Pernambuco é o segundo estado do Nordeste com mais candidatos religiosos

Em termos de distribuição geográfica, o Nordeste lidera com 2.952 candidaturas (36,87%) |  Foto: Divulgação

Nas eleições municipais de 2024, o perfil das candidaturas com afiliações religiosas em Pernambuco reflete um crescimento expressivo de representantes vinculados a tradições religiosas. O estado conta com 679 candidaturas cujos nomes de urna possuem referências religiosas, o que representa 8,48% de todas as candidaturas desse tipo no Brasil.

Pernambuco ocupa o segundo lugar no ranking de candidaturas religiosas do Nordeste e o quarto do Brasil, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Isso representa um desafio para quem deseja ingressar na política sem fazer uso de referências religiosas.

Candidaturas religiosas no Brasil

No país, há 8.006 candidaturas que usam termos religiosos nos nomes de urna. Em termos de distribuição geográfica, o Nordeste lidera com 2.952 candidaturas (36,87%), seguido pelo Sudeste com 2.492 (31,12%). As regiões Norte, Sul e Centro-Oeste apresentam, respectivamente, 1.145 (14,30%), 711 (8,88%) e 706 (8,81%) candidaturas.

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O perfil religioso das candidaturas em Pernambuco e no Nordeste segue a tendência nacional, com forte predominância de candidatos evangélicos, especialmente aqueles que utilizam o título "pastor" nos nomes de urna, o que corresponde a 52,64% dos candidatos religiosos no Brasil. Isso ressalta o papel cada vez mais relevante da religião, particularmente das denominações evangélicas, no cenário político.

Diante desse panorama, Pernambuco se destaca como um estado onde a religiosidade tem forte influência na composição eleitoral, refletindo as dinâmicas nacionais.

A fé para fins políticos

O estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) critica o crescente uso da religião na política, especialmente por candidatos ligados à direita. Essa instrumentalização da fé para alcançar poder político contraria o princípio constitucional do Estado laico, garantido pela Constituição Federal de 1988.

Em especial, o levantamento aponta que as igrejas evangélicas têm se destacado nesse processo, com termos como "Pastor" e "Irmão" usados estrategicamente nos nomes de urna para reforçar a identidade religiosa dos candidatos. O estudo revela que 70,31% dos candidatos que declararam ocupação religiosa pertencem a partidos de direita, demonstrando que a instrumentalização da religião é predominantemente voltada para esse espectro ideológico.

Além disso, o estudo alerta para a perpetuação de discursos de extrema-direita, muitas vezes homofóbicos e misóginos, associados ao trinômio "Deus, pátria e família". Isso fortalece pautas conservadoras e pode representar retrocessos no acesso a direitos humanos, motivo de preocupação para os autores do relatório.