Pressão arterial deve ser aferida a partir dos 2 anos, afirma cardiologista
Por ser uma doença silenciosa, médicos orientam a não esperar os sintomas da hipertensão aparecerem
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Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo têm hipertensão. No Brasil, relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostrou que 45% dos brasileiros adultos convivem com a doença.
Segundo a OMS, metade das pessoas com hipertensão, em todo o mundo, não tem conhecimento de sua condição.
O cardiologista Diogo Barreto, coordenador do serviço de Cardiologia do Hospital Evangélico de Vila Velha, explica que a doença é silenciosa, por isso, o recomendado é que a partir dos dois anos de idade a pressão arterial das crianças seja aferida.
“Por ser silenciosa, não apresentar sintomas no começo e ao longo da vida da pessoa, ela é difícil de ser diagnosticada. A gente orienta a não esperar os sintomas aparecerem. Orientamos fazer aferições a partir dos dois anos, ainda na pediatria. Hoje temos, praticamente, uma epidemia de obesidade e sobrepeso até mesmo infantil, que está muito relacionada à diabetes e hipertensão”, explica o cardiologista.
A Tribuna- Quando, de fato, a pressão é considerada alta e quando isso se torna uma doença?
Diogo Barreto- A hipertensão é diagnosticada com níveis sustentados de pressão alta acima de 140 por 90 milímetros de mercúrio (mmHg) ou 14 por 9. Quando avaliamos, em mais de duas aferições, essa pressão de 14 por 9, esse paciente tem o diagnóstico de hipertensão arterial ou pressão alta.
A pressão alta é mesmo silenciosa?
Sua característica maior é ser silenciosa. Existem algumas doenças, não só a hipertensão, que no início não apresentam sintomas, como diabetes e colesterol alto. São doenças crônicas, que quando começam a fazer modificações no corpo, aí sim, trazem problemas. Por serem silenciosas, não apresentarem sintomas no começo e ao longo da vida, são tão difíceis de serem diagnosticadas.
Se não apresentam sintomas, como podemos diagnosticar?
A gente sempre orienta a não esperar os sintomas aparecerem. Orientamos que as aferições iniciem a partir dos dois anos de idade, ainda na pediatria. Temos uma tabela de correção, em que essa pressão é calculada pelo percentil da criança. Já a partir dos 10 anos de idade, as crianças passam a ter os níveis pressóricos praticamente os mesmos do adulto.
As aferições podem ser feitas pelo clínico geral, também em posto de saúde e até mesmo na avaliação da academia. Existem também os aparelhos digitais que podem auxiliar.
Quando os sintomas aparecem, quais são?
A pressão alta geralmente causa mal-estar, náuseas, pode ter dor de cabeça associada, e isso já começa se apresentar como uma urgência hipertensiva. O paciente tem risco de ter complicações sérias. Não tem de esperar dar sintomas para diagnosticar e tratar.
Para quem é hipertenso, qual a média de aferição deve ser feita por dia?
Na verdade, depois do diagnóstico existe uma estratégia do médico, não precisa ficar com “neura” de aferir a pressão toda hora. Quando é feito o diagnóstico, inicia-se o medicamento e o cardiologista vai orientar quantas vezes essa aferição precisa ser feita.
Às vezes, na troca do medicamento ou na ajuste de dose, fazemos aferições duas vezes de manhã e duas vezes à tarde, por cinco dias, para ver se a pressão controlou. Mas isso depende da estratégia. Agora, se a pessoa já tem a pressão controlada, não precisa ficar aferindo todo dia.
É verdade que aferir a pressão de pernas cruzadas interfere no resultado?
É. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, americana e europeia, orientam uma maneira correta de aferir pressão arterial: colocando o braço em repouso e não cruzar as pernas. Quando cruzamos as pernas, aumentamos a resistência para o fluxo de sangue, podendo interferir na pressão arterial. A bexiga também não pode estar cheia. O ideal é que a gente fique relaxado para aferir.
Dormir pouco aumenta o risco de desenvolver pressão alta?
Sim, e até agravar os níveis pressóricos para quem já tem a pressão alta. Temos diagnosticado que na apneia obstrutiva do sono, que são as pausas respiratórias que acontecem durante o sono, o paciente tem um redução dos níveis de oxigênio do sangue e por reflexo tem taquicardia com aumento dos níveis de pressão. Quando o paciente tem resistência em baixar os níveis de pressão, geralmente tem apneia associada.
Quais os riscos de não controlar a pressão?
Ela pode levar a doenças mais graves como infarto, AVC e insuficiência cardíaca. No mundo, umas das principais causas da insuficiência renal é a pressão alta e diabetes.
Fique por dentro
A pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.
A hipertensão é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal.
Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente quando a pressão sobe muito: podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.
há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles: fumo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, elevado consumo de sal, níveis altos de colesterol e falta de atividade física.
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