Alerta da Anvisa: superfungo resistente a remédios é nova ameaça
Batizado de Candida auris, microrganismo já fez ao menos quatro vítimas no País. Há risco de infecções invasivas e até morte
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Representando “uma grave ameaça à saúde global”, como alerta a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a presença do superfungo chamado de Candida auris já foi registrada no País neste ano.
Até o momento, quatro casos foram confirmados pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde de Minas Gerais e de Belo Horizonte. Há outros 24 casos suspeitos aguardando resultados de exames.
Dos infectados, dois pacientes já tiveram alta e outros dois seguem internados. O primeiro caso de infecção por superfungo Candida auris em Minas teria sido registrado em um paciente que viajou para a Colômbia – país onde o micro-organismo já foi identificado e que viveu surto em 2016.
Os médicos fazem alerta, já que o superfungo pode causar infecções invasivas, associadas à alta mortalidade, além de ser resistente aos medicamentos.
A infectologista Rubia Miossi, do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que o Candida auris é considerado um superfungo devido à dificuldade de tratamento. “Ele é muito resistente e os antifúngicos que temos pouco funcionam. Há poucas opções de tratamento para ele”.
A médica ressalta ainda que sua classificação como superfungo está relacionada também por sua capacidade de infectar vários e diferentes locais do corpo, especialmente a corrente sanguínea.
Hospitais
Esse fungo, segundo a médica de Família e Comunidade Taynah Repsold, mestre e doutoranda em doenças infecciosas pela Ufes, é mais comumente associado às infecções em ambientes hospitalares, onde encontra condições propícias para sua disseminação.
“Ele é capaz de sobreviver em superfícies e equipamentos médicos, e pode até ser encontrado na pele de pessoas assintomáticas, especialmente em unidades de terapia intensiva (UTIs). Nessas unidades, os pacientes são mais vulneráveis devido ao uso de dispositivos invasivos, como cateteres e ventiladores mecânicos, que facilitam a entrada do fungo no organismo”.
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Candida auris
O fungo, Candida auris, foi identificado pela primeira vez em 2009 no Japão e rapidamente se tornou uma ameaça global, especialmente em ambientes hospitalares, explica a médica de Família e Comunidade Taynah Repsold.
Com capacidade para causar infecções graves e diferente de outras espécies de Candida, ele é altamente resistente a diversas classes de antifúngicos e sobrevive por longos períodos em superfícies hospitalares, resistindo a muitos desinfetantes convencionais.
Sintomas
Variam conforme o local infectado, já que esse fungo pode afetar diversas áreas do corpo, como ouvidos, sistema urinário e pele, além de causar infecções sistêmicas. Assim, os sintomas podem incluir desde febre e calafrios até dor ao urinar e vermelhidão na pele.
Mortalidade
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que o Candida auris é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à saúde global, pois pode causar infecções invasivas, associadas à alta mortalidade, pode ser multirresistente e levar à ocorrência de surtos em serviços de saúde.
A taxa de mortalidade pode ser elevada. As infecções invasivas por qualquer espécie de Candida podem ser fatais. Com base em relatos com número limitado de pacientes, 30% a 60% dos pacientes com infecções de corrente sanguínea por C. auris evoluíram para óbito.
A médica infectologista Ana Carolina D'Ettorres destaca que na população em geral não há necessidade de preocupação.
Os pacientes com maior risco, como ela cita, são aqueles com hospitalização prologanda, em uso de tubos para auxiliar a respiração, sondas alimentares ou sondas urinárias. Também são mais vulneráveis os paciente imunocomprometidos, como aqueles que fazem quimioterapia.
Diagnóstico
É feito por meio de cultura do material, conforme onde há a supeita do possível local, conforme explica a infectologista Rubia Miossi. Por exemplo: se a supeita for no sangue, é feita a cultura no sangue.
Casos em minas gerais
Quatro casos do superfungo Candida auris foram registrados no País, no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Há outros 24 casos suspeitos que aguardam o resultado dos exames.
No Espírito Santo
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio de nota, informou que não há casos confirmados de Candida auris no Espírito Santo.
Surtos
O país já teve 10 surtos de Candida auris. O primeiro foi em 2020, na Bahia, com 15 casos confirmados.
O primeiro relato de caso do Brasil foi de um isolado de ponta de cateter central retirado de um paciente internado em uma UTI adulto, de um hospital privado de Salvador (BA), devido a complicações da covid-19.
Em 2022 foram 48 casos confirmados. Ao todo, de 2020 até agosto do ano passado, foram 78 casos confirmados.
Fonte: Anvisa, Sesa e especialistas consultados na reportagem.
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