Elvio Sartorio: “Estado se conectou com o Brasil pelas rodovias”
Ex-diretor do DER, diz que desenvolvimento da malha rodoviária contribuiu para expandir os negócios
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“As intervenções urbanas abrem espaço para mudanças importantes no desenvolvimento das cidades. Hoje, vemos como obras importantes de infraestrutura mudam o dia a dia dos capixabas, mas, para chegarmos ao momento atual, muito foi feito no passado. Vi o Estado se conectar com o Brasil por meio das rodovias.
O desenvolvimento da malha rodoviária do Espírito Santo contribuiu para que pudéssemos expandir a movimentação de negócios. Somos um Estado com um dos portos mais importantes do Brasil e, pelas nossas rodovias, viajam produtos com destino a todo o mundo.
A construção dessa conjuntura se deu ao longo de décadas e nós, que fomos das primeiras turmas do curso de Engenharia Civil no Estado, tivemos alguma participação nesse feito.
Memórias
Nasci em Vargem Alta e vivi algumas das melhores memórias da minha vida lá. Sou de uma família tradicional da cidade, uma das fundadoras da sede. Meu pai era produtor rural e sempre ensinou o valor do trabalho para todos os filhos.
Já minha mãe, que sempre trabalhou ajudando meu pai, costurava para todos da família. Lá em casa, éramos oito pessoas. Eu digo que ela era a 'cabeça pensante', uma pessoa de muita cultura e que teve oportunidade de ter uma boa escolaridade em relação à média da época.
Isso porque minha avó veio da Itália e tinha uma condição financeira um pouco melhor. Morei em Vargem Alta até os 11 anos, quando fui estudar no Liceu, em Cachoeiro, mas nunca larguei Vargem Alta. Até hoje minha vida se divide entre lá e Vitória.
Quando entrávamos na Ufes, tínhamos a opção de escolher entre as engenharias civil e mecânica. Eu tinha certeza de que queria estudar Engenharia, e acabei optando pela civil. Foi a melhor decisão que tomei.
Malha rodoviária
Quando me formei, não imaginaria o futuro que me esperava. Ajudei a construir algumas das rodovias mais importantes do Estado, como a Dante Michelini, além da Ponte da Passagem, e um trecho elevado da Segunda Ponte, todas em Vitória. Quando a Terceira Ponte foi construída, eu era do Conselho Fiscal.
Ao longo da carreira, participei de programas estratégicos de mobilidade urbana. Um marco importante foi a ligação entre Itaguaçu e Baixo Guandu. Se terminássemos aquele trecho, seríamos a primeira unidade federativa a conectar todas as cidades à capital estadual por via asfaltada.
Na época, o Rio de Janeiro também disputava esse feito e era uma ligação entre um trecho não tão distante. Fizemos um projeto com uma equipe maravilhosa e licitamos para ganhar essa corrida. Quando terminamos a obra antes do Rio, eu recebi uma placa.
Docência
Por mais de 40 anos, consegui unir a experiência profissional à teoria e lecionei no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Com a educação, sinto que podemos transmitir conhecimentos essenciais para o desenvolvimento de outros profissionais, o que sempre retorna a melhores serviços à sociedade.
Como professor, eu pude me aproximar dos alunos, me atualizar sobre novos conceitos e pesquisas da área e trazer a experiência profissional para o cotidiano dos alunos. Sempre tive uma ótima troca de experiências e de conhecimento com os jovens.
As próximas gerações de engenheiros precisam desenvolver consciência crítica sobre o trabalho. Temos uma grande responsabilidade e, embora tenhamos muitas informações à disposição na internet, não podemos perder a capacidade de reflexão.
Família
Hoje, já aposentado, vivo um dos melhores momentos da vida. Sou casado com a doutora Renata Rezende e tenho dois filhos e uma filha, de um casamento anterior, que só me dão orgulho. A família é o bem mais precioso da vida de uma pessoa. E tenho também a cachorrinha Atenas, que vive grudada em mim.
Continuo ligado a Vargem Alta, mas, agora, Vitória é o lugar onde construí o meu núcleo, onde tive meus filhos e onde vivo diariamente. Nas últimas décadas, vi nossa capital se expandir, atrair novos moradores e ganhar projeção nacional. Não tenho dúvidas de que a expansão da malha rodoviária capixaba contribui para esse cenário”.
Quem é
Elvio Antônio Sartorio, de 75 anos, é engenheiro civil, ex-diretor do Departamento de Edificações e de Rodovias do Estado do Espírito Santo (DER-ES) e professor aposentado do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
Na entrevista, o professor relata o que viu e viveu sobre o desenvolvimento da malha rodoviária do Espírito Santo. Durante os anos de carreira, ele ajudou a construir algumas das rodovias e avenidas mais importantes do Estado.
- Depoimento ao repórter Jonathas Gomes.
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