecnologia em seus processos de negócio, para conseguirem se diferenciar.
Só que o ChatGPT é muito generalista, não conhece as nuances de um negócio específico, não foi treinada com os dados daquele negócio específico. Por isso, desenvolvemos uma solução com a mesma tecnologia, mas permitindo que você treine os modelos de linguagem com os dados de sua empresa, de uma maneira segura e evitando vazamento de dados sigilosos.
Então o EvaGPT é como uma plataforma para criar “ChatGPTs particulares”?
Isso, criando-os de maneira segura, sem compartilhar dados sigilosos ao público e sem infrigir, por exemplo, a Lei Geral de Proteção de Dados. É algo facilitado de uma forma que você não precisa ter um conhecimento avançado de programação para criá-los.
Então é possível criar, por exemplo, um chatGPT sobre o Frederico Comério, sem que você sequer apareça para responder, tudo via IA?
Poderíamos criar o que a gente chama de agentes dentro da plataforma, treinando-os com uma base de e-mails que eu recebi nos últimos 2 anos, e ele passaria a responder por mim como eu escrevo hoje. A IA generativa permite criar personalidades diferenciadas para a área corporativa, padronizando comportamento com base no perfil desejado.
A ideia é que a gente consiga fornecer esse produto como um serviço para que as empresas consigam usufruir dessa transformação digital que a IA está causando, porque eu não me lembro, não me recordo de nenhuma tecnologia tão disruptiva e que está transformando a sociedade em uma velocidade tão grande quanto a IA.
E como o mercado de trabalho será impactado por isso?
Acho que o impacto no mercado de trabalho vai ser muito mais profundo do que só a criação de novos empregos, que seriam, por exemplo, profissionais que trabalham diretamente na área de IA.
Todas as profissões, cedo ou tarde, dentro de no máximo uma década, vão ser profundamente afetadas, a ponto que todo mundo vai precisar ter conhecimentos básicos de como lidar com inteligência artificial, da mesma forma como a gente hoje precisa de ter conhecimentos básicos de informática, de ligar um computador, de trabalhar numa planilha, num pacote Office.
Isso vai aumentar a produtividade?
Vai fazer com que o profissional seja de cinco a até 100 vezes mais produtivo no dia a dia, porque a IA consegue visitar bilhões de dados em poucos segundos. Será uma mudança de paradigma: daqui para a frente, a competência do profissional não vai estar na construção do resultado do trabalho, mas no comando que vai dar para a IA gerar esse trabalho.
Essa principal habilidade, que será muito necessária, é o que chamamos de engenharia de prompt ou empatia digital.
Qual a qualificação necessária para trabalhar nessa área?
A IA é um ramo da ciência da computação que tem muita afinidade com a estatística. Então são conhecimentos em Matemática, computação, estatística, de cálculo. Mas um advogado, por exemplo, precisará de conhecimentos de Engenharia de Prompt específicos para a área dele, para produzir, por exemplo, 300 petições por dia, utilizando comandos certos e termos de sua área.
E para quem tem filhos em idade escolar, qual o caminho para ele abraçar essa área que está em constante transformação?
É difícil fazer previsões de longo prazo pela velocidade que a gente está mudando. Mas eu digo que a principal habilidade hoje seria aprender a aprender, porque as tecnologias vão te fazer aprender novas formas de resolver problemas a cada vez que elas surgem.
Você tem de estar apto a aprender e abraçar essas transformações que ocorrem, e elas tendem a ocorrer cada vez mais rápido.
Por isso, quem é autodidata tem grande vantagem quando existe uma quebra de paradigmas. Mas de toda forma, hoje em dia várias faculdades no Brasil já têm matérias de análise de dados, programação, lógica de programação, em todos os cursos. Mesmo um médico ou um advogado, vai precisar saber o básico disso. Vai ser como ter conhecimento em informática básica.
Empresa surgiu em 2017
Pioneira no País
A Intelliway surgiu em 2017, com foco em cibersegurança e inteligência artificial.
Dentro do ramo de inteligência artificial, a empresa foi uma das primeiras empresas no Brasil a ter de fato foco em inteligência artificial.
Fernando Comério é diretor de tecnologia da empresa desde 2018 e está no mercado de TI desde 2003.
Comério se formou como bacharel em Ciência da Computação pela Faesa em 2006 e também é MBA em Gestão de Segurança da Informação pela UCL e pós-graduado em Ciência de Dados pela PUC Minas.
Curiosidades
Até no Reino Unido
Comério destacou que a Intelliway é uma empresa capixaba com escritórios no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e até no Reino Unido.
“Temos alguns clientes no Reino Unido e ficou mais interessante ter um escritório para atender diretamente lá. Temos hoje em torno de 80 a 100 colaboradores no mundo todo, vários atuam remotamente. Até na Coreia do Sul tem colaborador”.
Sem apocalipse
Comério também descartou a possibilidade de as IAs representarem algum risco para a humanidade, como já foi retratado em filmes.
“A gente não consegue prever o futuro, mas essa concepção apocalíptica da IA é algo muito holywoodiana. Mas é algo semelhante ao que se viu na época em que a eletricidade revolucionou o mundo, e também se dizia que aquilo ia acabar com o mundo.
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