Carne de sol congelada de primeira direto de Montanha
Inspirado no socol de Venda Nova do Imigrante, empreendedor busca selo de indicação geográfica
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“Onde já se viu” uma carne de sol ser congelada, uma vez que a maioria das pessoas imagina que o sal vai à carne justamente para preservá-la? Rafael Pirola Fagundes, proprietário da IG54 carne de sol de Montanha, explica qual o diferencial do seu produto.
Primeiro, o empreendedor destaca que Montanha é um município que tem uma característica de ter um relevo plano e, além disso, tem um histórico já de produção pecuária de corte e de leite. E que o nome carne de sol é utilizado em diversas regiões do País para produtos diferentes.
Rafael conta que, em Montanha, há mais de meio século, a característica de preparo da carne de sol é usar carne de novilho. “O que não é tão comum é usar carnes de primeira, o que é ainda mais raro é a carne de primeira virar carne de sol, salgar. E usar uma quantidade de sol pequena. Então, a gente usa pouco sal e deixa a carne pouco tempo na salmoura. E depois lava já na fabricação. Por isso que é um produto congelado”, afirma o empreendedor.
Ou seja, apesar de ter sal, ele não é suficiente para conservar o produto fora do congelador ou do freezer. Em contrapartida, e aí é que está a maior das singularidades, é uma carne de sol que não precisa tirar o sal, segundo Rafael.
“Não precisa lavar, pôr de molho, ferventar, nada disso. Compreendo que tem diversas carnes de sol que dependem desse processo para ser consumida. Muita gente confunde com carne seca, carne de sertão, jabá, charque, não é o caso. É uma carne sem sal, porém, é por sal e cardio primeiro. Então, a maioria das nossas opções pode ser feita no churrasco. Também pode ser feito no forno, fritar, na grelha, air fryer, há uma série de possibilidades”, destaca o empreendedor.
Em relação ao sabor, será que é o melhor do Brasil? “Sendo o gado de montanha, principalmente novilhas, criado nesse relevo, a gente tem uma consequência no sabor da carne. É único, mas eu nem digo que é a melhor carne. É uma carne específica que vai trazer no sabor dela toda a cultura que já é conduzida ali há muito tempo. Se é melhor ou não, fica a critério de quem vai consumir, mas é um produto diferenciado”.
Com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES), do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Montanha, e de outras entidades, o selo de indicação geográfica do produto já foi requerido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e está tramitando, segundo Rafael. O registro de Indicação Geográfica é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem.
“O Sebrae inclusive foi e ainda é um grande apoiador, a Inovar é uma empresa que trabalha junto, o Ifes Montanha, enfim, há todo um esforço. A gente procura sim o selo, é uma uma vantagem para toda região. O nosso exemplo norteador é o socol de Venda Nova de Imigrantes, que é um produto de carne também, e conseguiu o seu (selo). Assim, já colhe os frutos de ter conseguido”, afirma o empreendedor, que foi um dos 65 expositores do Festival da Cultura Italiana, realizado na Praça do Papa, em Vitória, entre os dias 31 de maio e 2 de junho.
O diretor técnico do Sebrae/ES, Eurípedes Pedrinha, destaca a quantidade de pequenos negócios no entorno da cultura italiana de Espírito Santo.
“São pequenos negócios da agroindústria produzindo socol, queijos, geleias, no agroturismo, recebendo turismo em suas propriedades, dividindo a cultura italiana como um atrativo, um traço do nosso povo são negócios que permeiam o turismo como um todo e várias atrações. Exatamente por isso que há um interesse direto do Sebrae na cultura italiana como um produto de estado nosso. O Sebrae em si está muito presente, lado a lado, das pequenas empresas, das microempresas, dos microempreendedores individuais”, afirma Pedrinha.
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