Meninas de olho em vagas para servir ao Exército
Decisão do Governo Federal de permitir alistamento para mulheres a partir dos 18 anos animou jovens de escola em Cariacica
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Alunas da Escola Cívico-Militar de Ensino Fundamental em Tempo Integral (EMEFTI) Coronel PM Orlady Richa Filho, em Itanguá, Cariacica, estão de olho no futuro e já pensam em servir às Forças Armadas.
Allana Pereira Gomes, 14 anos, Lara Nascinento da Penha, Victória Calixto Varneli, e Marília Rodrigues Memelli Silva, todas com 13 anos, estão animadas com o decreto publicado pelo governo federal nesta semana, que permite o alistamento voluntário para mulheres, no ano em que completam 18 anos, a partir de 2025.
“Eu gosto de disciplina, ter horários, já participei da Olimpíada de Robótica. Penso em ser advogada, ter a própria empresa, mas também em me alistar. Gosto de Português e História, gosto de estudar”, diz Allana.
A mãe, Viviane Pereira, 44 anos, e o pai, Hélio Gomes Barroso, 53 anos, apoiam a iniciativa do alistamento. “É uma escolha dela e se for fazer bem para ela, com certeza eu apoio. Ela foi destaque duas vezes como melhor aluna, é muito estudiosa, um orgulho para todos nós”, afirma o pai.
Victória não tem dúvidas: “Lógico que gostaria! Percebi isso no desfile que teve na minha escola no aniversário do município, quando os policiais participaram. Percebo que na minha escola, minhas notas melhoraram muito”.
Marília também já tem certeza que vai querer se alistar. E mais: sabe que, com o alistamento voluntário, as mulheres estão ganhando mais espaço.
“Achei muito interessante. Com certeza eu vou querer me alistar. As mulheres estão ganhando mais espaço, já estou tendo uma experiência com a disciplina na escola. Meu pai serviu à Marinha e se eu puder também quero servir como ele”, afirma a estudante.
O pai dela, o eletricista Mário Américo Memelli Silva, de 60 anos, diz que a filha estuda das 12 horas às 19 horas, mas às 11 horas já está pronta.
“Lá eles têm mais regras. É claro que têm coisas que os pais têm que educar. Mas junta em casa e no colégio, dá uma família completa”, afirma o pai.
Lara acha o alistamento uma boa ideia. “Tem meninas que querem ser do lado mais militar do Exército, eu acho que é bom. Eu penso em me alistar”, destaca.
A mãe dela, Keyla Nascimento, 40 anos, diz que a filha gosta da escola e que pensa em seguir a área militar. “Ela tem muitos amigos, se dá bem com os professores”, conta a mãe da estudante.
Diálogo com os dois filhos
O alistamento voluntário de mulheres é motivo de diálogo entre Vivian Brandão, 44 anos, e os filhos, Sarah Brandão, 14 anos, e Alex Brandão, 17 anos.
A mãe diz que quando tinha a idade da filha, tinha o sonho de se alistar do Exército. “Mas agora que eu sou mãe, sei lá, pode ser muito pesado. Talvez mais tarde”. Sarah diz que ainda não decidiu sobre se alistar, mas que não descarta.
Saiba mais
Decreto
Mulheres que completarem 18 anos em 2025 poderão, pela 1ª vez, se alistar nas Forças Armadas.
Conforme o decreto nº 12.154 assinado pelo Presidente Lula e pelo ministro da Defesa, José Mucio, o alistamento feminino será de caráter voluntário.
Vagas
Inicialmente, serão ofertadas 1.500 vagas, sendo que o recrutamento terá início em 2025 e a incorporação a uma das organizações militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, a partir de 2026.
Duração
Por lei, o alistamento tem duração de 12 meses, podendo ser prorrogado a cada período de um ano até o prazo máximo de oito anos.
Critérios
De acordo com o decreto, o período de alistamento se dará entre os meses de janeiro e junho, mesmo período do alistamento masculino – devendo as voluntárias completarem sua maioridade no ano de inscrição e, ainda, residir em município onde exista organização militar.
A partir do ato oficial de incorporação, o Serviço Militar será de cumprimento obrigatório, ficando a militar sujeita às obrigações e deveres previstos na Lei 4.375/64 e ao respectivo regulamento de cada Força.
Mulheres nas Forças
Hoje, as Forças Armadas possuem 37 mil mulheres, o que corresponde a cerca de 10% de todo o efetivo.
As mulheres atuam nas Forças principalmente nas áreas de saúde, ensino e logística ou têm acesso à área combatente por meio de concursos públicos específicos.
Fonte: Ministério da Defesa.
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