Gilson Daniel: “É preciso ter recursos para evitar desastres naturais"
O deputado, relator da proposta sobre o tema disse que ocorrências tendem a ser recorrentes. Ele ainda comentou sobre as eleições deste ano
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O deputado federal e presidente estadual do Podemos, Gilson Daniel foi escolhido, recentemente, relator da chamada PEC dos Desastres Naturais, que reserva 5% das emendas individuais ao Orçamento para o enfrentamento de catástrofes e emergências naturais, a exemplo das que aconteceram no Sul do Estado e no Rio Grande do Sul.
Gilson contou, em entrevista no Estúdio Tribuna Online ao editor-geral Luciano Rangel e ao colunista Eduardo Maia, sobre sua atuação como relator, sobre a relação do governo federal com o Congresso e também a respeito das eleições municipais no Estado.
A Tribuna- O senhor assume a relatoria da PEC dos Desastres Naturais. Qual a importância desse trabalho neste momento de tragédia no Sul do País?
Gilson Daniel- A sociedade cobra do parlamento resposta rápida ao que está acontecendo com os efeitos climáticos. O Rio Grande do Sul é exemplo, mas tivemos no Espírito Santo, caso de Mimoso do Sul.
A PEC destina 5% das emendas individuais para casos de desastres, e é importante para o momento, porque não temos recursos destinados principalmente para prevenção, só para pronta resposta. Então, vem no momento importante, estamos trabalhando para que possa avançar e destinar recurso não só para pronta resposta mas para preparação, mitigação e prevenção, que é a parte que se precisa de recurso.
Como o senhor vê esse tema no Espírito Santo?
Aqui no Estado não é diferente de grande parte do País. As cidades foram construídas em margem de rios e córregos, onde não deveria ter construção. Quando tem chuva intensa como em Mimoso, a água tem de passar, e vai passar onde achar espaço. Vai levando casa, aí é risco para a população.
O que precisamos é fazer a preparação, melhorar a Defesa Civil, ter carreira para eles. É preciso avançar na mitigação, na limpeza desses canais, reduzir volume de águas com barragens e também na prevenção.
No caso dessas chuvas intensas, qual a percepção em relação a ocorrência de desastres como esses?
Há um tempo recente, a gente falava que eram chuvas de 20 anos, hoje a recorrência tem sido ano a ano. Eu visitei o Sul do País, cidades que no ano passado sofreram com alagamentos e perdas de vida.
Essas chuvas têm acontecido com mais recorrência.
Estive com a ministra Marina Silva e ela disse que, no formato que está hoje, naquilo que o País fez de degradação do meio ambiente, essa condição de prevenção terá de ter trabalho forte nos próximos 30 anos para recuperar o que já perdemos. Serão efeitos mais fortes a cada ano.
Como o senhor avalia a convergência entre os parlamentares que compõe a bancada capixaba?
A bancada é muito unida. Temos a coordenação do deputado Da Vitória (PP), muito experiente, faz a coordenação com muito louvor, ele é muito experiente.
Em toda pauta para o Estado a bancada está sempre unida. As demais pautas, relacionadas ao governo, existem os parlamentares governistas e os de oposição. Cada um faz sua defesa. Mas a respeito do Espírito Santo, é muito unida.
Como o senhor avalia o trabalho do governo federal em relação à sustentação política do Congresso?
O governo tem enfrentado dificuldades. As recentes votações mostraram que o governo precisa se mexer, não tem maioria no Congresso. Eles precisam melhorar articulação com o Congresso para votar os projetos para o País. Hoje, (a articulação) não está muito boa.
Vitória é conhecida na política como a vitrine do Estado. O Podemos anunciou a pré-candidatura da Capitã Estéfane (vice-prefeita da capital). O partido pretende ir até o final com ela?
A candidatura da Estéfane está colocada. O Podemos precisa entrar de vez na capital. Ela tem o movimento dela, da parte da cidade em que ela mora, região de São Pedro e Santo Antônio.
É evangélica, tem na cabeça um projeto para Vitória, e o Podemos a abraçou. Queremos que seja candidata. Depende mais dela do que da gente. Para ter condições, ela precisa de um partido, e ela tem isso.
Claro que na política vamos conversar com todo mundo, ela tem feito isso, tenho deixado o protagonismo disso para ela. Queremos candidata mulher em Vitória, vai ser um excelente player para as eleições.
Ainda sobre Vitória, até há alguns meses, o Podemos tinha outro candidato, o ex-secretário de (Estado da) Segurança Alexandre Ramalho. Como foi a saída dele do partido?
O partido sempre esteve à disposição dele em Vitória. Ele esteve com a presidente nacional, Renata Abreu, mas ele tinha interesse em disputar em Vila Velha.
Lá temos o projeto de reeleição de Arnaldinho, então conflitou. O Ramalho, com desejo de disputar em Vila Velha, deixou o partido e foi para o PL. Ele falou comigo que estava fazendo esse movimento, tentamos de toda a forma, mas foi questão pessoal.
A saída foi amigável?
Ele estava no governo Casagrande, que o Podemos faz parte do grupo. Quando sai do partido e vai para a oposição ao governo, que é o PL, ele está deixando tudo que construiu para trás, foi o que aconteceu com a saída. Mas não saiu brigado, tenho boa relação com ele. Tentamos insistir, mas não conseguimos.
O senhor acredita que as forças de centro estarão organizadas nas eleições ou a polarização continuará forte?
Nas municipais a polarização não é tão forte, mas nas cidades maiores às vezes acontece mais. É mais comum na nacional. Eu vejo no Congresso uma disputa grande dessa direita e esquerda, eles querem manter isso vivo, porque é bom para ambos. A gente faz um movimento de centro que tem raciocínio do que é bom da esquerda a gente defende, da direita a gente defende. Essa polarização é uma coisa que prejudica o País.
Recentemente o partido anunciou a intenção do presidente da Assembleia, Marcelo Santos, deixar a sigla. Ele explicou o motivo?
Ele veio para o partido e o recebemos como um ganho. O Podemos ajudou ele na eleição de deputado e ele está presidente da Assembleia, faz grande trabalho. Ele demonstrou a necessidade de deixar o partido, por várias vezes ele falava sobre essa possibilidade, acredito que ele queira ser protagonista de outro projeto político.
Eu disse pra ele que ele deveria estar feliz, e se o Podemos não o atendesse em projetos futuros, não teria problema, mas pedi para ele conversar com Renata Abreu. Eu fiz a carta para ele, entreguei a liberação para que ele busque o melhor caminho, é amigo pessoal meu. Foi uma coisa muito amigável, não teve problema.
Quem é
Gilson Daniel
O deputado federal exerce seu primeiro mandato na Câmara. Prefeito de Viana por duas vezes.
Gilson também exerceu cargos no governo do Estado. Foi secretário de governo, além de secretário de Economia e Planejamento.
Já foi presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes). Considerado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM)como o deputado mais municipalista do País.
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