Conselho Regional defende venda de peeling de fenol só para médicos
Presidente do Conselho Regional alerta sobre o perigo da venda do produto pela internet. Nesta terça, a Anvisa publicou uma medida cautelar
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Em um intervalo de 17 dias, duas pessoas morreram após serem submetidas a “peeling de fenol”. As vítimas são um empresário, de 27 anos, de São Paulo, e uma promotora de vendas, de 39, que morava em Vitória.
Diferente do empresário Henrique Silva Chagas, que fez o procedimento em uma clínica de estética e morreu horas depois, a promotora de vendas teria comprado o produto pela internet e feito o uso da substância no rosto, em sua própria residência.
Esses e outros casos levaram o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) a defenderem a venda do peeling de fenol e de outras substâncias usadas em procedimentos estéticos só para médicos.
Presidente do CRM-ES, Fernando Tonelli lembra que o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) entrou na última sexta-feira com uma ação na Justiça para pedir que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíba a venda de substâncias químicas à base de fenol para quem não for médico.
A Anvisa também deve explicar quais são as condições atuais para a venda do produto e se há algum controle ou registro quanto à distribuição de substâncias químicas à base de fenol para leigos.
Fernando Tonelli alerta sobre o perigo da venda do produto pela internet. Para ele, é preciso dificultar ao máximo a venda desses materiais.
“Não é só o fenol. Vou dar outro exemplo, que é o botox, e a questão dos preenchimentos com ácido hialurônico. Tem vários profissionais que não têm o mínimo de habilitação, não sabem os possíveis efeitos colaterais e mesmo quando sabem, não conseguem revertê-los em um evento adverso que pode acontecer. Por isso existe a legislação do ato médico, para a proteção da sociedade”.
Quanto aos pacientes que pretendem fazer um procedimento estético, ele orienta que façam uma averiguação antes. “É importante acessar o site do Conselho, verificar a qualificação daquele profissional, se ele realmente é um médico e se tem registro de qualificação”.
Para isso, basta clicar no endereço www.crmes.org.br, no link servicos, na sequência cidadãos e, por fim, busca médico.
A reportagem de A Tribuna entrou em contato ontem com a Anvisa, mas até o fechamento da edição não teve retorno.
Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta terça-feira (25) uma resolução que proíbe a importação, fabricação, manipulação, comercialização, propaganda e uso de produtos à base de fenol (ácido carbólico) em procedimentos de saúde em geral ou estéticos.
Segundo a entidade, não foram apresentados à agência estudos que comprovem a eficácia e segurança do produto para uso nesses procedimentos.
A determinação é temporária e fica vigente enquanto são conduzidas as investigações sobre os potenciais danos associados ao uso desta substância química, que vem sendo utilizada em diversos procedimentos invasivos.
Em nota, a Anvisa afirmou que "a medida cautelar foi motivada por preocupações com os impactos negativos na saúde das pessoas".
Entenda
O que é peeling de fenol?
É um procedimento invasivo em que é aplicado um composto orgânico sobre a pele, capaz de penetrar em camadas mais profundas provocando uma reação inflamatória na pele.
Essa inflamação causa uma queimadura controlada do tecido para reduzir manchas, cicatrizes e marcas do tempo a partir da renovação das células.
Cuidados antes do procedimento
Antes de se submeter a qualquer procedimento clínico, a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que o paciente busque a orientação de um dermatologista.
Este profissional está capacitado para preparar a pele, avaliar adequadamente suas condições e indicar a melhor abordagem individualizada para cada caso, além de orientar sobre os cuidados necessários para evitar as possíveis complicações.
Para que o peeling de fenol seja realizado com segurança, é necessário que o paciente faça previamente todos os exames laboratoriais e eletrocardiograma e, durante o procedimento, o especialista deve garantir o monitoramento cardíaco do paciente.
Quando é indicado?
A Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta que esse procedimento é especialmente indicado para tratar casos de envelhecimento facial severo, caracterizados por rugas profundas e textura da pele consideravelmente comprometida.
Como é a recuperação?
A cicatrização ocorre entre 7 e 10 dias, período em que o paciente deve ficar afastado de suas atividades, como destaca a dermatologista Bárbara Heliodora Porto.
A avaliação pelo médico deve ser diária para evitar complicações e sequelas.
Já o retorno da pigmentação normal da pele ocorre cerca de três meses depois. Nesse período, segundo ela, é comum a presença de uma coloração escura, que pode ser coberta por maquiagem, já sendo possível o retorno às atividades cotidianas.
Há contraindicação?
Médicas alertaram que o procedimento é contraindicado para pessoas que têm problemas em órgãos como rins e fígado, em razão do alto grau de toxicidade renal ou hepática. Também não é indicado para quem tem problemas cardíacos.
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