Casos graves de gripe já mataram 35 pessoas este ano
Número, do primeiro semestre, é o dobro do registrado no mesmo período de 2023. Casos confirmados aumentaram 35%
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Assim como todos os anos, é só a temperatura cair que os quadros gripais disparam. Mas, em 2024, o aumento dos casos mais graves tem preocupado médicos e especialistas.
O número de mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), causada pela influenza (gripe), mais que dobrou até a 25ª semana deste ano, se comparado ao ano passado. Em 2024, até 22 de junho, foram registradas 35 mortes. Já em 2023, no mesmo período, 16 morreram com quadros de síndrome respiratória, provocada pela influenza.
Os dados da Secretaria da Saúde (Sesa) apontam que, no comparativo entre as semanas epidemiológicas 25 dos anos de 2023 e 2024, tem-se um aumento de 34,9% no casos confirmados de SRAG por influenza no Estado.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis, Danielle Grillo, explicou que a maior parte das mortes (70%) é de idosos com alguma comorbidade.
Ela ainda aponta que vários fatores contribuem para esse crescimento. “Um deles é que estamos em plena sazonalidade do vírus influenza. Neste período de inverno, há realmente aumento de casos. Além disso, temos uma baixa adesão à vacinação, principalmente quando falamos de grupos mais vulneráveis a complicações.”
A médica pneumologista Jessica Polese explicou que a SRAG é uma condição normalmente causada por uma virose, sendo os mais comuns a influenza, o vírus sincicial respiratório (VSR) e a Covid-19.
A pneumologista Carla Bulian destacou que os quadros que evoluem para a piora severa são geralmente de pessoas nos chamados extremos de idade, ou seja, idoso ou crianças.
Entre os sinais de agravamento, em que é preciso buscar atendimento médico, estão febre ou tosse persistente. “No caso dos mais idosos, a dor no corpo, prostração, dificuldade em se alimentar e falta de ar são sintomas que precisam de atenção.”
Já em crianças, os sinais incluem cansaço, lábios arroxeados e peito arfando, entre outros.
Unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilizam a vacina à população. Uma delas é a de Jardim Camburi, Vitória, como mostra a enfermeira Patricia Nascimento Rauta Ramos.
Vacinação abaixo da meta
Mesmo com o aumento do número de casos de síndrome respiratória aguda grave, a vacinação contra a influenza no Estado ainda está longe de atingir a meta para os grupos prioritários, também de maior risco.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis, Danielle Grillo, afirmou que o Estado é o segundo do País no ranking da cobertura vacinal, mas só chegou a 52,5% do grupo prioritário, que incluem idosos, crianças, indígenas, grávidas e mulheres após o parto. A meta é alcançar 90%.
Com a vacinação liberada para todos acima dos seis meses, ela frisou ser importante que as pessoas busquem a imunização. “Quanto mais pessoas se vacinarem, você diminui a circulação do vírus influenza e, consequentemente, beneficia, além de a si próprio, aquelas pessoas também que são mais vulneráveis, que porventura não tomaram a vacina. A partir da vacinação, em 15 anos é o tempo para a pessoa estar imunizada. O objetivo é justamente evitar as formas graves da gripe”.
A médica pneumologista Jessica Polese ressaltou a importância da vacinação para prevenção de casos graves. “Temos hoje várias vacinas para pneumonia, para vírus sincicial respiratório, para a Covid-19 e para a influenza. Os imunizantes são eficazes nos quadros respiratórios e altamente indicados para idosos.”
Saiba mais
Síndrome respiratória aguda Grave (SRAG)
É uma condição causada pelo agravamento de síndromes respiratórias, como a influenza (gripe), Covi-19 ou vírus sinsicial respiratório.
Pacientes com esse quadro apresentam geralmente grande dificuldade de respirar, baixa oxigenação no sangue e lesões nos alvéolos (sacos de ar nos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas).
Nesse caso, há necessidade de internação do paciente. Se não tratado, o paciente pode evoluir para morte.
Sintomas
A SRAG é marcada por dificuldade para respirar, sensação de peso no peito e lábios arroxeados. Pode trazer febre e perda de apetite.
Causas
A SRAG geralmente é resultado de uma infecção viral, como gripe ou Covid-19. No entanto, pode ser consequência de doenças bacterianas ou fúngicas que afetam a respiração.
Prevenção
O principal método de prevenção da SRAG é a vacinação contra doenças que podem levar a esse quadro, como a gripe e a Covid-19.
Também deve ser evitado o contato próximo com pessoas com infecções respiratórias.
Aumento de casos este ano
O último Boletim InfoGripe, da Fiocruz, aponta que 10 estados apresentam sinal de crescimento de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), incluindo o Espírito Santo.
A Fiocruz destaca que o atual aumento de SRAG no país é decorrente fundamentalmente dos vírus influenza A, vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus.
No Espírito Santo
- Dados de janeiro a junho (até a 25ª semana epidemiológica)
2023 - 2024
Casos notificados: 2.362 - 2.454
Casos confirmados: 272 - 367
Mortes: 16 - 35
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