ES tem 816 mortes por infarto em 2025
No Brasil, as doenças cardiovasculares matam uma pessoa a cada 90 segundos. Médicos reforçam a importância da prevenção

Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares – com destaque para o infarto – continuam sendo a principal causa de mortalidade no Brasil. No Espírito Santo, apenas no primeiro semestre deste ano, 816 pessoas morreram de infarto.
No Brasil, as doenças cardiovasculares matam uma pessoa a cada 90 segundos. São mais de 1.100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou no Estado 1.756 internações por infarto entre janeiro e junho. Em todo o ano de 2024, foram 3.419 internações e 2.405 mortes e, em 2023, foram contabilizadas 3.441 internações e 1.929 mortes.
Os dados foram obtidos pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) junto à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Justamente por causa do número de mortes, que chamam atenção de especialistas, este mês, chamado de Setembro Vermelho, é dedicado a conscientização sobre as doenças cardiovasculares.
“Essas doenças são multifatoriais, o principal mecanismo é entupimento das artérias, mas não é só isso. Se pensarmos que a população está cada vez mais envelhecendo, então, quem vive mais tem mais chance de ser afetado por essas doenças. Por isso, devemos evitar sempre os fatores de risco, que são hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade e sedentarismo”, destaca o cardiologista Emílio Junior.
O cardiologista Bruno Ceotto, da Cardiodiagnóstico, destaca ainda que, além dos fatores já conhecidos, aspectos mais abrangentes como poluição atmosférica, exposição a conservantes químicos, alimentos ultraprocessados, distúrbios do sono e estresse crônico também têm impacto no coração.
“Estudos recentes mostram, por exemplo, que a apneia do sono e a exposição prolongada a poluentes urbanos aumentam significativamente o risco de infarto e arritmias. Isso reforça a importância de olhar não só para os exames convencionais, mas também para o estilo de vida”.
Uma das formas de evitar mortes pela doença, segundo a gerente-geral de Operações da ONA, Gilvane Lolato, é a adoção de protocolos que auxiliam os profissionais a reconhecerem rapidamente os sinais e sintomas do infarto.
“Dizemos que cada minuto é vida. O papel da Acreditação é levar padrões para dentro das instituições e fazer com que as organizações de saúde se responsabilizem para ‘além das paredes’ hospitalares. É educar a população para saber o sinal que possa ser um infarto e o momento certo de procurar um serviço de saúde”.
Pressão alta aumenta chances de adoecer
Um dos fatores de risco para o infarto e acidente vascular cerebral (AVC) é a hipertensão arterial (pressão alta). O problema atinge cerca de 30% da população brasileira, de acordo com o Ministério da Saúde.
Segundo o cardiologista Bruno Ceotto, da Cardiodiagnóstico, a pressão alta não controlada provoca um desgaste silencioso nas artérias, favorecendo o acúmulo de placas e aumentando a chance de obstruções que levam ao infarto e ao AVC.
“Hoje sabemos que há uma relação linear entre a elevação da pressão arterial e o risco cardiovascular, de modo que mesmo os valores considerados ‘limítrofes’ já aumentam de forma progressiva a probabilidade de eventos”, alerta.
Segundo o médico, isso reforça a importância de identificar precocemente situações como a “hipertensão mascarada”, comum em pessoas jovens e ativas.
“Se não tratada, a pressão elevada pode causar lesões no coração, nos rins, no cérebro e na retina, comprometendo não só a expectativa, mas também a qualidade de vida”, ressalta.
Da população que sabe que tem hipertensão, apenas um terço, segundo o cardiologista Emílio Junior, trata adequadamente.
“Falhamos um pouco nisso, em rastreio e diagnóstico. A hipertensão que anuncia essas doenças (AVC e infarto), ela é por vezes assintomática, por isso, muitas vezes, só é diagnosticada com uma doença mais grave ou quando está com alguma complicação. Assim como fazemos revisão da nossa casa e do carro, cuidar da saúde também é importante”.
Saiba mais
Doenças cardiovasculares
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022, estimam que 19,8 milhões de pessoas morreram em decorrência de doenças cardiovasculares, o que representa aproximadamente 32% de todas as mortes no mundo. Desses óbitos, 85% foram causados por infarto e acidente vascular cerebral (AVC), sendo que mais de três quartos ocorreram em países de baixa e média renda.
Infarto
Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que, no primeiro semestre de 2025, foram registrados 1,6 milhão de atendimentos ambulatoriais relacionados ao infarto. Em 2024, esse número foi de 2,9 milhões, e em 2023, 2,6 milhões.
No que se refere aos procedimentos hospitalares, foram realizados 93.257 mil no primeiro semestre de 2025, 177,7 mil em 2024 e 168,8 mil em 2023. Já as mortes por infarto somaram 94.008 mil em 2023 e 93.641 mil em 2024.
AVC
Entre 2023 e junho de 2025, o Ministério da Saúde investiu R$ 949,2 milhões para custear procedimentos ambulatoriais e hospitalares nos casos de AVC.
Em 2024, foram computados 196,3 mil atendimentos hospitalares e 1 milhão de atendimentos ambulatoriais.
Em 2023, foram contabilizados 196,5 mil atendimentos hospitalares e 853,4 mil ambulatoriais.
Sintomas
Infarto: dor ou desconforto na região peitoral, podendo irradiar para as costas, rosto, braço esquerdo e, raramente, braço direito. Essa dor costuma ser intensa e prolongada, acompanhada de sensação de peso ou aperto sobre o tórax, provocando suor frio, palidez, falta de ar e sensação de desmaio.
AVC: confusão mental, alteração da fala ou compreensão, alteração na visão (em um ou ambos os olhos), dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente, alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar e fraqueza ou formigamento em um lado do corpo (rosto, braço ou perna).
Fonte: Organização Nacional de Acreditação (ONA) e Ministério da Saúde.
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