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Saúde

Médica tira dúvidas sobre febre que assusta o País

Especialista afirma que a febre do Oropouche inclui sintomas como forte dor de cabeça, mialgia, tontura, náuseas e vômitos


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Imagem ilustrativa da imagem Médica tira dúvidas sobre febre que assusta o País
Taynah Repsold diz não há vacina disponível para prevenir a doença |  Foto: Divulgação/Acervo pessoal

São 430 casos confirmados de febre do Oropouche no Espírito Santo. No Brasil, os casos ultrapassam os 7 mil casos, aumento alarmante em relação aos 831 casos do ano passado.

Apesar de ter sido identificada, no Brasil, pela primeira vez em 1960, este ano a doença tomou proporções assustadoras e já casou três mortes no País.

Para tentar esclarecer o que seria a febre do Oropouche, a reportagem conversou com a médica de Família e Comunidade, Taynah Repsold. E as notícias não são animadoras. Segundo a médica, pesquisas recentes indicam que uma nova variante do vírus Oropouche circula em terras brasileiras.

“Essa nova cepa é mais virulenta, com capacidade de replicação mais rápida e evasão do sistema imunológico, o que resultou em aumento significativo no número de casos”, destacou a médica que é mestre e doutoranda em doenças infecciosas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O que é a febre do Oropouche? Como é feito seu diagnóstico?

A febre do Oropouche é uma doença causada pelo vírus Oropouche, um arbovírus transmitido principalmente pela picada de mosquitos contaminados, principalmente da espécie Culicoides paraensis, que é conhecida popularmente como maruim ou mosquito-pólvora.

Outro possível transmissor do agente infeccioso em ambientes urbanos é o Culex quinquefasciatus, chamado comumente de pernilongo ou muriçoca.

O diagnóstico é feito através de testes laboratoriais que detectam a presença do vírus no sangue, durante os primeiros dias de infecção ou pela detecção de anticorpos específicos no soro. Métodos de biologia molecular, como a PCR (reação em cadeia da polimerase), também são usados para identificar o RNA viral.

Quando a doença foi identificada?

A febre do Oropouche foi identificada pela primeira vez em 1955, perto do rio Oropouche em Trinidad e Tobago. Em 1960, cientistas brasileiros identificaram pela primeira vez a presença do vírus da febre Oropouche no País, ao encontrar o patógeno em um bicho-preguiça.

Em 1961, ocorreu o primeiro grande surto em Belém (Pará), infectando cerca de 11 mil pessoas. Desde então, casos e surtos ocasionais têm sido registrados anualmente, principalmente na região Amazônica, além de outros países da América Central e do Sul.

Quais são os principais sintomas?

Os sintomas incluem febre súbita, dor de cabeça de forte intensidade, dor muscular (mialgia), dor articular, dor retro-ocular, tontura, náuseas e vômitos. Em certos casos, os pacientes podem apresentar sensibilidade à luz (fotofobia) e visão dupla (diplopia).

E as complicações que a doença pode causar?

Podem ocorrer complicações, como a meningite asséptica, que é a inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, e encefalite.

Cerca de 70% dos pacientes podem apresentar recorrência dos sintomas até um mês após o início dos sintomas, e cerca de um sexto (15,5%) podem apresentar sinais hemorrágicos, como petéquias (manchas causadas por sangramentos sob a pele), sangramento gengival e uterino, por exemplo.

Quanto tempo a doença permanece no organismo? Já é possível dizer, em longo prazo, quais possíveis sequelas pode haver em indivíduos infectados pelo vírus?

A febre do Oropouche geralmente dura de cinco a sete dias, mas os sintomas podem persistir por várias semanas em alguns casos. Até o momento, não há evidências robustas de sequelas a longo prazo para a maioria dos indivíduos infectados, embora a recuperação completa possa ser lenta, especialmente após complicações neurológicas.

Existe tratamento ou apenas controle dos sintomas?

Atualmente não existe um tratamento específico para a febre do Oropouche. O cuidado com a doença é focado no alívio dos sintomas, com medidas como repouso, hidratação adequada e a administração de analgésicos e antipiréticos. Em situações mais graves, pode ser necessária a hospitalização para oferecer suporte intensivo ao paciente.

Há vacina para a doença?

Atualmente, não existe uma vacina disponível para prevenir a febre do Oropouche.

Como se proteger?

Para se proteger contra a febre do Oropouche, é importante usar repelentes de insetos, evitar áreas com alta concentração de mosquitos sempre que possível, usar roupas que cubram a maior parte do corpo e instalar redes de proteção nas janelas e ao redor das camas. Além disso, é essencial eliminar criadouros de maruins e mosquitos, como recipientes com água parada e folhas acumuladas.

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