Barbatanas de tubarão apreendidas pelo Ibama no ES
Produto é procurado devido à sua demanda na culinária chinesa, em que um prato chega a custar cerca de R$ 2.700
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Uma operação realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Itaipava, balneário de Itapemirim, no Sul do Estado, resultou na apreensão de barbatanas de tubarão-azul, uma espécie ameaçada de extinção, cuja pesca é proibida.
Intitulada Makaíra, a operação investiga o crescente problema da pesca irregular na região, particularmente no que se refere a produtos exóticos utilizados na culinária asiática.
Na última terça-feira foram apreendidos 20 quilos, mas há duas semanas, em Piúma, no município vizinho, a fiscalização apreendeu 500 quilos de barbatanas de tubarão-azul.
Na operação em Itaipava, o Ibama não só reteve as barbatanas, mas também apreendeu duas toneladas de pescados irregulares, impondo 12 multas aos responsáveis.
Além das barbatanas de tubarão-azul, foram apreendidas barbatanas de tubarões galha-branca, igualmente ameaçados de extinção.
“A operação Makaíra não foi fácil; pescadores tentaram resistir e ameaçaram incendiar suas embarcações para evitar a ação dos agentes. As irregularidades incluíam pesca sem licença e falta de comprovação de origem dos produtos, além de tentativas de obstruir a fiscalização. Também foi constatado o desrespeito a uma proibição anterior relacionada ao uso irregular do Programa de Rastreamento de Embarcações Pesqueiras por Satélite”, informou o Ibama, por nota.
As barbatanas de tubarão são valiosas devido à sua demanda na culinária chinesa, onde são vistas como símbolo de status, e seriam vendidas ilegalmente para países asiáticos, especialmente Hong Kong, China, Malásia e Vietnã.
Por lá, a sopa de barbatana é tradicional, frequentemente servida em banquetes e celebrações, podendo custar até US$ 500 (R$ 2.732) o prato.
Chineses e brasileiros estariam envolvidos na operação de tráfico das barbatanas – que são utilizadas para fazer uma sopa afrodisíaca apreciada desde os tempos dos imperadores em Pequim.
Apesar de seu alto valor, o comércio de barbatanas de tubarão é ilegal no Brasil, pois muitas espécies estão ameaçadas de extinção.
Segundo especialistas, a prática conhecida como “shark finning”, que envolve a captura de tubarões apenas para retirada de suas barbatanas, é vista como insustentável e cruel, já que os animais são frequentemente descartados vivos após a mutilação.
Essa dinâmica não só ameaça as populações de tubarões, mas também prejudica os ecossistemas marinhos. Além do valor econômico, a exploração excessiva tem consequências ecológicas graves.
Esses animais desempenham um papel fundamental no equilíbrio dos oceanos, e sua remoção da cadeia alimentar pode resultar em impactos negativos, como o crescimento descontrolado de populações de presas e o colapso de outras espécies marinhas.
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