“Herdeiros do campo”: jovens trocam as cidades grandes pela vida nas fazendas
O amor à vida rural leva jovens a permanecerem no comando de fazendas do Estado em vez de viverem em cidades grandes
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Cada vez mais jovens capixabas preferem continuar no campo em vez de ir para cidade grande tentar a vida. Nas regiões Sul e Serrana do Estado, filhos de pecuaristas e agricultores estão no comando das fazendas, lavouras e agroindústrias. Outros se preparam para assumir os negócios da família.
Em Alfredo Chaves, Luiz Fernando Lafayette, de 18 anos, é filho de veterinários e diz que desde criança monta a cavalo e auxilia no manejo do gado e na criação de animais da família no bairro Cachoeirinha.
“Vou cuidar, sim, da fazenda da minha família e não pretendo sair daqui. Ajudo a tocar o gado no pasto para colocar no curral, ajudo na hora da alimentação. Nasci na roça e amo o que faço e quero ser médico veterinário igual aos meus pais”.
No mesmo município, Willian Rocha, de 19 anos, cuida todos os dias das plantações na propriedade que a família tem na comunidade de Caco do Pote.
“Nem penso em morar em alguma cidade grande. Quero cuidar e viver do que ganho com o sítio da minha família. Pretendo me especializar, inclusive”, relatou ele.
Carlos Júnior Simoura, de 20 anos, é outro exemplo em Alfredo Chaves. Futuro técnico agrícola, cuida da fazenda de verduras da família em São Bento de Urânia.
“Se a gente não cuidar do que é nosso, quem vai cuidar? Minha vida é trabalhar no campo”. Em Domingos Martins, a técnica em Agropecuária Luna Barcellos, de 19 anos, é filha de agricultores e mora na comunidade Pedra Branca, onde é a gerente da propriedade da família. Eles produzem frutas cítricas e lavanda orgânicas.
Também têm criação de galinhas e mantêm uma pequena agroindústria de cosméticos à base de lavanda.
Ainda em Domingos Martins, o jovem Ruan Matheus Kalk Hehr, 21 anos, cuida de um sítio de 8 hectares em Melgaço, onde ele mesmo plantou couve-flor, brócolis, repolho, milho, gengibre, café, banana e abóbora. A produção é vendida para a região Serrana do Estado.
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Professor no Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (Mepes), Diorgine Cetto Scandian ele defende a permanência no campo.
“O movimento que os jovens faziam era do campo à cidade, mas isso tem mudado e todos ganham”.
Frutas e verduras orgânicas nas montanhas
A técnica em Agropecuária Luna Barcellos, 19 anos, também decidiu cuidar da propriedade da família em Domingos Martins em vez de tentar a vida na cidade grande. Uma das mudanças que ela implantou na propriedade é que agora todas as frutas e verduras são orgânicas. Até as aves são criadas com comidas naturais.
“As práticas que utilizamos na produção orgânica é sempre pensando na proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, garantindo para as pessoas um alimento saudável de qualidade em sua mesa. Pensando também nas gerações futuras para que possam ter acesso a um solo rico para garantir o seu sustento”, disse ela.
Segundo ela, a propriedade da família vem de herança há mais de 20 anos. “Veio do meu avô para minha mãe. As atividades exercidas na propriedade são plantações de café, banana, abacate, aipim e laranja. Além disso, temos uma pequena agroindústria e alguns produtos passam por beneficiamento”.
Toda mão de obra é familiar, com contratações só nas colheitas.
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