Polícia investiga se mãe de bebê encontrada morta teve ajuda para ocultar corpo
Jovem de 22 anos foi presa em flagrante após confessar, segundo os investigadores, ter matado a bebê
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A Polícia Civil de Alagoas investiga se Eduarda Silva de Oliveira, 22, teve ajuda de alguém para ocultar o corpo da filha recém-nascida Ana Beatriz Silva de Oliveira, de 15 dias.
Eduarda foi presa em flagrante após confessar, segundo os investigadores, ter matado a bebê, cujo corpo foi encontrado dentro de um armário, enrolado em um saco plástico, na casa da família em Novo Lino, no interior de Alagoas.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a principal linha de investigação aponta que uma pessoa pode ter colocado o corpo no armário durante a madrugada desta terça-feira (15) enquanto a casa estava vazia, uma vez que cães farejadores do Corpo de Bombeiros inspecionaram o local durante o dia e não detectaram a presença de cadáver.
Questionada, a pasta informou que a segurança era feita diretamente à mãe e não à residência, já que a casa não era considerada local de crime e estava fechada.
"Esse elemento [os cães farejadores não terem detectado o corpo] reforça a possibilidade de que o corpo tenha sido levado posteriormente ao local. A investigação vai continuar para apurar todos os detalhes, inclusive se alguém ajudou na ocultação", disse o delegado Igor Diego.
A recém-nascida foi localizada após o pai da criança, Jaelson da Silva Souza, 25, e o advogado da família convencerem a mãe a revelar onde havia escondido a filha. Eles acionaram a polícia, que encontrou o corpo junto a produtos de limpeza em um dos cômodos da casa.
O pai estava em São Paulo a trabalho e retornou a Alagoas no fim de semana para acompanhar as buscas. A polícia informou que ele não teve participação no crime.
Segundo o advogado José Wellington de Oliveira, que representa Eduarda, ela confessou o crime após ser confrontada com as inconsistências dos diferentes depoimentos. A defesa afirma que ela pode estar com depressão pós-parto.
Conforme a Polícia Civil, o laudo da necropsia deverá confirmar a causa da morte e definir se a mãe poderá responder por infanticídio —quando a morte é causada pela mãe sob a influência do estado puerperal, período de alterações emocionais e hormonais após o parto.
"O estado de abalo emocional pode configurar infanticídio, mas ainda não podemos confirmar. Ela apresentou múltiplas versões, o que nos faz tratar tudo com cautela. Só a perícia poderá esclarecer os fatos", afirmou o delegado Igor Diego.
Os investigadores apontaram que Eduarda deu duas versões sobre a morte da criança. Inicialmente, afirmou que a filha teria se engasgado durante a amamentação durante a madrugada. Depois, disse ter asfixiado a bebê com um travesseiro porque não conseguia fazê-la parar de chorar. A mulher relatou estar há duas noites sem dormir, incomodada também pelo barulho de um bar próximo à casa da família.
Nesta terça, Eduarda passou mal e foi levada de ambulância uma unidade de saúde municipal. Na saída, o veículo chegou a receber pedradas, mas ninguém se feriu. Após o atendimento, ela foi conduzida ao Cisp (Centro Integrado de Segurança Pública), onde pessoas fizeram uma manifestação. Segundo a Polícia, por segurança, a mulher ficará detida em Maceió.
FALSO SEQUESTRO E COMOÇÃO
O caso mobilizou policiais e moradores da cidade desde a última sexta (12), quando Eduarda denunciou que a bebê teria sido sequestrada por quatro pessoas armadas em um ponto de ônibus às margens da BR-101. A versão foi colocada em dúvida após depoimentos de testemunhas e análise de câmeras de segurança.
Confrontada pela polícia, a mãe apresentou outras quatro versões distintas ao longo do fim de semana. As hipóteses foram sendo descartadas conforme os investigadores reuniam imagens e relatos que contradiziam as alegações.
As buscas mobilizaram a Secretaria de Segurança Pública, que utilizou drones, cães farejadores e equipes do Corpo de Bombeiros para vasculhar a região. Cisternas, terrenos baldios e latas de lixo foram inspecionados antes da descoberta do corpo.
Eduarda chegou a ser levada a uma unidade de saúde por estar visivelmente debilitada. De acordo com o advogado José Wellington, ela não se alimentava nem bebia água desde o início do caso e foi medicada com antidepressivos. Ele apontou a possibilidade de depressão pós-parto.
Durante as investigações, a polícia chegou a prender um homem em Vitória de Santo Antão (PE), por dirigir um carro semelhante ao descrito por Eduarda na versão inicial do suposto sequestro. O homem, que trabalha como despachante do Detran, foi liberado após comprovar que o veículo não tinha ligação com o caso.
A comoção provocada pelo desaparecimento da recém-nascida mobilizou moradores da cidade em correntes de oração. O secretário de Segurança Pública de Alagoas, Flávio Saraiva, acompanhou as buscas no local.
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