Menino capixaba faz tratamento inovador contra o câncer
Lorenzzo Bom Costa, de 10 anos, completou um ano livre da doença após fazer tratamento com CAR-T Cell no Hospital Albert Einstein
 
	Após uma longa batalha contra a leucemia linfoide aguda B, que começou em 2019, Lorenzzo Bom Costa, de 10 anos, realizou a terapia CAR-T Cell, se tornando o primeiro paciente pediátrico a ter acesso ao tratamento no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Morador da zona rural de Vila Valério, no Noroeste do Espírito Santo, o menino completou 1 ano livre da doença. A mãe dele, Jane Bom Costa, conta que o tratamento veio depois de várias sessões de quimioterapia, um transplante de medula óssea, duas remissões e duas recidivas, quando a doença volta.
Contudo, no ano passado, depois de um ano do transplante, a doença retornou, sendo necessárias internação e mais sessões de quimioterapia.
“O chão desaparece. Porque você faz o transplante, você tem aquela esperança de pensar 'poxa, fez o transplante, né? Agora vai ser uma vida normal, vai ser só vitória', aí vem a bomba que a doença voltou, o mundo acaba”.
Na ocasião, Glaucia Perini Zouain Figueiredo, médica oncologista pediatra de Lorenzzo, apresentou o tratamento realizado no Hospital Albert Einstein, dentro de um estudo pioneiro apoiado pelo Ministério da Saúde, no qual o menino se encaixava.
“Pensamos em fazer um segundo transplante, mas os resultados não são muito bons no segundo transplante. Discutimos com a equipe do Einstein e eles estavam em programação de fazer CAR-T Cell para criança também”.
A médica conta que o menino teve alguns efeitos colaterais, como convulsões, consideradas normais no tratamento, e hoje leva uma vida normal.
“Ele teve alguns problemas de pós-infusão do CAR-T Cell, mas era tudo esperado. E agora ele está aí, vivendo a vidinha dele, indo pra escola, fazendo o que gosta e o que quer”.
Durante o processo de tratamento, além do apoio da família e da equipe médica, Lorenzzo e os pais puderam contar com o apoio da Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Acacci), local que acolhe paciente e sua família quando vem a Vitória.
“Como apoiamos Lorenzzo, apoiamos também outras situações de transplantes. Então, é um papel também da instituição contribuir para que se supere esse processo da melhor forma”, disse Luciene Sales Sena, superintendente executiva da Acacci.
 
	“Tirou um peso das costas do Lorenzzo”, conta Jane Bom Costa, mãe do menino
A Tribuna - Depois do tratamento com CAR-T Cell, como Lorenzzo ficou?
Jane Bom Costa - Deu uma convulsão muito forte nele, na UTI, teve que entubar. Ficou três dias entubado. Depois a gente voltou para a enfermaria e correu tudo bem.
Como tem sido a vida depois do tratamento?
Pensa na felicidade dele quando chegou em São Paulo para consulta de rotina! Ele olhou para a médica, que falou assim: 'Me pergunta o que você quer me perguntar'. Aí ele falou assim: 'Tia Julia, eu posso ir para a escola esse ano?'. Ela falou: 'Você pode fazer o que você quiser'. Tirou um peso das costas do Lorenzzo.
Como vocês descobriram a doença?
Ele estava brincando no escorregador quando caiu sentado e começou a sentir muita dor na coluna e a chorar, não conseguia sentar direito. A barriguinha dele inchou, então levamos ele no pronto atendimento, onde disseram que era uma virose. Um mês depois, ele piorou e o levamos para o hospital de Nova Venécia, onde ficou quatro dias internado. No Hospital Infantil de Vitória descobriram a doença.
Como descobriu o primeira retorno da doença?
Ele fez o primeiro tratamento, ficou seis meses bem. Aí eu descobri a primeira recidiva porque o testículo dele começou a crescer.
Como foi o transplante?
A gente foi para São Paulo, em janeiro de 2023, para fazer o transplante. Foi tranquilo, graças a Deus. O pai foi o doador, aí foi mais rápido.
Teve outra recidiva?
Sim. Ele ficou um ano limpo mesmo, sem ter a doença. Em 27 de março do ano passado, fez um ano que o Lorenzzo tinha feito o transplante. Quando deu 4 de abril, a gente descobriu que a doença voltou de novo.
Como ele se sentiu?
Ele ficou muito revoltado. Chorou muito, queria entender por que a doença voltou mesmo depois do transplante. Ele ficou uma semana triste, chorando, não queria comer
O que aconteceu depois do segundo retorno da doença?
A doutora Glaucia me explicou sobre o CAR-T Cell e que o Lorenzzo se encaixava no estudo. Sabe quando você recebe aquela notícia boa que te dá aquele alívio? Foi só alegria, eu e a médica choramos.
Ele está tomando remédios?
Como ele deu uma convulsão muito forte o ano passado, ele está tomando. A gente começou a diminuir a dosagem agora, como o médico fala, vamos fazer o desmame.
Entenda
O que é leucemia linfoide aguda B
É um câncer do sangue e da medula óssea que afeta os linfócitos B imaturos.
Sinais de alerta
Os sintomas podem ser febre contínua sem motivo, dores no corpo, falta de apetite, dificuldades para dormir, palidez, manchas no corpo sem traumas para a causa e ínguas.
crianças que têm um diagnóstico precoce de câncer costumam ter uma resposta melhor, com menos sequelas.
Tipos de tratamento
Quimioterapia e, em casos muito graves em que as sessões de quimioterapia não resolvem, pode ser feito um transplante de medula.
O que é o CAR-T Cell?
é uma inovação na imunoterapia que consiste em usar células de defesa do próprio paciente para combater tumores. No entanto, em vez de apenas estimular o sistema imunológico, a terapia modifica geneticamente essas células em laboratório, tornando-as mais eficientes e direcionadas para atacar o câncer.
Como funciona?
são coletados linfócitos e enviados para laboratórios para realizar uma modificação genética.
O sangue que volta do laboratório é infundido no paciente e funciona como se tivesse sido treinado para combater a leucemia.
Para quem o tratamento é direcionado?
Pacientes com leucemias linfoides agudas, pessoas com alguns tipos de linfoma.
Em adultos pode ser feito em casos de mieloma múltiplo.
Efeitos colaterais
Após a infusão acontece algo parecido como uma guerra no corpo do paciente, em que os linfócitos treinados atacam células da leucemia, por isso o paciente é monitorado e recebe medicações para combater os efeitos colaterais.
Entres Os efeitos colaterais estão: alteração da pressão arterial, calafrios, problemas neurológicos como confusão mental e convulsões.
O tratamento é gratuito?
Não. No caso de Lorenzzo Costa, foi realizado por meio de um programa do Hospital Albert Einstein com um laboratório dos Estados Unidos, no qual o menino se encaixou.
Fonte: Especialistas entrevistados.
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