Nevoeiro e fumaça agravam doenças, dizem médicos
Especialistas explicam que a fumaça pode levar a um quadro de inflamação nas vias aéreas, causando tosse persistente e rouquidão
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Com o agravamento das queimadas e o clima seco, o Espírito Santo e outras regiões do Brasil enfrentam um aumento de doenças respiratórias. Especialistas alertam para os impactos do nevoeiro e da fumaça na saúde, especialmente para aqueles com condições preexistentes.
Para Jéssica Polese, pneumologista, é importante o uso de soro fisiológico e sprays para evitar crises alérgicas. “Durante períodos de nevoeiro e fumaça, é essencial manter as vias respiratórias umidificadas. O soro fisiológico pode ajudar a aliviar a irritação nasal, enquanto os sprays podem oferecer alívio adicional para sintomas de alergia”, explica.
Ela reforça que é importante minimizar a exposição ao ar poluído, recomendando manter a casa bem ventilada e com o ar-condicionado ligado.
Já Ciléa Victoria Martins, também pneumologista, alerta para os sintomas graves que podem surgir com a exposição à fumaça. “A fumaça das queimadas pode levar a um quadro de inflamação nas vias aéreas, causando tosse persistente, rouquidão e, em casos mais severos, dificuldades respiratórias”.
Ainda segundo Ciléa, crianças e idosos são os mais vulneráveis e podem necessitar de tratamento intensivo, como ventilação mecânica, se a saturação de oxigênio cair drasticamente.
De acordo com a pneumologista Carla de Castro Bulian, a fumaça das queimadas contém toxinas prejudiciais. “Ela libera compostos como monóxido de carbono e metais pesados, que competem com o oxigênio no sangue e debilitam o sistema imunológico. Isso pode aumentar a suscetibilidade a infecções respiratórias graves”.
A especialista Carla de Castro recomenda medidas preventivas, como manter a casa umidificada, além de seguir com tratamentos para doenças respiratórias existentes. O Espírito Santo registrou um aumento de mais de 150% em incêndios em áreas de vegetação em julho deste ano, com 688 ocorrências atendidas pelos Bombeiros.
“Corredor de fumaça” muda o tempo no Espírito Santo
A fumaça provocada pelos incêndios recordes registrados na Amazônia nos últimos dias já chegou ao Sul e Sudeste do Brasil, conforme a empresa de meteorologia MetSul previu e a Empresa de Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) constatou.
O dia na Grande Vitória amanheceu ontem com pontos altos como Mestre Álvaro, Convento da Penha e Morro da Fonte Grande encobertos. No final da tarde, o mesmo fenômeno foi visível.
As condições meteorológicas criaram um corredor de ventos que transporta a fumaça ao longo de milhares de quilômetros, de Norte a Sul da América do Sul.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) identificou, por meio de satélites, 3.432 focos de calor na Amazônia entre as 21h de domingo e 21 horas da última segunda-feira.
Foi o pior dia de queimadas na Amazônia neste ano, superando os 3.224 focos de calor registrados nesse bioma em 30 de agosto.
A MetSul diz que a fumaça deve ficar em suspensão na atmosfera, sem prejudicar de forma significativa a qualidade do ar.
Por estar na atmosfera, a fumaça deixa o céu com tom mais acinzentado e aspecto fosco, e realça as cores do sol ao amanhecer e no fim da tarde.
SAIBA MAIS
Impacto da fumaça e nevoeiro
> A fumaça das queimadas e o nevoeiro do clima seco estão aumentando as doenças respiratórias.
> A qualidade ruim do ar pode agravar condições como asma e bronquite, levando a crises mais frequentes e intensas.
Cuidados
> O uso de soro fisiológico e sprays é importante para manter as vias respiratórias umidificadas e aliviar sintomas alérgicos.
> Além disso, recomenda-se usar ar-condicionado, tanto do carro quanto de casa, desde que estejam filtrando o ar interno com filtros limpos para reduzir a exposição a poluentes.
Sintomas graves
> Não prevenir pode gerar sintomas graves, como falta de ar e lábios roxos.
> Crianças e idosos são mais vulneráveis e podem precisar de tratamento intensivo.
Efeitos das toxinas
> A fumaça libera toxinas prejudiciais, como monóxido de carbono, que competem com o oxigênio no sangue e enfraquecem o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções.
Aumento de incêndios
> O Espírito Santo registrou um aumento de 150% em incêndios em julho, totalizando 688 ocorrências. Para se proteger, é importante manter a casa umidificada, evitar áreas poluídas e exposições longas à fumaça.
Onda de calor
> O período de estiagem no Espírito Santo pode ganhar ainda mais força neste mês. Isso porque, segundo a Climatempo, uma nova onda de calor chegou ao Estado.
> De acordo com a previsão, uma nova massa de ar quente e seco vai se estabelecer no País, podendo até mesmo ser mais forte do que as duas primeiras registradas no começo deste ano.
> No Espírito Santo, a projeção é que a região Sul registre temperaturas até 5ºC acima da média esperada para este período do ano. Nas outras regiões, são esperadas temperaturas 1ºC acima da média.
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