Empresários de Vila Velha querem zona franca com nova ferrovia
Instalação de ramal ferroviário que passa em trecho rural de Vila Velha promete estimular o projeto de criação da ZPE no município
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Uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada em Vila Velha, aos moldes da de Aracruz, no Norte do Espírito Santo, está entre os projetos que podem ganhar impulso para sair do papel com a instalação do ramal ferroviário de Anchieta, no sul do Estado.
Com mais de 100 quilômetros de extensão, a ferrovia irá ligar o município de Santa Leopoldina ao Porto de Ubu, em Anchieta, passando por um trecho rural da Região 5 de Vila Velha. O ramal irá servir como uma linha para o escoamento da produção industrial para exportação e importações.
De acordo com a gerente de Regulatório da Vale, Danielle Pinto, o empreendimento está em fase de licenciamento ambiental, que será solicitado em janeiro de 2024.
“Os estudos finalizam em dezembro, e em janeiro deverá sair o licenciamento. O diferencial é que iremos transportar cargas gerais, de outras empresas, o que não fazemos atualmente”, pontua.
A previsão é que a ferrovia esteja implantada em cinco anos. De acordo com o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, o investimento deve estimular o projeto de instalação da ZPE, em uma área de propriedade da família Heringer, conhecida por ser a antiga administradora de uma empresa de fertilizantes que carrega o mesmo nome.
“A família já deu entrada há mais de 15 anos (no projeto da ZPE), em legislação passada. Hoje é uma nova legislação e por isso vamos dar início do zero na construção. É um pedaço de área de 1 milhão de metros quadrados. Eles já se reuniram comigo e com o vice-governador Ricardo Ferraço”, conta Borgo.
Devido ao tempo decorrido desde a primeira proposta, atualizações vão precisar ser feitas no projeto para que então passe pelas etapas legais como licenciamento.
Segundo o prefeito, a intenção é transformar a Região 5 em uma zona retroportuária, ou seja, um espaço que auxilie as operações do Porto de Ubu, com galpões e serviços alfandegários, por exemplo.
Para o presidente da Associação dos Empresários de Vila Velha (Assevila), Marco Túlio Ribeiro Fialho, o menor custo dos terrenos da região também deve ser um atrativo.
“Isso e os incentivos fiscais criam um ambiente muito propício do ponto de vista do custo e de logística. O que falta é infraestrutura compatível”, disse Marco Túlio, ontem, durante o 18º Café Empresarial, organizado pela Assevila.
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Ramal Anchieta
A nova ferrovia da vale irá conectar o trecho ferroviário do município de Santa Leopoldina ao Porto de Ubu, na região Sul do Espírito Santo.
O objetivo é que ela seja utilizada pela indústria para o escoamento da produção para exportação e no transporte de insumos importados.
Previsão é de que o licenciamento ambiental para a construção do trecho seja solicitado em janeiro de 2024, com a conclusão das obras em 60 meses.
Os trilhos vão passar pelos municípios de Santa Leopoldina, Cariacica, Viana, Guarapari e Anchieta.
Dados gerais
Linha tronco: 80 quilômetros. Conecta a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) em Santa Leopoldina ao município de Anchieta.
Alça de ubu: 20 quilômetros. Conecta a linha tronco ao Porto de Ubu.
Capacidade: transporte de 6 milhões de toneladas por ano em cargas gerais, de outras empresas. No futuro, ainda deve ser incluído o minério de ferro produzido pela Vale.
Custo: R$ 6 bilhões, com contratação de recursos priorizando empresas locais. Devem ser criadas 1.500 vagas de emprego para as obras, segundo a mineradora.
Próximo passo: licenciamento ambiental e desapropriação, com intermédio da ANTT e governo do Estado.
Em Vila Velha
O ramal ferroviário ficará próximo a rodovias importantes para o transporte de produtos e insumos, como a BR-101, a ES-388 e a BR-262.
Segundo o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, investimentos estão feitos na Região 5 para tornar o território uma área retroportuária, com a intenção de atender às demandas do porto de Anchieta, facilitando o trânsito e a logística de um terminal portuário.
Entre as possibilidades de implantação na área está a construção de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada.
O prefeito ainda afirmou estar captando recursos para o projeto de construção de uma segunda ponte no Rio Jucu, interligando a ES-447, através da rotatória da Leste Oeste, com a ES-388. “fazendo com que a gente tenha capacidade de fazer o escoamento de toda a produção da Região 5”, afirma o prefeito.
Zona de Exportação (ZPE)
Previsão é de que, com a definição a respeito da ferrovia, a instalação da ZPE ganhe força para sair do papel.
Existente há 15 anos, o projeto está parado desde então e precisará ser reformulado com base em mudanças da nova legislação para o setor.
Após essa fase, procedimentos legais também deverão ser feitos, como a submissão aos órgãos reguladores e a concessão das autorizações necessárias pelo governo federal e os órgãos ambientais.
Caso ocorra como o esperado, a expectativa é de que a ZPE possa estar implantada em um prazo de três anos, ou seja, antes da ferrovia.
Fontes: Vale, Portogente e Prefeitura de Vila Velha
Investimento milionário em posto e 17 lojas na Região 5
Os investimentos na Região 5 de Vila Velha vão para além do setor de transporte de cargas. Segundo o presidente da Associação dos Empresários de Vila Velha (Assevila), Marco Túlio Fialho, várias empresas estão estudando levar empreendimentos para a região.
Um exemplo é a RedeShow, que anunciou o projeto de construção de um posto de gasolina com uma área comercial adjacente, contendo 17 lojas, em uma área de 3.265 m.
Ao jornal A Tribuna, o empresário Solimar Biazutti, proprietário da empresa, afirmou que o espaço ficará na Rodovia do Sol, na altura do bairro São Conrado.
“A ideia é abrir cerca de 30 vagas para as obras, 100 para a operação, incluindo 30 para o posto de combustíveis”, explicou.
Uma nova loja da RedeShow Supermercados também está sendo estudada para a Região 5. Os investimentos totais chegam a R$ 5 milhões, segundo o empresário.
Empresa chinesa a caminho da cidade
Uma empresa chinesa que atua na linha de montagem de televisores e eletroeletrônicos, atualmente instalada na Zona Franca de Manaus, pode estar vindo para Vila Velha, segundo o prefeito Arnaldinho Borgo.
O motivo, segundo Borgo, é a dificuldade para o transporte das cargas pelo curso dos rios do Amazonas, que estariam sofrendo com a redução do volume de água. “Investimento deles ultrapassa R$ 300 milhões”, diz o prefeito.
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