Uso de medicamentos contribui para a redução de novos casos de HIV/AIDS
No Brasil, o PrEP e PEP são disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
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Realizado anualmente no Brasil, o Dezembro Vermelho é um movimento que visa conscientizar e promover a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
A prevenção ao HIV/Aids, durante muitos anos, esteve restrita ao uso de preservativo, que é muito eficiente.
No entanto, foram desenvolvidas tecnologias que contribuem para a redução de novos casos, mas que ainda são pouco conhecidas da maioria da população: a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição (PEP).
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) consiste no uso contínuo ou sob demanda de medicações antirretroviriais para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV.
Sendo assim, caso uma pessoa tenha contato com o vírus, numa relação sexual desprotegida, por exemplo, ela não será infectada, pois já está protegida pelo medicamento.
Já a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) consiste no uso de antirretroviriais, por tempo determinado, após o possível contato com o vírus, de forma que reduz o risco de se infectar.
De acordo com a médica infectologista e professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Jaboatão, Clara de Andrade, a PrEP e a PEP são pilares complementares e indispensáveis na estratégia de prevenção combinada ao HIV, desempenhando um papel central no controle da disseminação do vírus.
“A eficácia da PrEp está fortemente associada à adesão. Valores variam conforme a população estudada e contextos sociais, porém, em estudo com PrEP oral diária em homens cisgênero que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres trans, participantes com níveis sanguíneos detectáveis do medicamento, a redução da incidência do HIV foi de até 95%. Já a PEP - profilaxia pós-exposição para HIV - deve ser iniciada o quanto antes, idealmente dentro de duas horas, com prazo máximo de 72h da exposição ao vírus. Quando administrada em indivíduos HIV-negativos, ela pode reduzir a probabilidade da soroconversão do HIV em até 80%”, explica a médica.
No entanto, deve-se enfatizar que o uso de PrEP e PEP não previne as demais infecções sexualmente transmissíveis (IST) e hepatites virais, sendo necessário, portanto, o uso de preservativos e outras formas de prevenção durante as relações sexuais.
”A PrEP é destinada a pessoas com mais de 15 anos, com peso corporal igual ou maior a 35kg, em contexto de risco aumentado de adquirir o HIV, como adultos e adolescentes sexualmente ativos que tenham práticas sexuais desprotegidas ou pessoas com parcerias sorodiferentes. Por sua vez, qualquer exposição de risco recente de transmissão do HIV (dentro de 72h), como exposição sexual desprotegida, lesões percutâneas por instrumentos perfurocortantes ou exposição através de lesões em membranas mucosas vulneráveis, como respingos em olhos, configuram indicação da realização de PEP”, informa.
A infectologista afirma que uma vez que a PrEP é iniciada, deve-se realizar seguimento clínico e laboratorial do usuário a cada três meses.
“Sobretudo no início do uso da PrEP, recomenda-se uma avaliação em um intervalo mais curto, com primeiro retorno em 30 dias para verificar a adesão e eventos adversos e, só então, passar para o seguimento trimestral. Já o seguimento laboratorial da PEP, a princípio, será feito na 4ª e na 12ª semana, após o início do esquema e da avaliação inicial.”
“Para diminuir os riscos do HIV/Aids e ISTs, é essencial adotar estratégias integradas, como a promoção da educação sexual, o incentivo ao uso consistente de preservativos e a ampliação da testagem regular, reforçando uma abordagem de prevenção combinada que maximize a eficácia das ferramentas disponíveis para reduzir a incidência de novos casos”, esclarece a professora da Afya Jaboatão.
BRASIL
No país, os medicamentos para a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e PEP (Profilaxia Pós-Exposição) são disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A população pode acessá-los nos seguintes locais: Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), Serviços de Atenção Especializada (SAE) em HIV/AIDS, algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS), especialmente em cidades maiores, e hospitais de referência em infectologia.
É necessário realizar uma consulta para avaliação médica e exames de rotina antes de iniciar o tratamento. Após o início, o acompanhamento regular é indispensável.
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