Congresso Médico Estadual: “Médico acha que dá conta de tudo”
Problema se mostra tão grave que seis em cada 10 médicos apresentam sentimentos de Burnout
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Não basta o acesso às melhores tecnologias para auxiliar a prática médica. Cuidar da saúde mental dos profissionais também é fundamental, segundo especialistas, já que esse desgaste emocional e psicológico também pode impactar a qualidade do atendimento oferecido aos pacientes.
O problema se mostra tão grave que seis em cada 10 médicos apresentam sentimentos de Burnout, segundo pesquisas feitas nos últimos anos.
O problema se mostra tão grave que seis em cada 10 médicos apresentam sentimentos de Burnout, segundo pesquisas feitas nos últimos anos.
Na abertura do 60º Congresso Médico Estadual da Associação Médica do Espírito Santo (Ames), na noite de ontem, o assunto “saúde mental dos médicos” foi abordado pelo médico Victor Piana, CEO da A.C. Camargo Câncer Center, que conversou com a reportagem. “O médico também é gente. Mas talvez seja a classe que menos procura ajuda psicológica, porque acha que dá conta de tudo”.
A Tribuna: A pandemia deixou o assunto 'saúde mental' dos médicos mais em evidência?
Victor Piana Para muitas pessoas, o copo transbordou. Foi um momento em que os profissionais de saúde foram exigidos além do trivial. Isso fez com que tivessem uma carga extra de estresse e vimos muitos abandonando a profissão e entrando em crise. Desde então, o tema cresceu, os diagnósticos de saúde mental são as principais causas de afastamento de trabalho aqui no A.C. Camargo e em quase todas as empresas. Antes era doença infecciosa, na época da covid, mas agora é a saúde mental.
Qual impacto isso pode ter para o médico?
Tem um profundo impacto para o profissional, para o paciente – porque é impossível cuidar bem de uma pessoa se o profissional não estiver bem com ele mesmo – e tem impacto para as empresas, porque os profissionais não estão atuando no máximo do seu potencial. É um tema importante sob qualquer perspectiva.
No A.C Camargo, quanto aos profissionais de saúde que vêm se especializar, promovemos as redes de proteções sociais e falamos abertamente que é permitido ter ansiedade, depressão e Burnout. Não são temas proibidos. Falamos dos sintomas. Nós, que somos da saúde, temos de colocar a máscara na gente primeiro.
Como as empresas podem ajudar?
Precisamos estabelecer condições de trabalho de plenitude física e mental para que as pessoas cuidem dos outros. Há uma série de situações que se não forem digeridas adequadamente, como o óbito de um paciente, ou a burocracia que atrapalha o cuidado médico e faz com que ele não consiga exercer o máximo do seu potencial, isso vai enchendo a caixinha do estresse.
Se não aprendermos a lidar com isso, um dia, uma pessoa, tecnicamente ótima, se convence de que aquela profissão não é para ela.
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