Novos tratamentos para doenças do intestino
Medicamentos orais e uso do ultrassom são algumas novidades que têm se mostrado mais eficazes, segundo especialistas
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Médicos do Espírito Santo, do Brasil e do mundo estão reunidos em Vitória para apresentar e discutir o que há de mais novo no tratamento e prevenção de doenças que atingem o aparelho digestivo.
O congresso, que terminou no sábado (17), abordou temas que vão desde a relação entre o cérebro e o intestino até transplante hepático e doenças que atingem o aparelho digestivo – como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.
Para os especialistas do Estado, o encontro é uma oportunidade de trocar experiências e aperfeiçoar o atendimento aos pacientes capixabas, que estão procurando cada vez mais novos tratamentos.
Isto porque, segundo levantamentos recentes, o Espírito Santo é o quarto estado do País com mais casos confirmados de doenças inflamatórias crônicas.
De acordo com especialistas, neste cenário, a busca por tratamentos de alta efetividade e que proporcionem maior qualidade de vida é essencial – e alguns deles já estão disponíveis para pacientes do Estado.
“Até então, o que tínhamos de terapia avançada eram apenas medicamentos injetáveis, na veia ou subcutâneo. Agora, temos dois novos comprimidos, o que é muito mais confortável para os pacientes”, explica o gastroenterologista Fabiano Quarto Martins.
Os novos tratamentos, segundo o especialista, são mais baratos que os medicamentos injetáveis, o que pode facilitar o acesso dos pacientes.
Além do menor custo e a facilidade de um tratamento oral, os novos medicamentos também se demonstram mais eficazes: de acordo com estudos, as taxas de melhora clínica completa dos pacientes que utilizaram o medicamento variam entre 50% e 60%.
Há novidades também no acompanhamento das inflamações no aparelho digestivo. No Estado, inclusive na rede pública de saúde, pacientes têm acesso ao método do ultrassom, sem a necessidade de realização de colonoscopia.
“Com um ultrassom à beira-leito, ou no consultório mesmo, a gente consegue avaliar essas inflamações, o que diminui tempo, custo e até mesmo a exposição do paciente a outros riscos”, explica o também gastroenterologista Felipe Bertollo.
Fique por dentro
Doenças inflamatórias intestinais
O Espírito Santo é o quarto estado do País com mais casos de doenças inflamatórias intestinais a cada 100 mil habitantes.
As principais doenças crônicas que atingem o aparelho digestivo são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.
Entre os sintomas estão dores abdominais e alteração do hábito intestinal como diarreia ou constipação, nas formas mais leves das doenças, e dores intensas, sangramentos retais, perda de peso repentina, cansaço ou fraqueza e até aftas nos casos mais graves.
As doenças costumam afetar mais pacientes jovens, em fase ativa, principalmente a partir dos 30 ou 40 anos, mas também ocorrem em crianças e idosos.
A causa exata da doença inflamatória intestinal não é esclarecida. No entanto, especialistas acreditam que ela ocorre devido a fatores genéticos, uma vez que é mais comum em pessoas que têm histórico familiar.
Tratamentos
A terapia convencional oral para doenças inflamatórias intestinais apresenta taxa de melhora clínica (controle dos sintomas) em torno de 20 a 30% dos pacientes.
A terapia injetável é realizada via intravenosa ou subcutânea e apresenta 50% de resposta completa da doença, com melhora clínica de até 90% dos pacientes.
Os novos medicamentos orais, disponíveis há poucos meses, apresentam resposta completa contra a doença em mais de 50% dos casos.
O custo do novo tratamento oral é menor comparado ao injetáveis.
Prevenção
Para especialistas, manter hábitos saudáveis é a principal forma de prevenir, bem como estimular o sistema imunológico através do contato com a natureza.
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