Mais de 180 mil pessoas estão acima do peso em Vitória
Pesquisa do Ministério da Saúde aponta que 24,3% dos adultos brasileiros são obesos. No mundo, uma a cada oito pessoas é obesa
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Dia 04 de março foi instituído o Dia Mundial da Obesidade e um dado tem preocupado os médicos: Vitória tem 180 mil moradores acima do peso, somando obesos e com sobrepeso.
O recorte foi feito com base em dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2023, monitoramento anual do Ministério da Saúde.
No Brasil, a proporção considerando a população adulta, é de uma pessoa obesa a cada quatro.
O levantamento aponta que 24,3% dos adultos brasileiros são obesos – percentual que chega a ser de 32,6% entre homens de 45 a 54 anos, quase um a cada três.
Na outra ponta, a proporção mais baixa é entre mulheres de 18 a 24 anos, faixa em que 11,8%, um a cada 10, têm obesidade.
Já um estudo publicado na última semana na revista científica The Lancet e apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revela que mais de um bilhão de pessoas no mundo, um a cada oito, vivem com obesidade.
Preocupação
Para a endocrinologista Camila Pitanga Salim, membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, os dados em relação à obesidade são alarmantes.
“Os números são crescentes e as projeções são muito preocupantes. E o pior: a tendência é que os números continuem aumentando”.
Segundo ela, a obesidade vem aumentando em todas as faixas etárias e sexo. “Inclusive em crianças e adolescentes os números são cada vez mais frequentes”.
A nutróloga Sandra Fernandes concorda que os dados são muito preocupantes. “A obesidade aumenta a hipertensão, diabetes, dislipidemia (caracterizada pela presença de níveis elevados de gorduras) no sangue, doenças osteoarticular e depressão, aumentando a busca por serviços de saúde e absenteísmo (falta) do trabalho”.
O diagnóstico leva em consideração a condição multifatorial da doença e, por essa razão, não há um exame único que vai comprovar a condição.
Em geral, os médicos podem solicitar exames de sangue e imagem para verificar se já há alterações em relação à taxa de glicose, triglicérides e colesterol no sangue, fazer a medição da pressão arterial e buscar por sinais de acúmulo de gordura nos órgãos e na região abdominal.
Outros fatores devem ser considerados, como histórico familiar, hábitos de vida e outros distúrbios psicológicos que o paciente possa relatar para confirmar o diagnóstico. Além de todos esses métodos de avaliação, os profissionais da saúde também podem fazer um cálculo do percentual de gordura corporal por meio da bioimpedância.
“Precisava mudar”
Há dois anos e meio, o empreendedor Francisco de Lucas Claro de Souza Mügschl, de 26 anos, começou no Cross Training e percebe a diferença.
“Quando eu saí de 68 quilos para 85 quilos decidi que precisava mudar. Cerca de 1 ano e meio, voltei para o meu peso e agora estou em processo de aumentar a massa muscular”.
Sua educadora física, Adeane Freitas, fala da importância da atividade física nesse processo. “Nossos alunos estão conseguindo obter bons resultados”.
Ranking de obesidade e excesso de peso, respectivamente, no país e nas capitais
Brasil: 24,3% e 61,4%;
Macapá: 30,4% e 61,9%;
Porto Alegre: 28,3% e 62,4%;
Fortaleza: 27,7% e 63,3%;
Cuiabá: 27,2% e 61,6%;
Campo Grande: 27% e 62,8%;
Manaus: 27% e 63,5%;
Recife: 26,3% e 60%;
Rio de Janeiro: 26,2% e 65,2%;
Rio Branco: 26,1% e 60,6%;
Belém: 25,7% e 63,4%;
Salvador: 25,6% e 61,7%;
Aracaju: 25% e 62,9%;
Boa Vista: 24,9% e 58%;
Curitiba: 24,5% e 60,3%;
São Paulo: 24,3% e 63%;
João Pessoa: 22,4% e 57,6%;
Florianópolis: 21,9% e 56,8%;
Natal: 21,9% e 61,2%;
Distrito Federal: 21,9% e 60,3%;
Porto Velho: 21,8% e 55,7%;
Maceió: 21,2% e 57,7%;
Teresina: 20,8% e 50%;
Belo Horizonte: 20,7% e 57,9%;
Palmas: 19% e 50,4%;
Vitória: 19% e 56,1%;
São Luís: 18,5% e 51,9%;
Goiânia: 17,7% e 55%.
Tire as dúvidas
1- O que diferencia a obesidade do sobrepeso?
A obesidade é diferenciada do sobrepeso quando o acúmulo de tecido adiposo (gordura) provoca alguma disfunção em outros órgãos ou afeta atividades cotidianas do paciente, como locomoção, sono, estudar e trabalhar.
2- Quais são as causas?
São muitas as causas da obesidade, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Em uma pessoa geneticamente predisposta, os maus hábitos alimentares e sedentarismo precipitarão o desenvolvimento da obesidade.
Outros fatores que contribuem para o sobrepeso são: tabagismo, transtornos mentais — depressão e ansiedade podem ter uma influência negativa sobre o aumento de peso— e psicológicos — como a compulsão alimentar, por exemplo.
Além disso, existe ainda um componente genético que pode contribuir para uma predisposição ao sobrepeso e à obesidade.
3- Quais são os principais sintomas?
Apneia do sono, acúmulo de gordura no fígado (também chamada esteatose hepática), diabetes, colesterol e triglicérides elevados, hipertensão e ainda risco para doenças cardiovasculares, como AVCs (acidentes vasculares cerebrais) e infartos.
Os pacientes com obesidade podem apresentar depressão, ansiedade, piora generalizada na saúde mental, isolamento e solidão, além de causar infertilidade e alguns tipos de cânceres.
4- Como é possível vencer o excesso de peso?
É possível vencer, mas não é uma tarefa fácil. Ao contrário, exige determinação e esforço contínuo, motivação renovada, implica em mudanças de hábitos e estilo de vida.
Mas, na hora de pensar em perder peso, procure um especialista, como sugere a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Tenha uma alimentação equilibrada e variada, rica em legumes, cereais integrais, frutas e peixes.
Reduza os alimentos com açúcar e as gorduras saturadas, presentes sobretudo nas gorduras processadas industrialmente (hidrogenadas), carnes vermelhas, manteiga, e laticínios gordos, além de praticar exercícios físicos regularmente.
5- Quais são os fatores de risco para obesos e pessoas que estão acima do peso?
Diabetes, gordura no fígado, que pode se transformar em cirrose e até chegar a indicação de transplante de fígado, problemas osteoarticulares, infarto, AVC, aumento do risco de câncer de mama, próstata e de intestino, além do aumento do risco de morte precoce.
Além disso, médicos afirmam que o paciente portador de obesidade não é culpado da doença que possui e precisa ser acolhido e cuidado.
6- Qual a média de perda de peso quando o paciente associa exercícios e dieta equilibrada?
Os resultados são individuais. A resposta aos diversos tipos de tratamentos, seja dietas, medicamentos e cirurgia são sempre individuais.
Por isso, médicos falam sobre a a importância de um acompanhamento com especialista em obesidade para que se tenha o seguimento e a avaliação da resposta de cada paciente.
Fonte: Pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde, Folhapress, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e entrevistados.
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