Sarcopenia: médica explica doença que causa perda de músculos
Condição provoca perda de massa e força muscular com redução do desempenho físico, especialmente durante o envelhecimento
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Palavra de origem grega que significa “perda de carne”, a sarcopenia, de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), é uma doença caracterizada pela acelerada perda de massa e força muscular com redução do desempenho físico nos indivíduos.
Com o envelhecimento, essa perda é mais acentuada. Cerca de 15% dos brasileiros têm sarcopenia a partir dos 60 anos de idade, chegando a até 50% após os 80 anos, segundo a SBGG.
A geriatra e presidente da SBGG-Regional Espírito Santo, Daniela Barbieri, esteve no Estúdio Tribuna Online para falar da doença e como evitá-la.
A Tribuna - O que é a sarcopenia?
Daniela Barbieri - "Etimologicamente, é a perda da carne. Em termos médicos, é um pouco mais complexo. Temos a perda de quantidade de músculo e temos de caracterizar que tem também perda de força e da capacidade funcional.
Não é um diagnóstico fácil, porque exige um exame complementar, com avaliação de força e de capacidade funcional para a gente caracterizar o diagnóstico de sarcopenia. Na prática, o que vemos é essa redução do músculo, trazendo um impacto no dia a dia daquela pessoa."
- Existe alternativa para uma pessoa sedentária recuperar a massa muscular perdida sem ser fazendo musculação?
"A musculação não é o único caminho. Quando a gente faz “estresse” sobre o músculo, se eu o estimulo de uma forma resistida, eu o forço, eu tenho ganho de massa muscular, a princípio.
Pode ser musculação, podem ser outros trabalhos com peso. Não quer dizer que outros trabalhos não tenham um ganho também, um ganho menor, provavelmente, mas também. Ficar parado é a pior opção."
- Quando começar a prevenir a perda da massa muscular?
"Se a criança e o adolescente fazem exercícios, fazem um bom estirão de crescimento, têm boa condição de saúde e fazem a hipertrofia adequada, eles terão mais massa para ser adulto.
E se quando adulta a pessoa não fuma, pratica atividade física, tem bom consumo de proteína ao longo da vida e não tem doenças que podem comprometer essa manutenção da massa muscular, ela vai chegar na velhice com um quantidade maior de massa.
Na vida adulta ou em qualquer fase da vida, quanto mais tempo parado ali, por exemplo, por uma internação, tem uma perda mais acentuada que pode comprometer lá no final e fazer falta."
- Esse declínio começa ainda na juventude?
"Depois dos 30 anos a gente começa a ter perda, depois dos 50 isso é mais importante, e quanto mais idade, isso é mais acentuado. Depois dos 80, a pessoa pode perder até 50% da massa muscular."
- Quais maiores riscos podem haver com a sarcopenia? Quais principais complicações ela pode levar?
"O que o geriatra mais teme é a perda da capacidade funcional, a capacidade de andar. Ficar acamado, ficar restrito a uma cadeira de rodas, é tudo que a gente não quer. Há outras complicações.
Se eu tenho pouca força, pouca massa, pouca capacidade do músculo, eu posso perder inclusive a capacidade para fazer coisas simples do dia a dia. Tomar um banho, por exemplo, pode ser cansativo."
- Há doenças que podem acelerar essa perda de massa muscular?
"Sempre imaginamos a pessoa com câncer. É clássico a gente pensar em perda de calorias, perda do anabolismo, que é a produção de tecido. Mas na doença de enfisema, que é a doença pulmonar obstrutiva crônica, é bem característico a perda de massa, principalmente de massa magra e de músculo.
Diabetes também gera um processo inflamatório crônico no corpo. Outras doenças como as neurológicas e as articulares, artrite reumatoide e lúpus, que têm processo inflamatório, também podem cursar mais com sarcopenia."
- Quais exames são feitos para confirmar o diagnóstico?
"O diagnóstico de sarcopenia é feito pelo exame da densitometria, da composição corporal, associado a uma avaliação médica. Temos de fazer avaliação de força, que, em geral, usamos um aparelho chamado dinamômetro, e avaliação da capacidade funcional: a capacidade de caminhar, a velocidade da marcha, ou de levantar e sentar. Há alguns testes que podemos usar."
- Quais alimentos podemos incluir na nossa dieta para prevenirmos a sarcopenia?
"A ingestão de proteína é o mais importante. A necessidade de consumo de proteína no jovem e adulto é menor do que no idoso.
Em contrapartida, culturalmente, o idoso tem uma alimentação pobre em proteína, tanto pelo valor quanto pela dificuldade de mastigação. O idoso consome menos proteína do que deveria e é fundamental termos atenção a isso."
Recuperação
Após ficar quase 30 dias internado e de cama, depois de ter sofrido um acidente de carro que provocou um politraumatismo e traumatismo cranioencefálico no ano passado, o ator Kayky Brito, 35 anos, surpreendeu os fãs com a recuperação.
Para especialistas, o fato do ator ser adepto de atividades físicas como a musculação aumentou sua resistência física, devido à massa muscular.
Fique por dentro
A sarcopenia é mais comum em pessoas com mais de 60 anos, o que pode gerar dificuldade para realizar atividades rotineiras, como caminhar e subir escadas.
Na população feminina acima de 60 anos, 16% têm sarcopenia, e 14% dos homens, aproximadamente, acima dos 60 anos. Na mulher, isso ocorre tanto pela composição natural do organismo como também pelas alterações hormonais.
Para prevenir ou tratar a sarcopenia é ideal a combinação de exercícios físicos de resistência e uma nutrição adequada.
A proteína na alimentação ou no whey protein (proteína do soro do leite) ajuda na prevenção da sarcopenia. Estudo publicado no American Journal of Physiology Endocrinology and Metabolism demonstrou que o consumo de whey protein auxilia no aumento de massa muscular em idosos.
Densitometria - Exame de imagem realizado para definir massa óssea.
Dinamômetro- Aparelho utilizado para medir a intensidade da força.
Os números
- 15% dos brasileiros acima de 60 anos têm sarcopenia
- 50% é a porcentagem de idosos acima de 80 anos que têm a doença
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