Exame de sangue que aponta Alzheimer pode chegar ao país em um mês
Nova tecnologia usa 1 ml de sangue do paciente. A promessa é diagnosticar a doença de forma menos invasiva
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Apenas 1 ml de sangue, retirado do braço, é o necessário para fazer um novo exame que visa a detectar alterações em biomarcadores da doença de Alzheimer. A tecnologia já deve ser testada no Brasil em um mês.
Os resultados foram apresentados na Conferência Internacional da Associação do Alzheimer (AAIC 2023), em Amsterdã, Holanda, neste mês. O patologista clínico Hélio Magarinos Torres Filho, diretor médico do laboratório Richet Medicina & Diagnóstico, esteve na conferência.
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O especialista explica que as proteínas chamadas de beta-amiloides estão relacionadas ao Al zheimer, por se depositarem nas terminações dos neurônios e diminuírem as funções cognitivas.
“Até há alguns anos, só era possível fazer a dosagem dessas proteínas em amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR), obtido por punção lombar, que é um procedimento invasivo. Isso porque a quantidade dessas proteínas no sangue é muito baixa para ser medida”, afirma o diretor.
Hélio Magarinos observa que, por meio do desenvolvimento de metodologias mais sensíveis, agora é possível medir no sangue.
“Uma das proteínas que tem sido mais estudada é a pTAU-181, que, quando aumentada no sangue, está relacionada a casos de doença de Alzheimer, tornando o teste mais simples e menos invasivo”.
O especialista explica que, juntamente com dados clínicos e outros exames como a ressonância magnética e o PET-CT amiloide (usado para estimar a densidade da placa beta-amiloide no cérebro, que é um indicador da doença de Alzheimer), fica mais fácil e preciso o diagnóstico do Alzheimer.
A neurologista Mariana Grenfell, do Hospital Meridional, destaca que entre os sintomas da doença está perda de memória, perda da funcionalidade, deixando de fazer atividades que realizava antes e, em alguns casos, agressividade.
“O exame de sangue vai ficar para os casos mais iniciais, para iniciar o tratamento de forma precoce”.
A geriatra do Hospital Meridional Yara Zuchetto Nippes lembra que “um diagnóstico precoce favorece ao indivíduo e a seus familiares a oportunidade de tomada de decisões de forma antecipatória, desde relacionadas a ele mesmo, relacionadas à perda de autonomia até a orientações jurídicas”.
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